Como li algures num blogue pessoal, Trinidad causa um arrepio à chegada… é que cada centímetro daquela terra merece ser fotografado. E concordo. É dos locais mais pitorescos que já vi. E tem outra característica: como sucede com Hoi An, no Vietname, tem sido possível aqui manter um equilíbrio bastante bem conseguido entre a afluência de turistas e o palpitar de uma vida local. Trinidad é dos locais mais visitados em Cuba, mas não se perdeu em devaneios. Não há hotéis de grandes dimensões nem outras aberrações que tendem a aparecer no mundo movido pela ganância. Existem alguns estabelecimentos hoteleiros, clássicos, e depois uma infinidade de “casas particulares”, ou seja, turismo de alojamento.

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Trinidad, em conjunto com o vale dos engenhos (de açúcar, entenda-se) que a rodeia, está classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade. E muito bem. O seu núcleo histórico tem um regime especial de regulamentação. Ali todas as ruas são calcetadas e o trânsito automóvel é condicionado.

Existe uma pequena área, digamos, o centro do centro, onde basicamente tudo existe em função do turista. Mesmo assim não é mau pois o bom gosto impera. Mas cada porta é um restaurante, ou um bar, ou um museu, ou uma loja de recordações. Mas tudo pleno de charme, com todos os edifícios a exemplificar como se faz um restauro em condições, pintados de cores garridas ou de tons pastel, cheios de estórias para contar. Aquela foi a área escolhida pelos grandes proprietários e comerciantes do açúcar, uma mão-cheia de famílias notáveis que ali iam vivendo numa comunidade fechada certamente cheia de episódios muito humanos… os amores e desamores, as invejas, os negócios de circunstância… tudo como numa grande novela, da qual hoje restam apenas as sombras que se podem antever nos umbrais das portas daquelas magníficas mansões onde agora residem “apenas” museus.

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Num segundo anel as coisas não são menos interessantes. Os turistas rareiam e aparece a vida real, dos cubanos que fazem pela vida, não em condições tão precárias como nas zonas mais pobres de Havana, mas com as privações naturais do campesinato cubano. E de facto sente-se ali um sabor muito rural. Há tratores parados à porta de casa, cavalos que circulam pela rédea, homens de chapéus de aba larga e botas de montar. Não é de espantar. Se o visitante caminhar apenas um pouco, chegará à orla da malha urbana e verá o vale que se estende, magnífico, em todas as direcções, terreno fértil e trabalhado pelas gentes de Trinidad.

Os museus, pobres do ponto de vista museológico, valem mesmo assim uma visita. Estabelecidos em casas que foram lar das poderosas famílias de outro tempo, permitem um vislumbre desses tempos, mais do que extasiam com as suas colecções.

As pessoas, como em todo o lado em Cuba,  são um dos elementos mais interessantes nesta pequena cidade. Um trovado de rua interpreta um tema perante o olhar maravilhado de um pequeno gaiato e logo o cantor lhe dedica a música, olhando-o nos olhos; um carro pejado de coloridos balões com uma mulher jovem vestida de gala cruzas as ruas buzinando como se não houvesse amanhã enquanto um tipo com uma câmara de vídeo pendurado no “lugar do morto” vai filmando tudo; um grupo de homens joga dominó, numa partida tão disputada que a audiência os cerca por completa, não deixando ver a mesa; à porta de uma tasca, um burrico espera que o seu dono deita goela abaixo o rum matinal, enquanto do outro lado da rua dois velhotes sentados no degrau de uma casa vão conversando, um deles mantendo uma iguana pela trela.

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Como Ir? Para chegar a Cuba o melhor será procurar os voos mais económicos com a Rumbo.pt. Uma vez no país, Trinidad localiza-se uma distância facilmente ultrapassável, quer por quem vai de Havana ou por quem se dirige lá a partir de Varadero. Além disso é bem servida pelos autocarros da Viazul, a empresa de camionagem talhada para os estrangeiros e cubanos privilegiados.

Quando Ir? As condições climatéricas estão no seu melhor por volta de Dezembro. Os meses do Verão são de evitar devido às fortes chuvas e possibilidade de furacões na região.

Uma sugestão? Se houver tempo pode-se partir numa viagem turística que leva metade de um dia: de comboio, pelo vale dos Engenhos. O bilhete pode ser comprado com antecedência no posto de turismo ou no próprio dia de manhã na estação de comboios. O passeio leva umas quantas horas de oferece um cheirinho da vida rural em redor de Trinidad.

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