A viagem na Índia aproximava-se do fim apesar de ainda faltarem sete dias para regressar a Portugal. Isto porque o que se seguiria, não é bem Índia, é outra coisa qualquer. Goa. Mas lá iremos, haverá tempo. Para já havia que aproveitar este último dia, passado em Varanasi. Basicamente sentia que já estava tudo visto. Eu sei que não estava, claro! Mas dentro do razoável, e para uma visita rápida, sem recurso a transportes, a coisa ficou composta. Poderia fazer mais coisas, mas não assim, nesta passagem relâmpago.
De manhã o pequeno-almoço foi tomado no hostel. Seguiu-se uma volta mais pela margem do Ganges, tão encantadora como a de véspera. A animação era menor, mas havia novas coisas para ver. Deve haver sempre. Muita roupa lavada e a secar. Os hotéis de luxo que existem no passeio fluvial. Uma certa calmaria matinal.
Nas águas do rio há barcos, sempre barcos, que de sol a sol levam os turistas a passear. Agora menos do que ao final da tarde mas mesmo assim um número significante. Mesmo as cremações pareciam funcionar a meio gás. Dir-se-ia que Varanasi repousa ainda.
De volta ao hostel conheci dois companheiros. Um inglês e um indiano, de nascença, agora cidadão do mundo, e falámos bastante sobre tanta coisa. Foi tomada uma refeição ali mesmo, no hostel. E à hora combinada o simpático gerente caminhou connosco pelo labirinto de ruas onde não há tráfego automóvel para nos levar ao táxi marcado. Hora de partir, para o aeroporto, para a primeira e única viagem aérea desta viagem de um mês pela Índia.
O trajecto era de facto longo. Pareceu-me inicialmente exagerada a estimativa do gerente para a hora de saída, mas foi na realidade prudente. O trânsito não estava especialmente intenso mas ficou a impressão de que com facilidade aquilo podia correr mal.
E a voar, para Goa, na expectativa: seria uma desilusão? Estaria à altura das expectativas? Chegados, já de noite, e saindo lá para fora, o doce choque. O ar húmido que faz lembrar aquela chegada que sempre nos apanha de surpresa quando chegamos a São Tomé ou à Guiné.
No terminal, arranjar um táxi no balcão oficial. Diz-se para onde se vai, fica-se com uma espécie de voucher e do outro lado, já no exterior do terminal, alguém nos há-de levar. No caso, o destino era Bogmal, mesmo ali por detrás da pista do aeroporto. Uns meros 5 km que mesmo assim custaram 15 ou 20 Euros. Aquela hora não há outra hipótese. De dia a coisa é diferente, usam-se autocarros para Vasco da Gama, a cidade mais próxima do aeroporto, e de lá para Panjim, a capital de Goa.
Um rapaz aceitou o serviço. Com um inglês duvidoso lá fomos com aquela conversa de circunstância. Conduziu profissionalmente e não nos deixou enquanto não teve a certeza que estávamos entregue na casa de hóspedes certa. Aquela hora não se fez mais nada. As pessoas esperavam-nos, tinha-os avisado que chegaria relativamente tarde. O quarto foi-nos mostrado e a noite ficou assim.