Vou confessar uma coisa: foi preciso esperar uma vida quase toda para visitar Coimbra. Na realidade tinha passado pela cidade duas vezes.
A primeira, numa visita de estudo, nem sei quando, se calhar tinha 11 anos, ou talvez 16.
A segunda, para encontrar alguns amigos que ali estudavam e que foi bastante estranha. Cheguei ao fim do dia, cerveja atrás de cerveja pela goela, consegui encontrar o meu carro, dormi lá dentro, acordei a meio da noite e vi que estava rodeado de prostitutas no seu local de trabalho. Encontrei os meus amigos, bebi mais um bocado e só me lembro de estar de volta a casa. Não foi uma visita muito produtiva.
Desta vez foi diferente. Passei por Évora, dormi em casa de amigos e no dia seguinte continuei viagem. Fui de autocarro. Fiquei três noites em Coimbra e dificilmente a visita poderia ter corrido melhor.
Roteiro de Coimbra
A cidade de Coimbra estende-se por diversos quilómetros mas o seu núcleo histórico, a área mais interessante para quem a visita, resume-se ao que existe edificado na colina encimada pela universidade e junto à margem ocidental do rio Mondego.
Penso que três dias completos serão suficientes para visitar a cidade de forma detalhada, devendo adicionar-se mais um ou dias dias se desejar ir até Conimbriga e ao Buçaco.
O Que Ver em Coimbra
A Universidade
Os bilhetes para a visita podem ser adquiridos online ou na bilheteira da Universidade.
Paço das Escolas
O Paço das Escolas é um terreiro em redor do qual se encontram os edifícios que constituiram o núcleo da universidade e, antes disso, da presença real em Coimbra. Foi a partir de 1544 que a Universidade se agregou aqui.
Está localizado no centro da área universitária, no ponto mais alto da cidade e é de livre acesso dentro do horários de visita.
É através do Paço das Escolas que se chega à Biblioteca Joanina, à Capela de São Miguel e ao Palácio Real, espaços a que terão acesso os detentores do bilhete de visitante que pode ser adquirido na bilheteira da Universidade.
Entra-se no Paço das Escolas pela Porta Férrea, construída em 1634 por ordem do reitor Álvaro da Costa. É um arco espectacular, criado pelo arquitecto António Tavares, que merece a atenção do visitante. Nele encontrará representações dos reis D. Dinis e D. João III assim como a digna figura da Sapiência e simbologia das faculdades clássicas: Teologia, Medicina, Leis e Cânones.
Dá-se então com um amplo espaço rodeado de notáveis edifícios. Ao fundo, do muro, vê-se o rio que passa e uma boa parte da cidade antiga.
Mesmo que não queira visitar os interiores poderá deliciar-se com os detalhes arquitectónicos e a história que ali se respira. Atente nas portas da Capela de São Miguel e da Biblioteca Joanina e na torre do sino, alcunhada de “Velha Cabra” pelos estudantes. O sino desempenhava um papel importante na vida dos estudantes, marcando os momentos mais marcantes do seu quotidiano. Esta torre data de 1733 e tem quatro sinos, podendo os visitantes subir ao seu topo.
Biblioteca Joanina
A Biblioteca Joanina é a jóia da coroa de qualquer visita à Universidade logo, à cidade de Coimbra. O espaço foi criado há mais de trezentos anos quando no início do século XVIII o reitor pediu à Casa Real que se construísse um espaço que pudesse albergar a vasta colecção de livros disponível pela morte de um professor.
Foi assim que entre 1717 e 1723 se erigiu a então chamada de “livraria”, que recebeu o nome do rei que a mandou construir, D. João V. Só a partir de 1750 começaram a chegar os primeiros livros, reunindo actualmente cerca de 70 mil volumes, todos eles editados antes de 1800.
Existem alguns volumes especialmente preciosos, como é o caso da primeira edição de Os Lusíadas, de uma Bíblia em hebraico e de manuscritos, por exemplo, de Almeida Garrett. Note que estes volumes não se encontram expostos.
É considerada uma das biblioteca mais bonitas do mundo e oferece um ambiente que nos remete para o imaginário de um mundo fantástico, por exemplo, para as cenas de Harry Potter e da sua escola da magia. Na realidade o influente jornal britânico The Telegraph publicou um artigo em 2013 no qual a Biblioteca Joanina é definida como a mais espectacular biblioteca do mundo. Sem mais.
Foi construída em estilo Barroco, usando a antiga cadeia académica – que é também visitada – como base para a estrutura. No interior encontramos três salas ligadas, desenhadas de forma a realçar a pintura de D. João V, executada por Domenico Duprà, que parece omnipresente.
Os tectos estão decorados com frescos de Simões Ribeiro e Vicente Nunes, com temas relacionados com a aquisição de conhecimento e tendo como figura central a Divina Sapientia.
Os livros são preservados por uma série de elementos. As paredes têm mais de dois metros de espessura e a madeira de carvalho usada na construção dos armários mantém afastados os insectos devido à sua densidade e odor. A porta de madeira de teca e o revestimento quase integralmente de madeira mantêm o interior com uma humidade permanentemente nos 60% e com uma temperatura entre os 18 e os 20 graus.
Uma curiosidade: a biblioteca conta com uma comunidade de morcegos residentes que ao se alimentar de insectos nocivos ajuda a manter o espólio das melhores condições. Todas as noites as superfícies da biblioteca são cobertas por telas de couro para as proteger dos dejectos destes mamíferos voadores.
Infelizmente não é permitida a recolha de imagens no interior do salão nobre da Biblioteca.
Prisão Académica
A Prisão Académica encontra-se sob a Biblioteca Joanina, partilhando o mesmo acesso e sendo ambas visitadas em conjunto.
Trata-se de uma prisão do século XVI, que funcionou primeiro no chamado Palácio Real, transferindo-se para a sua actual localização em 1773. Para tal foram realizadas obras de adaptação num antigo cárcere ali existente, datado do século XIII e que é a única prisão medieval que chegou aos nossos dias com algumas áreas quase intactas. Na realidade apenas subsistiu o piso inferior, onde podemos ver algumas celas e as chamadas “segredos”, que mais não eram do que espaços exíguos a que hoje se chama de solitárias.
A ideia por detrás da criação desta prisão era preservar a dignidade das pessoas ligadas à Universidade, mantendo-as afastadas de criminosos comuns.
Manteve-se activa até 1834, tendo boa parte da sua área de então sido adaptada e integrada na biblioteca. Aqui eram detidos os indivíduos que cometessem infracções mais graves ao código académico e mesmo actos do foro criminal. Um dos delitos mais comuns era o roubo de livros.
Capela de São Miguel
Quem ande pelo Paço das Escolas, nome dado ao amplo espaço que constitui o núcleo da antiga Universidade de Coimbra, não poderá deixar de reparar numa bonita porta perdida na longa parede branca. Na verdade, há diversas portas lindíssimas no Paço das Escolas mas esta é especialmente impressionante.
Trata-se da entrada para a Capela de São Miguel, um dos pontos a que o bilhete de visita à Universidade oferece acesso.
A capela original é da época de Dom Afonso Henriques, construída como seu templo privada durante o tempo em que residiu em Coimbra esse monarca. Daí o seu nome, alusivo ao arcanjo de São Miguel, tido como protector do rei.
O que hoje visitamos data quase integralmente do início do século XV, tendo uma clara influência do estilo Manuelino – uma interpretação portuguesa do generalizado gótico, com a introdução de elementos decorativos de inspiração náutica.
