Faz por esta altura cerca de um ano que li esta “geografia da felicidade” segundo Eric Weiner. É de facto um pouco ortodoxo livro de viagens. Quem se lembraria de partir por esse mundo fora em busca do santo graal da felicidade e, como quem não quer a coisa, do seu alter ego, a terrível infelicidade? Bem, Eric Weiner. É isso mesmo que ele faz, começando pela Holanda, onde procura o conselho de um professor universitário que investiga as correlações entre cultura e sentimento de felicidade. A Suiça, imagine-se, é a senhora que se segue. E há o Butão, o Qatar, a Islândia, a Tailândia. Com uma paragem intercalar no país do mundo com a mais elevada percentagem de pessoas que se declaram infelizes: a Moldávia [algo que me surpreendeu porque da minha passagem por lá guardei a impressão oposta].
Mas apesar da motivação algo excêntrica que leva Eric Weiner por esse mundo fora, não deixamos de estar perante um livro de viagens, logo, com cabimento na respectiva secção neste blog. Porque o cerne da questão – onde e porquê as pessoas se consideram mais felizes – é abordado de forma graciosa, com uma associação aos aspectos culturais das sociedades em questão. Apesar da felicidade ser algo de complicada definição, que variará de indíviduo para indíviduo, a verdade é que existem abordagens marcadas pela influência cultural. O que leva os suiços a semtirem-se felizes é completamente diferente das razões que faz dos tailandeses aquele povo sorridente e assumidamente feliz. E o que o leitor vai descobrir são essas enormes, abismais mesmo, diferenças.
Se o enquadramento temático ameaça desde logo fazer crescer água na boca, o autor torna as coisas ainda melhor. A sua prosa é uma delícia de se ler, bem temperada com um humor requintado, que se revela sobretudo perante a face negra do livro: o estudo da infelicidade que impera em terras da Moldávia. De resto, como costuma suceder com os livros de viagem mas não tanto com os de sociologia, o texto lê-se com facilidade, página após página, sem aborrecer nunca, sem dificuldade na digestão da informação. Decididamente, um livro de viagens.
O livro está disponível no mercado nacional, apesar de ter lido a versão original em formato electrónico. Portanto, sobre a qualidade final do produto à venda por cá (por exemplo, na FNAC Online – A Geografia da Felicidade) nada posso dizer. É que pelo meio há uma tradução, e isso, como sabemos, pode fazer toda a diferença. A edição é da Lua de Papel e o livro tem um preço de capa de 8,90 Eur. Um valor muito agradável e que talvez lhe proporcione uma feliz [apanharam a chalaça?] leitura de praia.
P.S. – No original o livro tem o subtítulo “One Grump’s Search for the Happiest Places in the World”.