Islândia. O país mais setentrional na Europa. O último país “a sério” (retirando os micro Estados como o Mónaco ou San Marino) que me faltava visitar. Plano há muito mantido sob observação e adiado umas quantas vezes. Foi com um aperto no estômago que um dia, já há uma mão cheia de meses, me passou pela vista aquela notícia de uma promoção. Era mais uma de entre os centos que todas as semanas leio, mas aquela, vi logo, era para mim. E foi assim que comprei passagens para a Islândia, com a Easyjet, por cerca de 160 Eur, com partida de Faro e escala em Londres. Na realidade, não foi isto que fiz, mas para o leitor será o que importa. Não fiz porque não quis, porque inclui uma “passagem” por Praga no regresso e dilatei assim o projecto. No total, quase duas semanas na Islândia, três semanas em Praga.
A preparação teórica para esta viagem muito atipica. Planeei menos, decidi a deixar-me ir-me, seguindo mais os estimulos do dia a dia. Claro que sei onde, em principio, ficarei cada noite, para sobre como encher os dias pouco está definido.
Escrevo este artigo a cerca de uma semana para a partida, mas não sinto nada “cá dentro”. Não há excitação, não há ansiedade. Talvez seja o preço a pagar pela experiência acumulada. Ainda para mais tratando-se de um destino europeu, sem grandes icógnitas, sem motivos de preocupação. Na véspera encherei placidamente a minha mochila Decathlon de 40 litros. E isso sim, será problemático. Primeiro porque as condições climatéricas pedirão roupagem mais volumusa. Segundo porque após a austeridade islandesa mergulharei na amena Primavera checa, onde já se pede uns calções e uns chinelos para as tardes mais solarengas, e onde um jantar de amigos poderá exigir mais do que umas calças de caminhada cheias de nódoas de duas semanas a subir vulcões.
Na Islândia alugarei um carro para a maioria dos dias e dormirei em casa de pessoas locais graças à comunidade de Couchsurfing. Desta vez não foi fácil encontrar pousos. Apenas porque a população não é numerosa, logo, os membros da comunidade também não, e, além disso, como está cada vez mais popular viajar à Islândia, são bombardeados com pedidos de hospitalidade todos os dias.
Nem o meu actual plano de enquadramento cultural, que costuma incluir leitura de autores locais e visualização de filmes de produção de lá se tem desenvolvido como é habitual. Vi um filme – divertido, por acaso – e comecei um livro que não consegui acabar. Fora isso, umas conversas com um amigo que por lá andou e pronto. Ah! E o amigo teve a amabilidade de me ceder as suas imagens para ilustrar este texto que, sendo sobre um dia zero, assume que por esta altura ainda não tenho as minhas próprias imagens. Para mais, é ver o Viagens à Solta.
Se há lugar onde a natureza consegue surpreender a cada instante, esse lugar é na Islândia. Basta fazer uma curva ou passar uma colina para ficarmos vidrados com tamanha espectacularidade. E para quem gosta de fotografia, muito bem-vindos! Chegaram a um reino encantado…