Apesar da actual capela, com planta em forma de cruz latina, datar do século XV, alguns dos seus elementos foram adicionados posteriormente. É o caso do revestimento de azulejos, aplicado em 1613 com peças produzidas em Lisboa, e do retábulo-mor, decorado em talha dourada e criado no século XVIII.
O órgão, datado de 1737, conta com mais de dois mil tubos. Quando se passa sob o enorme instrumento pode-se reparar na curiosa decoração com motivos orientais. Foi mandado construir pelo rei D. João V, mas não para esta capela. Essa é a razão da sensação de desproporção observada: o órgão é enorme para o espaço da capela. Note que o instrumento mantém-se operacional, sendo usado excepcionalmente em concertos e missas celebradas no templo.
Se olhar para cima, sobre o espaço destinado aos elementos do coro, verá uma varanda ou balcão: trata-se da tribuna real, onde a família real ia à missa ou a outras cerimónias religiosas.
Em 2015 teve lugar uma obra de reabilitação da capela, seguindo uma filosofia de intrusão mínima.
Para mais informações sobre a capela, incluindo uma detalhada linha de tempo assinalando todas as intervenções e renovações efectuadas, leia este artigo no site da Universidade.
Palácio Real
O chamado Palácio Real encontra-se do lado direito do Paço das Escolas, reunindo uma série de espaços importantes, três dos quais estão abertos ao público e podem ser visitado com o bilhete geral para a Universidade.
O edifício data do século X e no período islâmico foi usado como sede do poder local. A partir de 1131 viveu aqui D. Afonso Henriques, convertendo Coimbra na capital do novo reino de Portugal.
Destaque para a chamada Via Latina, a varanda que cruza toda a fachada principal do palácio e que foi construída em 1773. É na sua escadaria que tradicionalmente são tiradas as fotografias de final de curso, aquando da colocação das Fitas na pasta académica.
Sala das Armas
Aqui se encontram expostas as armas usados pela Guarda Real Académica, um corpo destinado a assegurar a segurança do reitor, da própria universidade e das zonas da cidade sob jurisdição académica. Zelavam também pela Prisão Académica, que pode ser visitada no edíficio da Biblioteca Joanina.
A partir de 1836 estes guardas passam a ser conhecidos como “archeiros” e ainda hoje existem. Envergam uma farda concebida em meados do século XX e usam as armas expostas nesta sala em ocasiões académicas solenes.
Observe-se aqui os bonitos azulejos integrados nas paredes e a decoração do tecto, com o destaque para o Escudo Nacional.
Junto à Sala de Armas encontra-se a Sala Amarela, que deve a sua cor à Faculdade de Medicina, pois aqui se reunia a Congregação dessa Faculdade. Vêem-se aqui os quadros representando todos os reitores dos últimos três séculos.
Sala dos Actos Grandes
O local mais importante da Universidade, a sala onde foram e são realizadas as cerimónias de elevada importância. Além disso, foi daqui que o rei de Portugal governou entre 1143 e 1383, ou seja, foi a sala do trono.
Aqui se deu a aclamação do rei D. João I em 1385, um momento determinante na História de Portugal que garantiu a independência do país.
Após a instalação da Universidade tornou-se na sala mais importante do estabelecimento de ensino. Aqui se dão as defesas de tese de doutoramento e a atribuição de doutoramentos honoris causa, como aconteceu com o do general Franco, naquilo que pode ser interpretado como um acto diplomático para fortalecer a relação com o país vizinho numa época complicada.
O que hoje vemos resulta da última grande renovação da sala, que teve lugar em meados do século XVII.
A configuração atual desta sala resulta da renovação que foi realizada em meados do século XVII. Foram por essa altura aplicados os bonitos azulejos que decoram as paredes da sala e o tecto passou a apresentar quase duas centenas de painéis exibindo motivos como monstros marinhos, índios, sereias e plantas. Existe uma colecção de pinturas de todos os reis de Portugal.
O visitante não entra efectivamente na sala, observando-a de cima, passando através de uma longa galeria cujas paredes estão adornadas por azulejos. Destaque para uma antiga escultura de um arcanjo que se encontra sensivelmente a meio dessa galeria.
Sala do Exame Privado
Na época em que Coimbra albergou o palácio real, este espaço era usado como alojamento do rei e da sua família. Após a chegada da Universidade passou a ser sala de exames para os licenciados. O nome advém da natureza do exame, sempre realizado ao final da tarde e efectuado à porta fechada, apenas na presença do examinado e dos examinadores.
Este sistema manteve-se até ao século XVIII, tendo terminado na sequência das reformas educativas do Marquês de Pombal.
Atente na cobertura da sala, datada de 1701 e decorada com o escudo nacional e elementos alusivos às Faculdades clássicas: a teologia, representada pela cruz e pelo sol. as leis, pela balança e pela espada, a medicina, pela cegonha e pelo caduceu de Hermes (aquele símbolo que vemos sempre nas farmácias) e os cânones, com a tiara papal.
Nas paredes estão expostos retratos dos reitores, desde o século XVI ao século XVIII.
Faculdades e Alta de Coimbra
As faculdades novas são um repositório de arquitectura característica do Estado Novo. Foram construídas na parte alta de Coimbra, nos anos 50, coabitando com alguns edifícios de séculos anteriores.
Foi por esta altura que, por assim dizer, a Universidade tomou em definitivo conta da parte mais alta da cidade, tornando-se esta um grandioso campus. A organização espacial denota os princípios grandiosos das arquitecturas de influência nacionalista da primeira metade do século XX, que em Portugal transitaram para as décadas de 50 e 60 sob a designação de Estado Novo.
A coordenação do projecto esteve a cargo do arquitecto Cottinelli Telmo (foi também realizador de cinema sendo responsável por A Canção de Lisboa), o mesmo que em 1940 dirigiu as obras da Exposição do Mundo Português, das quais resultou a Belém que conhecemos em Lisboa.
Cottinelli Telmo começa a trabalhar na revolução da Alta de Coimbra em 1943, seguindo os preceitos do estilo Neoclássico em que assenta a arquitectura Estado Novo. Falecendo em 1948 não viveu para ver terminado o grande projecto de Coimbra.
Infelizmente foi preciso sacrificar um vasto património histórico, simplesmente demolido para dar lugar ao grandioso projecto da nova Universidade.
Dos trabalhos resultaram uma série de edifícios principais: para além das Faculdades, a Biblioteca e as Escadas Monumentais, entre outros.
Faculdade de Letras
Originalmente criada em 1911, ganhou um novo edifício no início dos anos 50. A actual Faculdade, desenhada pelo arquitecto Alberto Pessoa, foi inaugurada em Novembro de 1951. A obra do artista Barata Feyo tem aqui bastante peso: os portões monumentos, em ferro forjado, estão adornados com figuras criadas por alunos de Barata Feyo na Escola de Belas Artes, alusivas a obras clássicas. As quatro estátuas visíveis no exterior do edifícios representam a Eloquência, a Filosofia, a História e a Poesia, e são da autoria do próprio Barata Feyo.
No átrio de entrada há dois belos frescos: a Alegoria da Antiguidade Clássica, de Joaquim Rebocho; e a Alegoria da Glorificação do Génio Português, da autoria de Severo Portela.
Já agora, o artigo na Wikipedia sobre a Faculdade de Letras é excelente.
