Ao terceiro dia completo em Yogyakarta já não havia muito para fazer na minha lista, até porque a visita às mega atracções tinha sido descartada. De qualquer modo já sabia que estes iam ser dias sossegados, fazia parte do plano e estava a resultar bem. Fiquei satisfeito com a cidade onde decidi repousar a meio da viagem, mas não desdenharia um pouco mais magia. Sei lá, é uma localidade agradável, sem problemas, mas falta-lhe substância. Bem, adiante, então vá, para este dia tinha apenas um objectivo estabelecido: visitar o Fort Vredeburg, uma antiga fortaleza holandesa mesmo ali junto à avenida Maliboro, portanto, facilmente alcançável a pé.
Paga-se um bilhete a preço justo (acho que 3 Euros, sinceramente já não me recordo bem) para entrar na fortaleza. É um bocado como Yogyakartya: nada de mal a dizer mas um pouco sem personalidade, como se dizia quando eu era criança, um “pãozinho sem sal”. O espaço está restaurado mas apesar de na imagem de satélite Google Earth ter a clara forma de uma fortaleza, vista do seu interior é apenas um complexo de edifícios, alguns deles vazios ou encerrados ao público. No exterior, nos pátios, uns quantos manequins uniformizados, alguma estatuária e as costumeiras peças de artilharia. Um espaço ajardinado e bem cuidado, com bancos e tudo mais, não faltando uma cafetaria.
Mas o que me fascinou foi a exposição museológica, composta basicamente por uma colecção incrível de dioramas alusivos à história recente da cidade. Não ia com nenhuma fé, tinha lido comentários bastante negativos à exposição, mas a mim cativou-me logo. Passei não sei quanto tempo a estudar com atenção cada um dos dioramas (e são umas dezenas), encantado com os detalhes e com as estórias que contavam. Fotografei-os quase todos, alguns com várias perspectivas, e só tenho pena que o diário de viagem não seja o local mais adequado para mostrar tudo aquilo.
Os dioramas estão espalhados por várias salas, aliás, vários edifícios, sendo complementados por artefactos diversos. O período coberto incide sobretudo na independência da Indonésia e no papel desempenhado por Yogyakarta no processo.
No resto do dia não fiz grande coisa. Aliás, fiz, mas sem interesse para o leitor: aproveitei para uma tarde preguiçosa no conforto do meu querido hostel e pus muito trabalho em dia. Acabou por render bem. Saí algumas vezes, fui ao supermercado maravilha, estiquei um pouco as pernas na Maliboro, encontrei a casa de câmbios indicada pelo dono do hostel e ao cair da noite fui para uma segunda coxinha de frango, tal e qual como na véspera.
Tomei um duche “frio” (nesta região o conceito de duche quente é quase desconhecido, mas a água nunca está fria, mesmo fria… a temperatura ambiente é suficiente) nas instalações ao ar livre do hostel, aquele duche mágico feito com cana de bambu, que despeja a água em caudal sobre o nosso corpo, com se nos estivéssemos a banhar numa cascata. Adorei!
Ao serão fiquei à conversa com o dono do hostel e com a companheira dele. São indonésios, viajantes, backpackers. As pessoas perfeitas para terem um negócio destes. A nós se juntou um amigo deles, romeno, que vive parte do ano na Indonésia, por amor ao país e para fugir do Inverno da Europa Central. Aprendi, tirei algumas dúvidas prácticas que tinha sobre o país e sobre os dias que tinha pela frente, bebemos uns copos… foi agradável, um serão social, para variar. Vantagens da vida de hostel.