Segunda-feira. Saio pela manhã, para uma volta de 16 km. Pouco há a escrever sobre este dia. É um encadeado de experiências visuais, que se iniciam nos rotineiros canais, passando pela travessia do estreito Amstel, que pouco mais é que um canal mais avantajado. Descubro ali uma plataforma deixada vazia sobre a água e deito-me durante alguns minutos, a pesticar e a ler um pouco. Como em todos os dias que passei em Amesterdão o sol é dono e senhor dos céus e está quente. Acomodo o saco com a roupa que tirei, o que me deixa em t-shirt. E ponho-me em movimento. Logo a seguir assisto à partida de uma casa-barco, que segue rio abaixo depois de uma manobra rápida, enquadrada por dois pequenos rebocadores. Provavelmente, considerando o casco metálico, foi-se recolher para manutenção, operação a que este tipo de casas-barco tem de se submeter de tantos em tantos anos.

Encontro-me agora na periferia de Amesterdão central, se assim se pode dizer. E descubro aqui as minhas ruas favoritas. Por estas paragens há blocos modernos, que se estendem ao longo dos canais, e nestes, mais do que nas zonas mais antigas, encontram-se casas-barco de dimensões consideráveis.

Depois de passar por uma zona universitária, com a frescura conferida por muita gente nova que por ali circula, chego ao aquartelamento Orange-Nassau, que de militar já não têm nada: depois de cairem na degradação total, as instalações foram recuperadas nos finais dos anos 80, e hoje albergam apartamentos e pequenas empresas. A zona em redor foi reclassificada com a ajuda uma equipa internacional de arquitectos, o que confere ao espaço uma multiplicidade de conceitos encantadora.

O passeio prossegui, e encontrei casualmente a Brouwerij’t IJ, uma espantosa cervejaria que vende o precioso líquido que é produzido nas caves de um enorme moinho adjacente. Infelizmente não pude sentar-me um pouco, porque o horário de abertura é bastante limitado (das 15 às 20) mas de qualquer forma já tinha bebido desta cerveja, engarrafada, que o Marco me apontou num supermercado.



Depois, internei-me em zonas ainda mais modernas, onde contudo pude observar edíficios antigos com um estilo algo diferente do que é vulgar na Amesterdão tradicional, vista e revista pelos turistas, ao longo dos infinitos canais que singram pela cidade.

Já cansado, restava uma última tarefa na marcha do dia: queria passar pelo chamado “Bairro dos Museus”. Não que considerasse visitar algum. Não só não sou especialmente fã de museus como ainda sou menos amigo de gastar dinheiro nestas coisas, e os bilhetes são especialmente caros em Amesterdão. Contudo queria dar uma vista de olhos a alguns dos edíficios. Foi decepcionante. O mais imponente Rijkmuseum, encontra-se em obras – como de resto o Scheepvartmuseum, o museu marítimo, um dos melhores do mundo na sua temática… coisa esperta esta de mandar para o estaleiro os dois melhores museus da cidade ao mesmo tempo.

Por fim, descobri algo que procurava: uma peça de arte anónima, um pequeno lenhador que se encontra num ramo de uma imponente árvore, “serrando-o”, até ao infinito. Descoberto o malandro, foi arrastar-me até casa, onde descansei um pouco antes de fazer uma visita ao supermercado. As coisas por aqui têm preços díspares, relativamente ao que se paga em Portugal. Há poucas dúvidas de que na média a conta do supermercado será mais elevada, mas alguns artigos são surpreendentemente baratos: um frasco de um litro de pasta de amendoim pode custar menos de um Euro; um frasco de compota, idem. Chocolates são muito baratos. O pão, sensivelmente o mesmo preço. Ovos, caros, a 1,50 Eur a meia dúzia; carne, mais ou menos a mesma coisa. Lactícineos, depende. Fruta, mais cara.

De mochila cheia de petiscos, foi regressar a casa e deixar-me estar, apesar do dia maravilhoso que ainda via lá fora, pela janela. Precisava de descansar.



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