Faculdade de Medicina
O edifício da Faculdade de Medicina de Coimbra foi desenhado por Lucínio da Cruz e a inauguração dá-se em 1956.
A Faculdade de Medicina está adornada no exterior por uma série de altos-relevos, num estilo bem característico da arquitectura do Estado Novo. Nas portas centrais observam-se seis destas peças, esculpidas por Euclides Vaz, que representam os seis portugueses que mais se tinha distinguido até aquela altura na área da medicina.
No átrio pode-se ver um fresco de Severo Portela Júnior que representa a evolução da medicina e um grande relevo dedicado à mesma temática, da autoria de Vasco Pereira da Conceição.
Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologia
O edifício que alberga o Departamento de Matemática foi inaugurado a 17 de Abril de 1969, num acto que se tornou histórico ao marcar o início da Crise Académica. Foi neste edifício que naquele dia de Primavera os estudantes foram impedidos de falar, o que precipitou uma situação que já germinava.
Por essa altura já os estudantes pediam a reintegração de colegas afastados por razões políticas e a democratização do ensino. Perante a recusa de tomarem a palavra ocuparam a sala. Nos dias que se seguiram as forças policiais e militares ocuparam o campus e o reitor e o ministro da educação demitiram-se. Diversos líderes estudantis foram detidos e uma série de estudantes foram incorporados no Exército e enviados rapidamente para o Ultramar.
Observe os baixos-relevos na fachada principal, esculpidos por Gustavo Bastos, que representam A Matemática como Ciência da Natureza e A Matemática como Ciência do Pensamento. No átrio do edifício podem-se ver dois frescos de grandes dimensões pintados por Almada Negreiros.
Departamento de Físico Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia
O último dos grandes edifícios da nova cidade universitária da Alta de Coimbra a ser terminado. As obras estenderam-se por três décadas, tendo sido iniciadas em 1942 e terminadas em 1975. Foi desenhado por Lucínio da Cruz.
Biblioteca Geral
A Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra integra-se com conjunto da Alta de Coimbra, tendo sido projectada pelo arquitecto Alberto José Pessoa e inaugurada em 1956. Ocupa o lugar onde antes existia o Colégio de São Paulo Eremita, um edifício do século XVI demolido para dar lugar à Biblioteca. Observe na sua fachada principal os baixos-relevos, tão ao estilo Estado Novo, criados pelos escultores Duarte Angélico e António Duarte.
Arquivo
Também o edifício do Arquivo da Universidade foi desenhado pelo arquitecto Alberto José Pessoa. Os trabalhos de construção iniciaram-se em 1943, tendo terminado cinco anos depois, notabilizando-se por ser o primeiro edifício a ser terminado na nova Cidade Universitária de Coimbra.
Aqui se encontra guardado o diploma dos Estudos Gerais em Portugal, emitido por D. Dinis, que reinou entre 1279 e 1325.
Escadas Monumentais
Esta escadaria com 125 degraus liga a praça D. Dinis, na Alta de Coimbra, tida como o limite nascente da cidade universitária, ao local onde se encontram as ruas Oliveira Matos, Venâncio Rodrigues e Castro Matoso. Já agora, recomendo a excelente pastelaria, restaurante e padaria que se encontra ao fundo das escadas. Chama-se simplesmente Universidade.
As Escadas Monumentais foram um ponto central durante a Crise Académica de 1969, assistindo a uma aparatosa carga policial sobre os estudantes.
Antes da construção das Escadas Monumentais existiam ali outras escadas, bem mais modestas, mas que cumpriam a mesma função.
Jardim Botânico Universitário
O Jardim Botânico de Coimbra está ligado à Universidade, ocupando uma posição central na cidade e oferecendo um abrigo de serenidade e frescura a quem quer que ali deseje repousar ou descontrair um pouco.
Existem diversas entradas para o Jardim Botânico. Uma delas localiza-se próximo da Escadaria Monumental, na sua parte de baixo. Outra, menos utilizada, fica próximo da margem do rio, não muito longe do Museu dos Transportes Urbanos.
No Jardim Botânico de Coimbra encontramos tudo aquilo que é suposto num espaço deste tipo: estufas, árvores de diversas espécies, zonas ajardinadas, bonitas fontes, mata, construções centenárias. E depois, as surpresas, como o caminho através de uma floresta de bambu e uma pequena capela, chamada de São Bento.
E agora um pouco de história: o jardim foi criado em 1772 pelo Marquês de Pombal, extendo-se por 13 hectares, um vasto terreno que foi maioritariamente doado para o efeito pela ordem dos Beneditinos.
O objectivo era apoiar com estudos prácticos as matérias lecionadas em História Natural e da Medicina. Aqui trabalhou o naturalista Avelar Brotero, que organizou a primeira escola de Botânica e se distinguiu pela qualidade das suas publicações científica, incluindo o primeiro levantamento exaustivo das espécies vegetais existentes em Portugal, o Flora Lusitana (1804).
Poderá consultar o website oficial do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra onde existe muita informação complementar sobre o espaço.
A entrada no Jardim Botânico Universitário de Coimbra é livre mas condicionada ao horário: de 01 de Abril a 30 de Setembro,das 9h-20h; de 1 de Outubro a 31 março, das 9 às 17h30.
Museus
Museu Machado de Castro
O Museu Nacional Machado de Castro será provavelmente o mais importante museu da cidade de Coimbra e um dos mais relevantes na área das Belas Artes a nível nacional. É gerido pelo município e Está instalado na parte alta de Coimbra, próximo das faculdades e do Museu da Ciência.
O Museu foi criado em 1911, tendo evoluído ao longo de mais de um século, com as suas instalações a crescerem gradualmente. O seu núcleo ocupa o antigo Paço Episcopal, ou seja, a residência do bispo de Coimbra, e em 2012 foi inaugurada uma nova ala. Surpreendentemente inclui também um segmento de origem romana, o criptopórtico, composto por uma rede de galerias e espaços ligados entre si.
A nova estrutura foi projectada por Gonçalo Byrne, ligando o criptopórtico ao antigo Paço Episcopal e acolhendo agora a maioria da colecção do museu assim como um café-restaurante com esplanada.
O espólio do Museu Machado de Castro divide-se em quatro secções: arqueologia, escultura, pintura e artes decorativas.
A arqueologia é a menos representada, limitando-se a alguns artefactos recolhidos na parte alta de Coimbra, onde os romanos se estabeleceram.
As peças de escultura datam de um período que vai desde o século XI ao século XVIII. Com um período de tempo tão alargado, ficam cobertas diversas fases e técnicas. Há trabalhos em madeira, terracota e pedra, quase todas de origem portuguesa. Do lote destacam-se Cristo Morto no Túmulo e Cristo Negro. Para além das obras de autores nacionais existem peças flamengas e de escultores estrangeiros estabelecidos na região.
Quanto à pintura, a colecção inicia-se cronologicamente no século XV, com Senhora da Rosa e o políptico de Santa Clara, ambos de autores desconhecidos. As salas de exposição encontram-se preenchidas com muitas outras telas de pintores portugueses, sendo as mais recentes do século XX.
Depois há as artes decorativas, com peças de ourivesaria, joalharia, têxteis, mobiliário e cerâmica. Além das peças de produção nacional o Museu dispõe de uma colecção composta por elementos provenientes do Extremo Oriente, nomeadamente da China e do Japão.
