Elizabeth Pisani trabalhou na Indonésia e apaixonou-se pelo país. Terminada a sua estadia profissional, enquanto jornalista, decidiu regressar para ver o arquipélago com outros olhos. Desta vez a sua permanência não se centraria na cobertura de eventos evidentes, nas entrevistas a personalidades essenciais da vida política indonésia, a conferências de imprensa. Não, agora a sua relação com o país seria diferente, assente na vivência do dia a dia, no trato com as pessoas comuns, na vida na aldeia.
O seu domínio da língua comum, o bahasa, ajudou. Foi o trinco que lhe abriu as portas de comunidades distantes, onde passou dias, por vezes semanas, como convidada de honra, gozando do lendário sentido de hospitalidade dos indonésios. A visão que nos transmite está portanto ligado ao íntimo da nação. Não é uma abordagem dirigida ao viajante casual. Do seu livro não retiramos muitas dicas práticas. O que aprendemos com Elizabeth é mais profundo, e é bastante interessante. Depois de acabar o livro senti claramente que sabia muito mais sobre o extenso país que é a Indonésia. Sobre a sua essência, sobre a sua história, sobre as suas gentes e as diferenças entre as muitas regiões que o constituem. Li-o para preparar a minha viagem. Não recolhi informação prática mas senti-me bem mais preparado para compreender o país que me aguardava.
A escrita de Elizabeth Pisani é agradável, flui com naturalidade. Em algumas, raras, passagens, aborrece um pouco… para jornalista comete alguns erros factuais, detectáveis por um leigo assim como… eu. Isso é a parte má. Mas a variedade de situações é imensa, torna-se num “page turner” e apesar de volumoso o livro chega ao fim rapidamente. Gostei e recomendo. Mas tem de ser na versão original, em inglês, que nunca por cá foi traduzido e editado. Pode aliás ser comprado no Book Depository por excelente preço no momento em que escrevo estas linhas. Menos de 5 Euros já com portes incluídos.
Será que existe este livro em Português? Indonésia, etc?
Oi Débora, em Portugal nunca foi traduzido, como diz no texto, e no Brasil não sei, não conheço o mercado do Brasil nem onde verificar.