Foi uma grande ideia passar uma noite em El Remate, mas agora fazem-se horas de prosseguir. Na realidade, é tempo de descansar, de tirar uns dias à laia de pausa, e peno fazê-lo em Flores, apesar de não ter ficado especialmente impressionado com a minha primeira passagem pela cidade.
Pego na mochila e vou até à estrada. Há uma paragem de autocarros. Espero por lá, a ver o que sucede. Há mais um ou dois locais também por ali, com ares de quem aguardam transporte na mesma direcção, o que é sempre positivo.
Um deles vem dizer-me que não desespere, que não tarda chega o transporte. E foi assim mesmo.
Chego a Flores pouco antes do almoço. Já sei o caminho, não me custa nada caminhar desde a estação rodoviária até à ilha. Tenho uma ideiazinha em mente… em vez de ficar em Flores, porque não atravessar o lago e procurar alojamento do lado de lá, no lugar chamado de San Miguel, onde alguém me tinha dito que existiam algumas possibilidades de alojamento, algo que confirmei online.
Perguntei a um barqueiro, mas a resposta foi hesitante e difusa, não me convenceu. E também não gostei, outra vez, do que me pediu para o transporte. Mas perguntei a pessoas que acabavam de desembarcar qual era o valor certo, que não tinha nada a ver.
O próximo barqueiro que me passou pelo caminho, não perguntei nada. Entrei e juntamente com uma pessoal local, atravessei as águas do lago, rumo à aventura. Cheguei ao lado de lá e paguei, o valor certo, sem mais. Tinha trocado, pus-lhe a moeda na mão e virei costas, e nem um protesto. Então é assim. Bom de saber, para os dias que se seguem.
Estava no pico do calor, e que calor fazia. San Migue parecia-me bem. Assim que desembarquei, fui a uma mercearia, uma lojeca, e comprei bebidas frescas aproveitando para perguntar por alojamento por ali. Mais umas respostas difusas. Bem, fui a um que tinha identificado, mas era longe, suei que foi uma coisa louca. Bom passeio mas muito exigente!
Cheguei lá e aquilo era uma coisa deprimente. Parecia que estava ao abandono, que era auto-gerido pelos poucos clientes que tinha. Não sei como estava bem classificado no Hostel World! Esperei um pouco até aparecer um velhote simpático que me mostrou o local e de facto não era sítio onde desejasse ficar. A única coisa boa que vi foi o menu do café-restaurante, com preços e variedade muito interessantes mas não, nem pensar.
Não havia mais nada em San Miguel. Vim triste, derrotado. Voltei à orla do lago, e já que estava ali decidi ir espreitar o hotel com aspecto resplandecente, porque não, nem tinha mais nada para fazer naquele dia, para além de encontrar o tecto para dormir, o que nunca seria complicado… podia não ser do meu agrado, mas alojamento não falta por ali.
Bem, entrei no tal hotel e uma gorduxa um pouco desagradável diz-me os preços com desdém. Hummm bons preços, surpresa! Não estava à espera. Pede-me USD 8 por um quarto privado. Vamos lá ver esse quarto. Pega nas chaves, subimos ao andar de cima… abre a porta e…. oh yeahhh babe! É isto mesmo. Vamos lá ver: wi-fi, casa de banho privativa, uns 40 m2 de quarto, uma coisa mesmo enorme… do tamanho de um apartamento… e com vista ali sobre o lago, mesmo em cima da água, avistando-se Flores do outro lado. Simmmmm, querooooooo! E fico.
Relaxo, tomo um duche, experimento a Wi-Fi. Funciona que é uma maravilha. Está tudo bem, é o local ideal para descansar os tais dias. Nem sabia bem quanto tempo ficaria. Poderia ser um. Acabaram por ser três!
Passado um bocado vou à procura da senhora para encomendar uma refeição, como tinha sido combinado. As refeições são tão baratas como o quarto. Com 3 Euros tenho um prato com um batido de banana, e a mesa posta onde me apetecer, só para mim. Como lá em cima, no alpendre, ao solinho, com aquela vista maravilhosa, e sabe-me muitíssimo bem!
Há por ali mais alguns hóspedes, norte-americanos, pessoas mais velhas, que acabo por conhecer. São dois homens e uma mulher, todos sozinhos, mas que já travaram amizade. Um deles vive na Costa Rica mas está à procura de uma alternativa para o futuro e experimenta a Guatemala. Ela, tem quase mais vinte anos que eu, ou seja, sessenta e muitos, mas é atraente como tudo! E o outro, é mais um norte-americano no paraíso tropical da reforma. Um trio interessante, com quem tive bastantes conversas.
Nessa noite durmo maravilhosamente, depois de passear um pouco por ali e de ver o pôr-de-sol, lorde e senhor de um quarto com ares de apartamento com vista para o paraíso.