No website oficial do Museu encontram-se descrições detalhadas sobre as colecções e sobre a história da instituição. Além disso, pode-se ler uma excelente história dos edifícios e do museu.
Aberto às Terças-feiras das 14h às 18h e de Quarta-feira a Domingo das 10h às 18h. Bilhete custa 6 Euros. As crianças até 12 anos não pagam e no primeiro Domingo de cada mês a entrada é gratuita.
Museu da Ciência
O Museu da Ciência de Coimbra é universitário e o seu acesso está incluído no bilhete de visita à Universidade.
Encontra-se instalado no chamado Laboratorio Chimico, um edifício mandado construir pelo Marquês de Pombal em 1772, e no antigo Colégio de Jesus, do outro lado da rua.
No primeiro encontra-se a exposição interactiva Segredos de Luz e da Matéria e exposição Visto de Coimbra, dedicada à presença dos Jesuítas na cidade. Há aqui espaço para exposições temporárias. Por exemplo, em 2020 estava patente ao público uma mostra dedicada a Darwin e à sua Teoria da Evolução. O Laboratorio Chimico foi renovado para albergar estas exposições e abriu ao público em finais de 2006.
O edifício do antigo Colégio de Jesus alberga o núcleo histórico do Museu da Ciência, com espaços museológicos que remontam a meados do século XVIII. Aqui se encontra o Gabinete de Física e a Galeria de História Natural, com as salas de Vandelli (Domingos Vandelli foi o primeiro professor de química no Laboratorio Chimico e o seu trabalho de maior destaque relaciona-se com a pólvora, tendo as suas investigações causado furor nos meios académicos da altura), das Viagens Filosóficas, do Mar, de África, das Avestruzes e de Portugal. No mesmo edifício encontra-se a Galeria de Mineralogia José Bonifácio de Andrada e Silva e a Galeria Académica, mas estas nem sempre estão disponíveis para visita pública.
Existe um projecto em curso para a requalificação do complexo do Colégio de Jesus, mas por enquanto ainda se podem visitar as suas salas e ficar-se com o sabor de uma viagem no tempo, algo que, receio, se irá perder com a modernização.
Como disse, quem comprar o bilhete geral para visitar a Universidade tem acesso ao Museu da Ciência, mas se desejar visitar apenas este museu poderá fazê-lo pagando 5 Euros pelo ingresso. Os bilhetes podem ser comprados online ou na bilheteira da Universidade, localizada na mesma rua. Será melhor confirmar horários actualizados na respectiva secção do site oficial da Universidade.
Casa-Museu Bissaya Barreto
A Casa-Museu Bissaya Barreto foi residência do ilustre professor catedrático com o mesmo nome. É hoje um dos vários locais ligados à Fundação Bissaya Barreto que se podem visitar, assim como o Portugal dos Pequeninos.
Infelizmente não pude visitar aquando da minha passagem por Coimbra pois deixei para o último dia e encontrei o espaço encerrado (devia ter consultado o seu website mas fiei-me na informação do Google).
Mas abriu-me o apetite. Espreitei do exterior e fiquei cheio de curiosidade e de vontade de voltar para ver por dentro.
Voltemos ao princípio. Dr. Fernando Bissaya Barreto (1886-1974). O professor na Faculdade de Medicina e médico cirurgião viveu os últimos cinquenta anos da sua vida nesta residência.
Hoje em dia o espaço pode ser visitado, atraindo pela atmosfera tranquila do jardim bem cuidado, pelo interesse arquitectónico da casa, pela recriação de espaços da vida quotidiana de meados do século XX e, claro, pelas colecções de arte reunidas pelo filantropo.
O jardim era muito apreciado pelo professor, que o descrevia afectuosamente como “o seu refúgio”. Para além da frescura do verde e dos canteiros de flores, observamos o seu enriquecimento com peças de estatuária e com uma fonte de ferro, forjada em França no início do século XX. A um canto, encontramos uma bela magnólia que se pinta de branco todos os anos, entre Janeiro e Fevereiro. Neste espaço existem dois bonitos painéis de azulejos. Um deles foi criado em Lisboa e denota influência barroca, enquanto o outro, mais antigo, data do século XVI.
Entrando-se na casa pode-se visitar a biblioteca do antigo proprietário e o seu escritório, um espaço mais pequeno e intimista. O quarto do professor está também aberto ao público. Existiam quatro outras divisões no mesmo piso, que foram unidas de forma a criar-se um espaço de exposições onde se podem admirar as peças do acervo da casa-museu.
Aqui encontrará peças de porcelana chinesa, faiança portuguesa e uma colecção de pinturas de autores nacionais de nomes como José Malhoa, Fausto Gonçalves, Eduarda Lapa, Souza Pinto, José de Brito, Maria de Lourdes de Mello e Castro, José Girão, Fausto Sampaio e Alberto Sousa. Por fim, de referir as peças de escultura de origem portuguesa e italiana.
A casa-museu Bissaya Barreto está aberta ao público de 3.ª a 6.ª feira, das 11:00 às 13:00 e das 15:00 às 18:00.
Se está interessado na Casa-Museu Bissaya Barreto e quer aprender mais ou verificar horários actualizados, pode visitar o seu website oficial.
Museu da Santa Casa da Misericórdia de Coimbra
Este museu abriu portas em 2000, estando instalado no antigo Colégio de Santo Agostinho, mesmo ao lado da Torre de Anto.
O edíficio foi construído entre 1593 e 1604, com o apoio do então bispo de Coimbra, D. Jorge de Almeida. Manteve-se em actividade como Colégio universitário até 1834, ano em que passou para as mãos da Santa Casa da Misericórdia. Funcionou depois como orfanato até 1966.
A sua colecção divide-se em cinco secções: pintura, escultura, ourivesaria, roupas e trajes eclesiásticos e mobiliário.
A pintura é a mais importante, com uma série de retratos a óleo de Provedores e Benfeitores da Irmandade cujas datas vão desde o século XVII ao século XX. Para além dos muitos retratos existentes destaque para as cinco telas do século XVIII da autoria de André Gonçalves, que glorificam os aspectos cénicos da tela.
No que toca a escultura, nota para os trabalhos do Renascentista João de Ruão, como o o retábulo em alto-relevo representando Nossa Senhora da Misericórdia (1550) e a Visitação de Maria, também de meados do século XVI. Observe-se o grupo escultórico da Deposição de Cristo no Túmulo, da época tardo-gótica, ou seja, do início do século XVI. Mais ou menos da mesma época são as duas esculturas de vulto de Nossa Senhora da Piedade, talhadas em pedra calcária e policromada.
Outras esculturas de vulto a destacar: imagem de Nossa Senhora do Carmo, Santo Agostinho, São Francisco Xavier (toda do século XVIII). Em faiança policromada pode-se ver um Menino Jesus do Bussaco, datado do século XVIII, que assenta numa plataforma de cortiça. Por fim, há um Cristo Crucificado em marfim policromado, de origem indo-portuguesa, criado no século XVII.
As peças de ourivesaria foram de uso litúrgico, com vários exemplares de datas que oscilam entre os séculos XVII e XIX.
Há uma ampla colecção de paramentaria, ou seja, de roupas cerimoniais de natureza eclesiástica e muitas peças de mobiliário, a maioria do século XVII em estilo ‘joanino’ e D. José I.
A visita é enriquecida por uma passagem pela capela da Misericórdia. Tem uma nave central e seis capelas laterais. Foi consagrada em 1637, com uma abóbada ricamente decorada, inclusive com elementos alusivos à epopeia marítima portuguesa. Nota aqui para o órgão, do século XVII, ainda em uso.
