Dia 25 de Janeiro de 2020, Sábado
Prossegue a viagem. Hoje é o dia em que Cuenca será deixada para trás e se chegará a Loja, mais para sul.
Do alojamento caminhamos para a estação de autocarros. Adeus Cuenca, que não me deixas saudade. Atrofio de cidade! Agora é altura de mudar a página e ver o que Loja tem para oferecer. Uma relativamente longa viagem de autocarro. Mais de 200 km.
Para Loja tinha reservado um quarto num pequeno hotel. Para lá chegar é necessário apanhar um táxi. A estação rodoviária de Loja é na periferia da cidade. Serviço sem problemas, conduzidos por um rapaz simpático e honesto.
O alojamento é próximo do centro e também por isso sente-se logo aquele apelo de sair e explorar. É Sábado e não há muita animação nas ruas. Talvez seja pelo tempo que ameaça chuva, talvez seja um traço cultural. As pessoas estarão noutras partes, provavelmente em casa, considerando que tirando o centro da cidade não há muitos lugares onde se possa passar uma tarde de fim-de-semana.
Gostei moderadamente de Loja. Depois de Cuenca seria fácil gostar de qualquer coisa. Um pouco em linha com a ideia geral que me ficou do Equador: é OK, sem ser espantosa.
Quem visite quererá seguir uma linha unindo as principais praças do centro histórico. Cada uma delas tem um ambiente diferente, mas todas são dominadas por uma igreja.
Existe uma rua pedestre, o ponto onde ainda existe alguma animação naquela cidade no dia como este. Prédios históricos, detalhes arquitectónicos, cores animadas. Comércio, passeantes. Depois, nas outras praças, apenas algumas pessoas, como que perdidas. Andando-se um pouco para fora do centro, apenas algumas centenas de metros, e as ruas desertificam-se, não se vê ninguém. Não posso deixar de pensar no contraste com o caos de Cuenca durante o dia.
Observamos a fachada muito colorida de uma pequena igreja. Um homem fala connosco em inglês. Conversamos um pouco sobre tudo. O Equador, Loja e aquela igreja. O artista que a decorou é um amigo deste cidadão.
Mais à frente meto o nariz no pátio do que parece ser um conservatório de música. Mais um edifício histórico. Lá dentro há uma fonte, um jardim muito verde. Há jovens com instrumentos musicais que estudam pautas, como se estivessem a preparar-se para uma audição. Nas paredes há fotografias de Loja antiga.
Descubro um mercado. Não é especialmente interessante. O odor intenso e o o vento frio que começou a soprar afastam-me dali. Muito bem, já deu para ter uma ideia da cidade, mas agora estou cansado, ligeiramente afectado pelo tecto de nuvens que me oprime, pela falta de animação nas ruas.
Padarias são a particularidade de Loja. Estão por todo o lado. Pão e bolos não faltarão durante a estadia. Mas por alguma razão tenho desejos de comer um gelado e nesse sector as coisas não são tão simples. Vejo algumas, mas eu gosto de comer os meus gelados em copos e a única coisa que se vende são cones. Foi já no fim do passeio que encontrei a gelataria ideal. Não posso dizer que fosse gelado de qualidade, mas soube-me bem. Um copo enorme com uma pilhaça de gelados de diversas cores servidos por uma menina simpática.
Antes de recolher ao alojamento, parar num supermercado. Não parece que jantar fora seja uma opção. É melhor levar alguns abastecimentos para o quarto.
Caminhar para o hostel. Em boa hora, porque ao entrar apercebo-me que caem as primeiras gotas de chuva. Segue-se um dilúvio que prossegue durante horas. É tempo de me manter abrigado e colocar em dia a escrita e tudo o mais que se prende com a organização da viagem.
Neste dia não se fará muito mais. Ver uns filmes gravados no Netflix do meu telemóvel. Esperar pela noite e dormir, um sono interrompido pela barulheira incrível de um tipo sem a menor noção no corredor do andar de baixo, aí pelas duas da manhã.