Estas são as apps de viagem que eu uso. É uma escolha pessoal, quer no tipo de funções quer nas que escolhi dentro de cada função. Como sou utilizador de telemóvel Android, são todas para este sistema operativo.
1 – Currency Converter
Quando viajamos para fora da zona Euro, a conversão de dinheiro torna-se uma preocupação e é importante termos uma forma rápida e eficiente de transformarmos valores na moeda local na nossa própria moeda, e em algumas situações, o oposto. É aqui que o nosso telemóvel pode ajudar, por andar sempre connosco e ser facilmente manipulado, mas para isso é necessário uma aplicação (app) de conversão.
Quando tive o primeiro smartphone, experimentei uma série de apps deste tipo, inclusive esta XE Currency, que não me convenceu. Passei à frente, instalei outra qualquer mas nunca fiquei 100% satisfeito. Há relativamente pouco tempo resolvi dar uma segunda oportunidade à app da XE e desta vez sim, gostei e fiquei convencido.
Quando se instala o conversor, caso o equipamento tenha acesso à Internet, o software vai fazer o download de uma tabela de valores de câmbio actualizado e de cada vez que estiver ligado essa informação é refrescada. Pode usar sempre sem acesso à Internet, mas nesse caso sem a garantia de valores fresquinhos.
Pode escolher uma série de moedas, que serão colocadas numa lista, toda bonita, com a bandeira do país, o símbolo da moeda e um valor, que corresponderá à conversão em relação à quantia introduzida para a moeda de referência, que o utilizador escolherá. Por exemplo, se estivermos na Tailândia, a moeda de referência em princípio será o Baht. Se andarmos pela região, talvez visitemos outros países, que farão parte da nossa lista na app: Cambodja, Vietnam, Laos (por exemplo), assim como a nossa própria moeda, o Euro. Assim, quando colocarmos um valor na moeda de referência (Baht) a um só tempo vamos ver a conversão nas moedas do Cambodja, Vietnam, Laos e Euro. Se quisermos mudar, basta um click e temos uma nova moeda de referência. Também se podem reordenar as moedas na lista com simples toque e arrasto da respectiva linha. Como bónus, ao inserir-se o valor a converter, temos acesso a uma funcional calculadora.
Existem funções adicionais, mas sem grande valor para o viajante, como gráficos com evoluções cambiais.
Esta app é útil não só para calcular os preços do dia a dia, nos supermercados, restaurantes e coisas assim, mas também na hora de trocar dinheiro. Já sabemos que o XE é uma referência. O resultado não tem de ser exactamente igual, raramente o é. Mas dá para ter uma ideia se estamos a perder muito em relação ao valor justo ou se pelo contrário é um bom negócio (às vezes acontece).
Existem duas versões desta app, uma de utilização totalmente gratuita, mas que vai apresentando pequenos painéis publicitários, e outra, que custa 1,66 Eur que teoricamente não devia ter publicidade mas que tem levantado polémica porque apesar de paga vai mostrando promoções da companhia, ou seja, publicidade própria.
2 – Google Translate
Comunicar com quem encontramos em viagem é um dos principais problemas e ao mesmo dos maiores prazeres. Pelo menos para mim. É excelente quando posso falar sem entraves, como sucede nos países onde a utilização de inglês é comum, e mais ainda onde se fala o português ou o espanhol. Mas noutros países a mais básica das comunicações pode ser um problema. É então que o Google Translate vem em nosso auxílio.
Já há muito que o Google Translate é uma referência na web na hora de traduzir qualquer coisa. Mas a chegada ao mundo das apps veio oferecer esse poder de forma muito móvel, ideal para o viajante.
O interface é simples: de um lado um espaço para inserir a frase ou palavra que se pretende traduzir, e do outro uma área onde surgirá a tradução. A escolha de línguas pode ser automática ou manual e com um toque no screen são invertidas. Pode-se simplesmente falar para o microfone e obter a tradução escrita ou vocalizada.
Bem, este é o primeiro nível de utilização, o mais simples, o primeiro a surgir. Porque com o tempo os criadores do Google Translate foram adicionando novas possibilidades. Uma delas é a possibilidade de fotografar algo escrito e obter uma tradução através do sistema OCR (reconhecimento de caracteres) do software. Contudo, para esta feature funcionar, é necessário que o smartphone esteja online. Ideal para traduzir menus de restaurante ou legendas de museus.
A funcionalidade mais recente permite a vocalização de uma conversa. Falamos na nossa língua para o telefone e ele oferece a tradução escrita e falada para o idioma escolhido. Pode ser impressão mas fiquei com a ideia que este conceito ainda não se encontra implementado da melhor forma. Algumas arestas podem ser limadas mas é uma grande ideia.