O Museu da Santa Casa da Misericórdia de Coimbra está aberto de segunda a sexta-feira, entre as 9h30 e as 12h30 e entre as 14h e as 17h.
O preço de entrada é de 2€. Famílias e grupos têm desconto de 50%. Crianças até aos 12 anos têm entrada livre.
Museu da Água
Este museu situa-se junto à margem do rio Mondego, não muito longe do centro histórico de Coimbra e pode perfeitamente ser incluído numa visita à cidade, mesmo por quem não quer usar transportes públicos ou a sua viatura própria.
Foi criado em 2007 e a sua colecção é inteiramente dedicada à história do abastecimento de água à cidade, à biodiversidade do rio e à relação da urbe com o rio Mondego.
Existe um espaço para exposições temporárias que é intensamente utilizado e há também frequentes conferências e outras actividades ligadas à temática do museu.
Os edíficios, localizados no parque ribeirinho Dr. Manuel Braga, foram desenhados pelos arquitectos João Mendes Ribeiro, Alberto Lapa e Paolo Monzo.
Junto à entrada do museu pode-se observar um barco tradicional no Mondego, a chamada barca serrana.
O museu está aberto de Terça-feira a Domingo das 10:00 às 13:00 e das 14:00 às 18:00. A entrada é gratuita.
Museu dos Transportes Urbanos de Coimbra
Apesar do nome deixar antever um projecto mais ambicioso, este museu limita-se a expor uma série de carros eléctricos que foram preservados depois da sua desactivação em Coimbra, que se deu em 1980. Dois anos depois abriu ao público este museu.
O museu fica próximo da margem do Mondego, sendo facilmente alcançado a pé desde o centro da cidade. Pode também chegar até ele descendo o Jardim Botânico até próximo do rio e saindo por ali. Está instalado num edifício datado de 1909 que constitui um bom exemplo de arquitectura industrial da Coimbra do início do século XX.
Aqui encontrará o testemunho de 69 anos de utilização de carros eléctricos na cidade de Coimbra.
Quem for um apaixonado por esta temática não deverá deixar de visitar o museu podendo ler mais sobre o mesmo numa série de quatro artigos publicados no blogue Acerca de Coimbra, ficando aqui o link para o primeiro desses textos.
Igrejas e Conventos
Sé Velha
A Sé Velha é o templo católico mais importante da cidade de Coimbra. Encontra-se no centro da cidade antiga, a meio da colina encimada com a Alta de Coimbra. Apesar de já no local ter existido uma outra igreja, a Sé Velha foi construída na segunda metade do século XII (a inscrição de 1117 deve-se ao aproveitamente da pedra de sagração da anterior igreja).
O projecto foi desenhado pelo mestre francês Roberto, que em simultâneo dirigiu a construção da Sé de Lisboa. O edifício, algo austero, assenta nos princípios arquitectónicos da segunda fase do Românico. Tem poucas aberturas para o exterior e uma coroa de ameias que lhe conferem um aspecto marcial inspirado na época pelo ambiente da Reconquista. Curiosamente, nota-se um toque de design islâmico no portal.
Ao longo dos tempos foram realizadas adições e remodelações, com destaque para as q7ue foram efectuadas ao longo do século XVI, datando dessa altura o retábulo da capela-mor, criado em Gótico Flamejante pelos flamengos Olivier de Gand e Jean d’Ypres.
A Porta Especiosa surgiu também por esta altura, criada pelo mestre João de Ruão, que revela elaborada ornamentação em estilo Renascença.
A Sé Velha tem um papel imporante nas tradições universitárias: é na sua escadaria que se realiza a serenata monumental que marca o início das cerimónias da Queima das Fitas, uma ocasião de grande penso emocional para os estudantes, especialmente para os finalistas que se despedem daqueles que serão provavelmente os anos mais marcantes das suas vidas.
A Sé Velha está aberta a visitantes todos os dias das 10:00 às 17:30, excepto ao Domingo, quando o horário é das 11:00 às 17:00. Quando decorrem serviços religiosos a visita não é permitida. A entrada implica uma contribuição de 2,50 Euros.
Sé Nova
A Sé Nova, também conhecida como “Colêgio das Onze Mil Virgens”, localiza-se na zona alta de Coimbra. Foi construída pelos Jesuítas, tendo sido construída ao longo de cem anos (1598-1698). O seu projecto, da autoria de Baltazar Álvares, baseia-se no do mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa. O estilo Maneirista predomina, mas devido ao longo período de construção foi substituído pelo Barroco no sector mais elevado da fachada frontal.
Com a expulsão dos Jesuítas de Portugal em 1759, a sede episcopal de Coimbra foi para aqui transferida, já que era esta igreja mais espaçosa do que a Sé Velha. Apesar da expulsão, as quatro figuras da Ordem dos Jesuítas que adornavam a fachada permaneceram, podendo hoje ser ali vistas: Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier, São Francisco de Borja e São Luís Gonzaga.
O exterior do templo é sóbrio, como costume nos edíficios Jesuítas. O interior tem apenas uma nave, com bonitas decorações em talha dourada no transepto e na capela-mor. Existem seis capelas laterais, com altares em estilo barroco, dedicados a Nossa Senhora das Neves, a São Tomás de Vilanova, ao Santíssimo Sacramento, a Santo António, à Ressurreição e a Santo Inácio.
No retábulo-mor nota para os nichos que albergam imagens de Inácio de Loyola, Francisco de Borja, Francisco Xavier e Estanislau Kostka assim como uma pintura de dimensões consideráveis representando o Presépio.
O cadeiral da capela-mor foi encomendado pelo bispo D. João de Melo, no século XVII, e trazido da Sé Velha, assim como uma pia batismal esculpida em estilo gótico-manuelino.
Quem tiver interesse em aprofundar os seus conhecimentos sobre a Sé Nova, poderá encontrar aqui um PDF da Direcção Regional de Cultura do Centro com um trabalho detalhado (82 páginas), intitulado precisamente A Sé Nova de Coimbra.
Terça-feira a Sábado: das 9:30 às 12:30 e das 14:00 às 18:30; Há missas de Terça-feira a Sábado às 18h00 e aos Domingos e Dias Santos às 11h00 e 19h00. Encerra para visitas ao Domingo, Segundas-feiras e Feriados civis.
Igreja de Santa Cruz
Localizada bem no centro da cidade, ao lado da Câmara Municipal e de um dos cafés mais emblemáticos da cidade, o Café de Santa Cruz, esta igreja é de visita essencial para quem quer que venha conhecer Coimbra.
É uma igreja medieval, muito antiga, onde se encontram os restos mortais do rei D. Afonso Henriques, fundador de Portugal, e do seu filho, D. Sancho I.
A igreja está aberta ao público de Segunda-feira a Sábado das 11:30 às 16:30 e aos Domingos e feriados religiosos entre as 14:00 e as 17:00. Nos feriados civis o horário não está estabelecido. O preço do bilhete é de 3 Euros.
Ruínas do Mosteiro de Santa Clara
Localizadas na margem sul do Mondego, logo após a passagem pela ponte de Santa Clara, existem umas ruínas que correspondem ao antigo Mosteiro de Santa Clara, abandonado em virtude das frequentes cheias fluviais.
