A manhã foi ainda passada em Izamal. Muito descontraída, já que o que havia para ver tinha sido visto na véspera. É verdade que vagueei um pouco mais pelas ruas e consegui mesmo uma série de fotografias interessantes para complementar a colheita do dia anterior, mas também passei um bom bocado no hotel, a ler um livro com o som da pequena cascata que ali criaram como companhia.
Revisitei os pontos que mais me agradaram. Ocorre-me sublinhar aquele magnífico arco, a fazer lembrar o de Santa Catalina, na cidade guatemalteca de Antigua, e a praça onde as charretes puxadas por cavalos ornamentados aguardam clientes.
Acabei por não subir a pirâmide que se encontra no centro de Izamal. Honestamente é um tipo de lugar que não me desperta grande interesse. Esta, em especial, foi coberta por terra pelos espanhóis e não há muito para ver. É um monte, basicamente. E está calor, subir não é uma actividade agradável.
Tirei mais fotografias. O amarelo de Izamal fascina-me. Foi um local que superou as expectativas, uma ocorrência pouco frequente ao longo desta viagem pelo México. Talvez algumas horas sejam suficientes para visitar a localidade, mas como tinha cinco semanas para gerir não me arrependi de aqui ter passado a noite.
Próxima paragem: Mérida. Mais um percurso num autocarro de segunda categoria. Os meus favoritos, mas pouco usados, porque no México todas as distâncias são monstras e não é viável usar transportes mais lentos. Contudo, de Valladolid para Izamal e daqui para Mérida são a solução ideal.
Um percurso sem grande história. As paisagens no México nunca surpreenderam. Quer dizer, mais para a frente, já mais para norte, sim, os campos de cactos impressionaram. Tirando isso, campos descaracterizados, povoados entre o pobre e o miserável. Pouco interesse em olhar pela janela.
E a chegada a Mérida numa tarde muito quente. Lá em cima o azul domina. Há sol, muito sol, e a cidade fica a ganhar com isso. As cores sublimam-se com esta luminosidade e não tardamos a encontrar o alojamento para estes dois dias que temos reservados para Mérida. Vou direito à questão: o Hotel Medio Mundo foi dos sítios mais cool onde já dormi. Uma casa de fachada linda e com um interior transformado num autêntico oásis e de ambiente calmo. O quarto era fabuloso, espaçoso, bonito, colorido e sossegado. E o proprietário, um uruguaio meio louco, no melhor sentido, revelou-se um anfitrião inigualável, sempre com boa conversa e histórias cativantes.
Estava louco para percorrer aquelas ruas e não me decepcionei. Mérida foi talvez a paragem mais agradável até chegar à Cidade do México. Adorei a cidade. Alguns turistas, mais do que gostaria, mas concentrados no núcleo do centro histórico.
Vi edifícios centenários, multi-centenários. Pracetas pacatas, lojinhas de bairro, casais apaixonados e restaurantes sugestivos. Foi uma tarde de muita caminhada, igrejas espreitadas um Dairy Queen (sou louco pelo blizzard de banana e morango, não consigo resistir-lhe) encontrado, luzes que se acendem à noite uma pastelaria fabulosa assinalada.
Mérida é uma cidade movimentada. Mas não demasiado, não como outras que vim a encontrar no México, onde o trânsito sufoca, esmaga. As ruas enchem-se de pessoas para a hora de ponta, que termina depressa… pelas 19 horas a noite já se instalou e a cidade vai-se esvaziando.
Ainda estou verde no México, ainda vejo perigos e insegurança nas sombras. Mais tarde saberei que poderia andar por aquelas ruas sem problemas mesmo à noite. Mas a calma que se instala rapidamente perturba.
Há contudo ainda tempo para uma passagem pelo zócalo (praça central de qualquer cidade mexicana) e para beber uma tequila num café histórico, no edifício de um teatro com mais de cem anos.
Depois foi regressar a casa, de barriga e alma cheia. Foi um bom dia.
E agora umas imagens do bem amado Hotel Medio Mundo, uma fachada colorida, um quarto maravilhoso….