Quando passei pela China em 2019 não era fácil encontrar quem falasse inglês (português seria ambicioso demais). Mesmo nos aeroportos internacionais. Mas eles têm uma app que faz exactamente isto e deu para safar por duas vezes nos balcões de informações dos aeroportos de Pequim.
Outra opção do software vocaliza as palavras escritas na língua estrangeira escolhida. Tem-me dado jeito em casos em que até falo a língua (ou seja, inglês e espanhol) mas que tenho algumas dúvidas quanto à pronunciação de determinada palavras.
Se usar um stylus poderá usá-lo para entrar texto manuscrito.
As línguas disponíveis são… bem… muitas, todas as principais e muitas secundárias. Algumas que a maioria de nós nem sabia que existia, como Hmong ou Kinyarwanda. Contudo, apenas algumas se encontram disponíveis para download, o que permite a tradução sem acesso à Internet.
3 – Rome2Rio
Comecei a usar o Rome2Rio na web e apenas recentemente adoptei a app. O projecto foi criado na Austrália em 2010 e pretende oferecer a possibilidade de encontrar as melhores formas de transporte público entre localidades a nível mundial.
A ideia é super simples: o utilizador insere o nome do local de partida e para onde pretende ir. A app indica todas as hipóteses. Na sua base de dados consta a informação referente a comboios, autocarros, barcos, táxis, Uber e afins, partilha de carros, aluguer de viaturas, voos e, simplesmente, carros privados.
Ao apresentar os resultados da nossa pesquisa, a Rome2Rio indica as diversas possibilidades, por vezes combinadas, e o tempo e custo estimados para cada uma delas. Fá-lo de forma simples e clara, ao mesmo tempo que apresenta um mapa Google onde os percursos sugeridos se encontram marcados.
Ao seleccionarmos uma das hipóteses é-nos dada mais informação. Se for um percurso combinado com autocarro e comboio, por exemplo, vemos a informação sobre os locais onde devemos mudar o nosso meio de transporte. No caso de autocarros urbanos ou sempre que se aplicar, recebemos o número da carreira. O preço para cada um dos segmentos da viagem. A periodicidade com que passam autocarros/comboios. Por vezes é fornecida uma ligação para o website da empresa, que nos poderá permitir comprar online as passagens e conferir horários.
A Rome2Rio não tem toda a informação para todos os percursos em todo o mundo. Isso seria um sonho mas não é ainda possível ter acesso a algo tão completo. Mesmo assim, ajuda, e muito. As regiões mais desenvolvidas têm os dados basicamente completos. No resto do mundo, a qualidade da informação varia. Por vezes está lá o essencial mas depois faltam coisas ou há dados desactualizados.
Em suma, não é um sistema perfeito mas é um excelente ponto de partida quando não se tem qualquer ideia sobre a viabilidade de irmos do ponto A ao ponto B.
Na minha experiência não recordo nenhum caso em que o Rome2Rio me garantiu existir uma ligação que depois não há. É mais ao contrário. Tenho encontrado por vezes possibilidades que não se encontram na base dados do sistema. Mas certamente é uma aplicação muito útil para ajudar a planear viagens, especialmente as mais itinerantes. Foi essencial na minha recente passagem pela América do Sul, por vezes com informação muito local que não esperaria ver num sistema tão global.
4 – Skyscanner
Acho que o Skyscanner é conhecido de quase toda a gente. Um pesquisador de viagens aéreas, procura os melhores preços entre o ponto de partida e o destino e apresenta todas as opções. Pode também encontrar combinações com diversas paragens, em sequência.
Escolhidos os voos e as datas, vamos receber a tal lista com o que pode ser comprado. Geralmente vem ordenada por um critério que combina preço com duração da viagem. Depois, é escolher a que nos interessa mais. Receberemos outros detalhes, como os aeroportos de escala e tempos entre voos, caso não sejam directos.
Nos próximos passos vamos confirmar a escolha e receber valores teoricamente actualizados. O que vimos até agora pode já não existir.
Por fim, escolhemos o vendedor da viagem. Da mesma viagem. Estes vendedores têm uma classificação, uma média das avaliações dadas pelos clientes. É bom levar esta classificação em conta.
Para acabar, a compra, que é já feita no site do vendedor. Atenção à alteração dos preços, sempre para cima (sempre não, já sucedeu ser para baixo mas é mais do que raro) através dos mais diversos expedientes.
A principal fraqueza do Skyscanner, especialmente para malta com menos experiência nestas andanças, é que não prevê escalas com ligações por terra. Se for possível fazer uma viagem a um preço fabuloso mas para isso ser preciso viajar entre aeroportos de cidades diferentes numa escala, essa hipótese não é considerada pelo Skyscanner. É preciso considerarmos isso e fazermos as coisas manualmente, por assim dizer.