Foi começado a construir em 1314, tomando o logar de um pequeno convento existente no local desde 1286. Ficou terminado em 1330, seguindo um plano de Domingos Domingues, que já tinha trabalhado no Mosteiro de Alcobaça.
No século XVII o rei D. João IV ordenou a construção de um novo convento numa posição mais elevada, que é conhecido como o de Santa Clara-a-Nova e que substituiu em definitivo o velho convento a partir de 1677.
Ao longo dos trezentos anos que se seguiram o convento original foi deixado ao abandono, tendo-se transformado em ruína. No final do século XX a estrutura foi recuperada e dos trabalhos arqueológicos efectuados resultou a recuperação de uma completa colecção de artefactos, uma boa parte dos quais pode ser vista no centro interpretativo existente no local.
5 Euros. De Outubro a Abril das 10h às 17h, e de Maio a Setembro das 10h às 19h. Encerra às Segundas-feiras.
Convento de Santa-Clara-a-Nova
Este convento encontra-se junto à margem sul do rio Mondego, podendo caminhar-se facilmente até ao locado, desde o centro, atravessando a ponte de Santa Clara.
Foi mandado construir em meados do século XVII, para substituir o antigo convento de Santa Clara, localizando um pouco mais abaixo e muito exposto às cheias frequentes do rio. Começou a ser usado pela comunidade de freiras da Ordem da Clarissas em 1677.
O convento foi projectado por João Torriano, um frade beneditino, engenheiro-mor do reino e ainda professor de matemática da Universidade. Um estilo é claramente Maneirista.
Actualmente encontra-se aberto ao público, destacando-se no interior o túmulo onde se encontram os restos mortais da rainha Santa Isabel, cuja pedra foi talhada em 1330 pelo mestre Pêro. Encontra-se sob o altar-mor, assim como os claustros, adicionados em 1730 e projectados pelo famoso arquitecto húngaro Carlos Mardel.
Em 1891 faleceu a última das freiras residentes e com a sua partida colocou-se um ponto final no convento enquanto comunidade religiosa. Foi criada a Confraria da Rainha Santa Isabel que passou a gerir os espaços do complexo, passando a funcionar ali um colégio missionário que se manteve activo até à implantação da República em 1910.
Com a revolução os edifícios foram entregues ao Exército que ali permaneceu até 2006.
Poderá encontrar mais informações sobre o convento no seu website oficial, incluindo uma detalhada história.
5 Euros. De Outubro a Abril das 10h às 17h, e de Maio a Setembro das 10h às 19h. Encerra às Segundas-feiras.
Outras Coisas
Rua da Sofia
A Rua da Sofia é uma parte integrante da baixa de Coimbra e está incluída na lista de elementos considerados Património Mundial da Humanidade pela UNESCO. Mas quem foi esta Sofia? Ninguém. A palavra Sofia é usada no nome da rua no sentido original, do grego clássico, que significa Sabedoria.
Foi em 1535 que foi criada e na altura seria uma das ruas mais longas da Europa. Era inusitadamente ampla, com cerca de 450 metros de comprimento e uma largura de 12 metros.
Ali se instalaram conventos e colégios ligados à Universidade e durante séculos foi a principal entrada e saída da cidade para quem viajava para Norte. Os principais edifícios eram – e são – os colégios do Carmo, da Graça, de São Pedro, de São Tomás, de São Bernardo, de São Boaventura, o Convento de São Domingos, o Palácio da Inquisição, a Igreja de Santa Justa, e o Colégio das Artes.
Estes edifícios históricos estão devidamente assinalados, tendo um painel explicativo junto deles. Pode ver mais detalhes sobre cada um destes Colégios na secção da Rua da Sofia no website do Património Português:
“O Colégio do Carmo (MN) foi construído a partir de 1540, tendo a igreja ficado concluída em 1597 e o claustro em 1600. Dos edifícios quinhentistas e seiscentistas subsiste apenas uma parte, bem como a igreja, sendo o conjunto hoje ocupado pela Ordem Terceira de S. Francisco, que lhe introduziu consideráveis alterações no século XIX.
O Colégio da Graça (MN) foi fundado em 1543 e incorporado na Universidade em 1549, recebendo então um projecto da autoria do arquitecto Diogo de Castilho, que aqui estabeleceu o esquema dos restantes colégios de Coimbra, integrando um erudito receituário de modelos clássicos. O edifício foi ocupado por um quartel militar, já retirado, mas cuja permanência implicou uma série de construções modernas, desvirtuando as características arquitectónicas e as funcionalidades originais.
Os Colégios de São Pedro e São Tomás possuem actualmente valências muito diversas, sendo este último a sede do Palácio da Justiça, depois de ter servido como moradia nobre; o seu portal principal (MN), riscado igualmente por Castilho, está no Museu Machado de Castro. Do Colégio de São Boaventura resta a igreja, sem afectação ao culto, e hoje propriedade particular. O que resta do Colégio de S. Bernardo, particularmente os claustros, está ocupado por casas particulares, embora parte da cerca pertença à Câmara. O Colégio das Artes encontra-se em recuperação, integrando um Centro de Artes Visuais.
O Convento de São Domingos (MN), edifício quinhentista destinado a substituir a primitiva casa fundada pelas infantas D. Branca e D. Teresa no século XII, é hoje um espaço inteiramente descaracterizado, onde funcionam galerias comerciais. Este imponente edifício foi traçado pelo arquitecto e engenheiro militar Isidoro de Almeida, introduzindo alterações importantes em relação ao modelo castilhano, embora a igreja nunca chegasse a ser terminada.“
A partir de finais do século XIX a rua perde gradualmente a sua ligação com a Universidade, tendo muitos dos seus edifícios sido adaptados para utilização residencial e comercial. Esse afastamento tornou-se definitivo com a construção na parte Alta de Coimbra das Faculdades, o que sucedeu nos anos 50 do século XX.
Funcionalmente a rua da Sofia afasta-nos do centro histórico de Coimbra, funcionando como uma espécie de braço isolado que nos leva até próximo da periferia da cidade, onde encontramos a estação rodoviária e uma das principais saídas da cidade.
Quinta das Lágrimas
A Quinta das Lágrimas é um dos locais a visitar na margem sul do Mondego, podendo-se caminhar facilmente até lá depois de atravessar o rio pela ponte de Santa Clara.
Infelizmente trata-se de uma propriedade privada, a que se tem acesso através do pagamento de um bilhete. Contudo, fica-se com uma sensação de trespasse, de elemento estranho, ao passar-se junto aos locais de práctica de golfe e da área de cerimónias e festas.
A quinta e os jardins remontam ao século XIV, sendo referidos pela primeira vez num documento datado de 1326. Ao longo dos tempos foi mudando de forma e evoluindo. Em 1650 a propriedade foi murada e foram criados caminhos nos matos, tendo sido ajardinadas algumas áreas. Em meados do século XIX foi construído um jardim romântico. Um pouco mais tarde foi colocado o arco e a janela neo-gótica que vemos junto à Fonte das Lágrimas.
Terá sido este um dos cenários essenciais do romance proibido entre o infante D. Pedro e Inês de Castro. A história desta relação proibida é bem conhecida, mas se quiser aprender um pouco mais sobre o assunto poderá ler este artigo.
De uma fonte aqui existente, que pode ser visitada, era levada a água que abastecia o convento de Santa Clara, mesmo aqui ao lado. É conhecida como Fonte dos Amores, por ter sido local de encontro entre Pedro e Inês.
