E o Inverno abateu-se sobre a região. Cinzento dia, um após outro. Chuva. Neve não, que aqui como em todo o lado o clima persiste na teimosia de estranhos costumes. Lá para a província sim, diz que já se viram flocos brancos, descendo do céu, cobrindo os campos, retirando-lhes a cor que ainda restava de Outono. Por aqui é irrelevante. “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, já lá dizia o poeta maior da literatura lusa.
Já não se dão longos passeios pelos parques, que isto de zero graus com vento a fazer questão de relembrar cada poro facial do que é frio, não é para brincadeiras. Os dias são curtos. Mas em contrapartida, as noites tornaram-se longas. E se a beleza dos edíficios da cidade antiga já não é observada como antigamente, a intensidade de uma vida social reencontrada faz-se sentir a cada semana que passa.
Ontem houve um pequeno encontro de amigos. Hoje não. Amanhã haverá. Depois de amanhã, não. Mas o fim-de-semana vai ser passado na aldeia natal do meu amigo Vitek, que me convidou para conhecer a região, e ficar em família, com os pais dele. Na realidade seremos quatro. Uma experiência que promete, e faz perceber porque é que viver em Praga não é só usufruir da estética da cidade e dos dias bonitos que esta tem para oferecer. É a renovação de um sentido de amizade há muito perdido, do reavivar de um sentimento de ser querido por mais do que as pessoas das quais não se esperaria outra coisa. É algo doce, confortável.
Por tudo isto, estas linhas têm andado curtas. E também porque me decidi a preparar um trabalho de fundo sobre Praga. Ora a manutenção deste blog nos moldes anteriores implicaria uma duplicação intolerável de escritas.