Há outros problemas com o conceito. Um que me aborrece cronicamente é que os dados só estão imediatamente visíveis que alguém tiver feito uma pesquisa idêntica nos últimos tempos. Assim, se quiser viajar para um local pouco frequentado, é basicamente escusado visualizar o mapa mensal onde deveriam aparecer os valores para cada dia. Como ninguém procurou, não há dados. Terei eu que ir, dia por dia, e correr a pesquisa.
Outra chatice é que, tal como sucede com as oportunidades de viagem divulgadas aqui no Cruzamundos, os dados ficam obsoletos e se a procura não é feita em tempo real, pode-se ter uma surpresa desagradável já depois de se esfregar as mãos.
E ainda há mais: alguns, senão a maioria, dos agentes de mercado que vendem os voos usam truques que vão desde o desleal até ao ilegal e que certamente não beneficiam o cliente.
Diria que para uma utilização plena da ferramenta é preciso uma certa experiência nas andanças das viagens.
Mas, claro, é mesmo assim um instrumento essencial. Seja para encontrar as melhores datas e opções para uma viagem de longo curso, seja para viagens em que se recorre com frequência a voos.
Pode-se criar um perfil no Skyscanner mas não é essencial para utilizar a ferramenta. Também se podem pesquisar hotéis, mas nunca explorei essa parte nem acredito que muita gente o faça.
5 – Monefy
O Monefy é o meu contabilista de viagem, o meu conselheiro financeiro, a minha consciência que me fala desde o ombro. É uma app que uso para registar despesas e ter uma noção de quanto estou a gastar e para onde está o dinheiro a ir.
Antes de o adoptar experimentei várias outras apps do mesmo género e acabei por escolher o Monefy, pagando para obter a versão Pro. É simples de usar e ao mesmo tempo potente.
Basicamente começo uma viagem criando contas para cada país por onde vou passar. Isto porque a app permite criar diversas contas financeiras que podem ser em qualquer moeda do mundo. Depois, crio uma para o cash com que saí de casa e outra para o meu cartão de crédito (ou mais, se for necessário). A partir daí, vou transferido dinheiro de uma conta para a outra.
Por exemplo, entro no Peru vindo da Bolívia. Se trocar alguns Bolivianos que tenham sobrado na app faço uma transferência da conta da Bolivia para a conta do Peru. Se tirar dinheiro no Multibanco, faço uma transferência da conta do meu cartão para a conta do Peru.
Depois é ir registando as despesas, dia a dia. Tenho diversas categorias criadas. Alojamento, transporte, supermercado, restaurantes, atracções. Etc. E assim, sei a cada momento quanto estou a gastar em cada categoria. Sei quanto estou a gastar por dia.
Antes, era um descontrolo. Estava sempre a pensar que me faltava dinheiro, que o tinha perdido, que me tinha enganado a fazer um pagamento. Agora, ao fim de cada dia vejo as contas certinhas. Às vezes ainda há uma discrepância. Paciência, acerto, com a categoria Acertos. Mas é raro.
A única coisa que gostava que a app fizesse era oferecer-me a possibilidade de gravar as coisas, tipo, viagem a viagem. Para mais tarde, numa conversa de amigos ou ao escrever o diário, pudesse consultar rapidamente quanto custou aquele transporte ou aquela estadia.
6 – Moovit
O que esta app faz é oferecer ao viajante informação sobre transportes públicos. Assim como o Rome2Rio. Mas com uma diferença importante: o Moovit tem informação sobre transportes urbanos. No início cobria apenas umas quantas cidades mais importantes do ponto de vista turístico, como Paris, Amesterdão, Londres. Mas com o tempo foi recolhendo informação sobre outros centros urbanos e agora cobre quase tudo o que um dia poderemos precisar. Mas, claro, as cidades mais famosas continuam a ser privilegiadas no que toca ao detalhe e actualização da informação.
O Moovit consegue proezas como manter informação actualizada sobre a complexa rede de operadores e opções de transporte de uma cidade como Quito e isso diz muito sobre a sua qualidade.
Tudo o que é transporte está no Moovit. Comboios urbanos, metro, autocarros. O utilizador só tem que dizer de onde quer ir e qual o destino e logo receberá a lista de transportes a usar para alcançar o destino. Poderá visualizar a informação em modo de lista, com detalhes adicionais, ou num mapa.
Deverá usar alguma prudência na utilização do Moovit. Nem sempre a sua sugestão será a melhor e se possível peça uma segunda opinião, ou a alguém local ou a outra fonte de informação na Internet.
A escolha da cidade está um pouco escondida. Há que ir a Settings e depois Region, e ali todas as cidades disponíveis na base de dados da aplicação estão agrupadas por países.
Também nos Settings poderá incluir ou excluir meios de transportes, segundo as suas preferências, devendo escolher a opção Journey Planner.