Junto a uma outra fonte, muito próxima, foi morta D. Inês e Castro, manchando o seu sangue as pedras, um vestígio que ainda hoje pode ser observado.
Apesar da longa lista de atracções referidas na brochura que se recebe à entrada, não existe muito mais a ver na Quinta das Lágrimas. Atente-se nas duas sequóias gigantes, plantadas pelo general ingles Wellington, que aqui esteve em 1813 a convite do seu ajudante de campo, António Maria Osório Cabral de Castro, que era então o proprietário da quinta.
Existe um anfiteatro e jardins por onde uma pessoa se pode deixar perder durante algum tempo. Um amplo tanque oferece uma sensação de frescura acrescida.
2,50 Euros. Encerrado às Segundas-feiras. Nos outros dias, aberto das 10:00 às 19:00 de 16 de Março a 15 de Outubro e das 10:00 às 17:00 no resto do ano.
Avenida Sá da Bandeira
A par da rua Ferreira Borges esta é uma das vias mais emblemáticas de Coimbra, apesar de sentir ali um certo aroma a decadência, talvez pela sua posição relativamente periférica numa cidade que se centra na parte alta e na sua face virada para o Mondego.
A história desta avenida inicia-se em 1885, quando a Câmara adquiriu por 22 contos (portanto, cerca de 109 Euros) uns terrenos que no passado tinha pertencido ao Mosteiro de Santa Cruz.
Foi ali que foi construída a avenida Sá da Bandeira, seguindo os padrões então em voga nas grandes cidades europeias, com uma forma de alameda ajardinada ao centro. Os lotes que a ladeavam foram vendidos em hasta pública, ou seja, em sistema de leilão, e ali apareceram aquelas que na altura eram as lojas mais finas e um dos dois cinemas clássicos da cidade, o Avenida.
Os edifícios que se encontravam na avenida Sá da Bandeira no início do século XX eram dos mais bonitos exemplares arquitectónicos da época, mas infelizmente uma boa parte deles acabaram por dar lugar a construção mais recente e desprovida de charme. É o caso do próprio Centro Comercial Avenida, que nasceu da adaptação do antigo cinema.
Mesmo assim resistem alguns elementos notáveis, como é o caso da antiga Escola Primária nº 1, ainda em uso como Escola Básica, conhecida entre os conimbriceneses como Escola de Santa Cruz.
Ao centro surgiu em 1929 um jardim, desenhado pelo arquitecto Jacinto Matos, onde se pode ver o Monumento aos Mortos da Primeira Guerra Mundial, erigido nos anos 30. Ali existe uma agradável esplanada, ideal para relaxar num dia quente, já que se encontra protegida pelas sombras proporcionadas pelas árvores altas existentes no local.
Portugal dos Pequenitos
Criado para as crianças, o Portugal dos Pequenitos vai perdendo a sua audiência inicial. Conquistada por atractivos mais recentes, habituada a estímulos mais fortes, a criançada pode ainda reagir às pequenas construções do Portugal dos Pequenitos, mas cada vez menos.
Para os adultos, vir até este local pode significar uma viagem no tempo. Foi inaugurado a 8 de Junho de 1940, fortemente marcado pelos conceitos estéticos e pela ideologia do Estado Novo, encontra-se ainda hoje carregado da simbologia do Portugal Ultramarino. É como que uma Exposição do Mundo Português (organizada precisamente em 1940) em miniatura, com mini-pavilhões dedicados a cada uma das antigas colónias incluindo, naturalmente, o Estado Português da Índia.
A ideia original da criação do Portugal dos Pequenitos foi do Dr. Bissaya Barreto, cirurgião e professor catedrático na Faculdade de Medicina.
O Portugal dos Pequenitos tem diversas áreas. Em Portugal Monumental podem-se ver réplicas de diversos marcos arquitectónicos do país, como a da janela do Convento de Cristo, executada em cantaria pelo mestre Valentim de Azevedo. O Portugal Insular aborda os arquipélagos dos Açores e da Madeira, enquanto a zona dedicada a Coimbra dá o merecido destaque ao património local. Por fim, as Casas Regionais, que retratam as construções típicas das diversas províncias portuguesas.
No espaço foi criado em 1997 um pequeno museu do traje onde através de trezentas peças o visitante pode observar a evolução no vestir dos portugueses de diversas regiões.
O preço do bilhete para os adultos é um pouco elevado para o que o espaço oferece: 10,50 Euros. Uma família de dois adultos e duas crianças irá gastar 34 Euros para visitar o Portugal dos Pequenitos. Contudo, se vai para visitar Coimbra, há um pequeno truque que adoça o preço da entrada: existem bilhetes combinados com a Universidade de Coimbra. Peça um na bilheteira e de repente terá que pagar apenas 1,50 Euros para entrar no Portugal dos Pequenitos (preço do bilhete combinado, 14 Euros).
De qualquer forma será melhor consultar informação actualizada sobre horários e preços no website oficial.
As Repúblicas
As Repúblicas são residências universitárias, cujas raízes históricas são mais profundas do que possa parecer. Foi em 1309 que o rei D. Dinis decretou a criação de residências para os estudantes da universidade, na altura localizadas na zona de Almedina. Estava criado um modelo de habitação social para estudantes que, evoluindo, se manteve até aos dias de hoje.
Em 1940 foi criado o Concelho das Repúblicas, uma associação representativa do conjunto destas comunidades. Em 1957 tiveram o seu primeiro enquadramento legal moderno. Na década de 60 politizaram-se, tornaram-se bastiões de resistência ao regime, deram abrigo a perseguidos pela PIDE e ali germinaram ideais revolucionárias.
Após o 25 de Abril as Repúblicas afastaram-se de uma das suas vocações recentes – a organização das praxes – e tornaram-se anti-praxe passando mais recentemente algumas delas a ter uma posição não-praxista.
Existem actualmente um pouco mais de duas dezenas de Repúblicas em Coimbra. Em muitos aspectos mantêm-se fiéis aos seus princípios de sempre. O ambiente libertário e boémia reina nestas comunidades e a sua gestão é feita de forma democrática. Os residentes – “repúblicos” – são considerados iguais entre si em direitos e obrigações. Nos anos 40 e 50 a gestão da comunidade era dividida em ministérios, cada qual com o seu ministro. Já se vê, a pasta mais exigente era a do Ministro das Finanças da República. Por essa altura era costume que cada uma das casas tivesse uma senhora para cuidar de boa parte das lides domésticas. Os laços desta com os estudantes eram profundos, como que uma ligação entre mãe e filhos, e dessa relação resultaram amizades para a vida.
Algumas das Repúblicas têm regras de admissão de residentes. Umas, reservadas a estudantes de determinadas faculdades, outras com residentes apenas do sexo feminino ou do sexo masculino. Algumas foram criadas para estudantes provenientes de regiões específicas do país.
Nos últimos anos a situação de algumas destas República tornou-se dramática, debatendo-se com a pressão da especulação imobiliária acentuada pela excelente localização de que a maioria delas goza. Felizmente existem alguns mecanismos de defesa e protecção, activados pela adesão ao estatuto de estabelecimentos e entidades de interesse histórico e cultural ou social local.
Quer visitar uma República? Pode sempre ter a sorte de ser convidado por um repúblico ou simplesmente ir entrando e experimentar a validade da tradição destas Repúblicas de manter as portas sempre abertas a todos e a toda a hora. Seja como for, poderá ver um mapa bastante completo da distribuição das Repúblicas por Coimbra no Google maps. Ora espreite aqui.
Se este assunto lhe interessa recomendo a leitura de um artigo que encontrei, datado de 1999 e ligado à Real República Baco. Mas a melhor fonte de informação que descobri é um documento em PDF, publicado pela Câmara Municipal de Coimbra em 2009 e disponível no website Amigos de Coimbra 70 e que poderá sacar aqui. Este estudo tem 105 páginas e aborda exaustivamente a história de cada uma das existentes República
Para terminar, a lista das Repúblicas, quase todas fundadas entre as décadas de 50 e 60:
- República Farol das Ilhas (1962)
- Real República Spreit-Ó-Furo (1951)
- República dos Galifões (1947)
- República dos Inkas (1954)
- República 5 de Outubro (1967)
- Solar do 44 (1983)
- Solar Residência dos Estudantes Açoreanos (1962)
- Real República Ay-Ó-Linda (1951)
- Real República Rás-Te-Parta (1943)
- Real República Palácio da Loucura (1947)
- Paços da República dos Kágados (1933)
- Real República Baco (1933)
- Real República do Bota-Abaixo (1949)
- República Ninho dos Matulões (1950)
- Real República do Prá-Kys-Tão (1951)
- Real República Boa-Bay-Ela (1954)
- Real República Rápo-Táxo (1956)
- Real República Corsários das Ilhas (1958)
- Solar dos Kapangas (1958)
- Real República Trunfé-Kopos (1960)
- República Kimbo dos Sobas (1963)
- República dos Fantasmas (1969)
- República Rosa Luxemburgo (1972)
- República da Praça (1989)
- Solar Marias do Loureiro (1993).
Cafés Históricos
Na praça 8 de Maio, próximo da Câmara Municipal e mesmo ao lado da igreja de Santa Cruz, encontra-se o Café de Santa Cruz. O edifício onde está estabelecido data do século XVI, sendo na realidade uma antiga igreja, abandonada em 1834.
Foi depois usado como armazém de ferragens, esquadra de polícia, armazém de canalizações, estação de bombeiros e como casa funerária. O actual café nasceu no início dos anos 20 do século XIX, por iniciativa dos empresários Adriano Ferreira da Cunha, Adriano Viegas da Cunha Lucas e Mário Pais, que mandaram adaptar o imóvel às necessidades do novo negócio.
Ganhou então uma fachada em estilo Neo-Manuelino e abriu portas ao público a 9 de Maio de 1923. Em 2002 o espaço foi renovado, encontrando-se hoje ao dispor de quem quer que deseje entrar para um café. Note que existem pequenas actuações de Fados de Coimbra nas suas instalações. Poderá consultar os dias e hora dos eventos visualizando a agenda em formato PDF. Outra opção é consultar a página Facebook do Café Santa Cruz.
A Pastelaria Briosa não se encontra muito longe. Fica na Portagem, na extremidade da rua Ferreira Borges. Abriu em 1955, sendo hoje uma das mais antigas e prestigiadas pastelarias da cidade, apesar de ter perdido o ambiente e a distinção de outros tempos, especialmente após as obras que sofreu em 2018.
Mesmo assim é uma paragem obrigatória para o abastecimento de doçaria regional, como as Arrufadas de Coimbra, as Castanhas de Ovos e os Pastéis de Santa Clara.
Entre os dois estabelecimentos já referidos, também na rua Ferreira Borges, existe o café A Brasileira de Coimbra, criado no século XIX por um investidor que esteve emigrado no Brasil e fez fortuna com o comércio de café. Infelizmente, tal como a Briosa, foi vítima de uma renovação assassina que o descaracterizou completamente. Vale a fachada, que escapou ao mau gosto.
Detalhes de Coimbra
Perto da Sé Velha existe uma casa onde viveu o poeta e cantor Zeca Afonso. Foi estudante em Coimbra, celebrada voz do fado de Coimbra e cantor de intervenção com grande notoriedade nos anos que se seguiram à Revolução de 25 de Abril de 1974.
Junto ao rio Mondego, próximo da Portagem e do magnífico edifício do Banco de Portugal, encontramos o Hotel Astória. Trata-se de um estabelecimento hoteleiro pleno de história, aberto desde 1926, com uma fachada Art Nouveau que merece uma vista de olhos. Foi de uma das suas varandas – devidamente assinalada com uma placa – que o general Humberto Delgado falou à população de Coimbra na sua visita enquadrada na campanha eleitoral para as eleições presidenciais de 1958, que eventualmente conduziram ao seu assassinato por parte de dois agentes da PIDE.
A Rua Direita fica no centro histórica e considero-a a mais pictoresca da cidade. Existem alguns restaurantes e uma tasca deliciosa, um local que é uma autêntica memória viva de outros tempos e com preços também do antigamente. Comi lá uma sandes por 1 Euros, empurrada por uma cerveja que me custou 0,80 Euros.
Onde Ficar em Coimbra
Muitas pessoas preferem ficar no centro histórico e rodear-se por assim dizer em permanência do charme da cidade antiga. No caso de Coimbra fiquei hospedado numa localização que considero ideal, pode detrás das Faculdades, próximo do principal acesso ao Jardim Botânico. É uma área que permite chegar à Universidade com grande facilidade, tendo apenas que subir os cem degraus das escadas monumentais. Por outro lado, para ir até ao rio ou à Portagem, poderá contornar a colina e chegando num instante à rua Ferreira Borges e à Câmara Municipal. Além disso ficará ao abrigo dos, digamos, excessos celebratórios dos estudantes e visitantes estrangeiros que se concentram nas vielas da cidade antiga.
Disto isto, fica a ligação para o AL onde me alojei, que recomendo incondicionalmente. Trata-se dos Ah Studios. Um antigo edifício que foi em tempos residência universitária, renovado com muito bom gosto e dividido em pequenos apartamentos. Adorei. E, que fique registado, não usei de uma borla para escrever umas coisas positivas aqui.
Como chegar a Coimbra
Coimbra encontra-se no centro do país, sendo fácil viajar até lá. Por estrada a deslocação é simples, especialmente se vier por auto-estrada serão 200 km desde Lisboa, cerca de 2 horas de caminho. Já do Porto a distância é menor: 125 km, ultrapassáveis numa hora e um quarto.
As ligações por comboio são boas, mas é preciso um transbordo desde a estação Coimbra B, onde páram os inter regionais vindos do norte e do sul, até à antiga estação ferroviária de Coimbra, localizada mesmo junto ao centro histórico.
Por fim, poderá usar a Rede de Expressos, com partidas de Lisboa, Porto e mesmo Faro, que serve Coimbra bastante bem. Os preços são aceitáveis e existem diversas partidas diárias desde as principais cidades do país. O Terminal Rodoviário de Coimbra localiza-se a cerca de 1,5 km do centro histórico. Poderá caminhar, se lhe apetecer e tiver uma carga leve, ou apanhar um Uber que lhe custará uns de 4 Euros.
Muito bom. Coimbra precisa de alguém que goste dela e que melhore muito a beleza que ela tem. Alguns sítios estão muito degradados…
Oi Ana. Assumo que é de Coimbra ou aí vive 🙂 A única má impressão que colhi da cidade foi do trabalho da autarquia. Aquele shopping no alto das colinas, a (des)ordenação do trânsito, as requalificações que não preservam o tradicional, a recolha de lixo. Tudo 🙂