7 – Couchsurfing
A app do Couchsurfing é uma evolução relativamente recente do website desta comunidade de pessoas que abrem as portas de sua casa aos viajantes e, se for caso disso, se hospedam com outros membros quando elas próprias saem pelo mundo. Tudo isto sem pagar nada, apesar do projecto se ter comercializado e ter tentado financiar-se de uma série de formas implicado os membros da comunidade.
Não é uma app indispensável, porque a utilização do website serve perfeitamente. Mas pode dar jeito para adiantar algum trabalho quando se está num comboio ou num autocarro, ou para quem viaja apenas com telemóvel.
Para uma melhor ideia do que é Couchsurfing e de como entrar na comunidade e interagir, poderá ler o meu artigo sobre esta maravilhosa ideia: Couchsufring, o que é?
Se não, ficam aqui mais umas luzes: cada utilizador cria um perfil, e quanto mais detalhado melhor, para dar uma ideia aos outros de quem está ali a comunicar com eles. Coloca algumas fotos, descreve o que tem para oferecer (nem é obrigatório disponibilizar hospitalidade, mas as hipóteses de conseguir alguém que o aceite alojar sem isso reduzem-se) e depois é só esperar que alguém o contacte ou procurar potenciais anfitriões por esse mundo fora.
O conceito tem um sistema de comentários que permite reduzir receios, podendo-se ler o que outras pessoas escreveram sobre cada membro.
Em determinada altura da minha vida o Couchsurfing foi essencial, tornou-se um estilo de vida. Actualmente nem tanto, mas continua a ser algo de muito bom.
8 – Polarsteps
Esta é uma das diversas aplicações existentes que permitem manter um diário de viagem organizado a partir do telemóvel ou tablet.
Começa-se por criar uma viagem. Depois, adicionam-se entradas a gosto. Pode ser uma por local visitado, uma ou mesmo várias por dia. Escreve-se um texto, curto ou longo, e adicionam-se imagens. O Polarsteps vai mostrando num mapa do mundo a evolução da viagem.
De certa forma o Polarsteps é uma rede social, porque os utilizadores podem-se “seguir” e acompanhar as viagens uns dos outros.
É uma aplicação visualmente agradável, com uma secção básica de estatísticas onde podemos ver quantos países já visitámos, o tempo total que temos de viagem e o local mais afastado de casa em que estivemos.
O Polarsteps é multi-plataforma. Para além da app pode ser usado em browser, no computador.
9 – Maps.me
Esta aplicação é uma alternativa popular – especialmente entre viajantes – ao Google Maps. Não será a única, mas é provavelmente a mais usada. Nasceu na Rússia, em 2011, tendo sofrido algumas alterações desde então. Com a última, em 2017, passou a incluir publicidade, apesar de não ser especialmente intrusiva.
A sua principal vantagem é poder ser usada offline, sem ligação à Internet. O Google Maps também o pode ser, mas há alguns países que não estão incluídos nessa possibilidade, como a China ou o Japão.
Tal como no Google Maps, o utilizador pode criar colecções de pontos favoritos para utilizar mais tarde. Dessa forma, por exemplo, fazem-se listas de pontos a visitar numa cidade. Infelizmente é uma função algo simplista. Não se podem escolher símbolos diferentes, podendo apenas atribuir-se diversas cores (e mesmo assim em número muito limitado).
Os mapas utilizados pela aplicação Maps.me provêm do projecto OpenStreetMap, cuja utilização é livre e que é mantido por voluntários, na realidade, por qualquer pessoa que deseje contribuir. Uma espécie de Wikipedia dos mapas.
Os utilizadores podem também criar colecções de pontos que disponibilizam à comunidade, apesar desta possibilidade não estar a ser especialmente usada. Dá a ideia de ser assim como que um canto escuro de que ninguém se lembra.
Apesar das vantagens, o Maps.me tem alguns problemas. O sistema de navegação é pobre, e mesmo para quem se desloca a pé, demora por vezes demasiado tempo até à localização e direcção a tomar se tonarem claros.
E, quando comparado com o Google Maps, não tem nem uma fracção da informação. Outras vezes os pontos têm nomes inesperados. É o preço de ser mantido pela comunidade. Por outro lado, tem algumas pérolas escondidas, cantinhos mais discretos que são descobertos pelas pessoas e partilhados. Alguns trilhos interessantes e pontos na natureza.
De uma forma geral os processos são um pouco rebuscados. Não é uma interface bem conseguida e algumas possibilidades estão bem escondidas. Teoricamente podem-se importar dados em formato KZM mas encontrar a forma de o fazer pode ser um desafio.
Talvez o melhor seja combinar a utilização do Maps.me com o Google Maps e usufruir do melhor dos dois mundos.