E chegou ao fim. O último dia na Tunísia, já para descomprimir, com os olhos postos no regresso a Portugal. Foi para Monastir, podia ter sido para Sfax. Na realidade tive alguma dificuldade em escolher o lugar da pernoita para a última dormida.

Primeiro, tinha pensado em Bizerte, uma cidade costeira a norte de Tunis. Depois conheci os anfitriões da capital que me ofereceram estadia para esta última noite. Mas comecei a pensar que fazer uma viagem de Tatouine a Tunis de uma só assentada era algo demasiado doloroso. Depois comecei a olhar para o mapa e Sfax pareceu-me uma alternativa válida. Escrevi um pedido de couch no Couchurfing que foi aceite. Indecisão! Aceitar a hospitalidade generosa dos primeiros ou avançar para uma nova experiência? Quando a anfitriã de Sfax disse que durante o dia ia estar muito ocupada hesitei mais. Entretanto os outros disseram-me que se o meu problema era a viagem longa me poderiam hospedar em Monastir – quase a meio caminho, ficou decidido. Monastir seria!

Então tomámos o pequeno-almoço, mais ou menos igual ao da véspera, e calmamente partimos de Chenini. Uma viagem que ficou marcada pelo número de vezes em que fui parado pela polícia. Penso que cinco vezes. Em todas elas, sem problema algum. Uma inspeção rápida aos documentos do carro e boa-viagem. Por estranho que pareça, apenas numa das vezes me foi pedido o passaporte e nunca a carta de condução.

De caminho parámos em El Jem, uma pequena cidade famosa pelo enorme coliseu romano, muito afamado, Património Mundial da Humanidade da UNESCO, que desempenhou um papel importante no plano de viagem (era para ter passado lá à ida, mas com o tempo cinzento deixei para o regresso quando se esperava céu azul). E o céu foi mesmo a única coisa boa. Não gostei nada da experiência. Frustrante. Monumento mal conservado, mal arranjado, touts, turistas… mau. A paragem valeu pelo break para uma bebida numa esplanada simpática.

Chegámos então a Monastir a meio da tarde. A maior parte da quilometragem foi feita em auto-estrada que é incrivelmente barata na Tunísia.

Com as coordenadas no GPS chegámos até ao nosso anfitrião calmamente.  Fomos apresentados à família, mãe, pai, irmã. Mostrado o nosso quarto, bagagens deixadas, tempo para relaxar um pouco.

Tenho algumas necessidades, apresentadas ao Wifek: lavar o carro, para evitar problemas com a Europcar; comprar tâmaras e halva (uma delícia feita de tahini, usada para comer à colher ou barrar o pão).

A primeira questão foi resolvida com um resultado assombroso. Antes de sairmos para conhecer Monastir com ele, deixámos o carro numa oficina de lavagem a um quarteirão de distância. O custo do serviço era de cerca de 3 Euros. Quando mais tarde fomos levantar o carro fiquei de boca aberta. O carro estava como novo, inclusive alguns riscos documentados na entrega tinham desaparecido. Até o interior tinha sido tratado com todo o rigor, uma maravilha.

Fomos ao centro histórico, caminhámos um pouco, vimos o ribat, a praia, um cemitério antigo.  Andámos também de carro, com cicerone. O Wifek cresceu aqui, conhece bem a cidade. Levou-nos a um bairro fino que foi construído no tempo do ditador Ben Ali, cuja família se apossou de uma área que não era destinada para urbanização e aproveitou a localização de luxo para fazer mais uma pequena fortuna.

Foi um bom passeio, mas creio que Monastir não poderá constar dos meus locais favoritos na Tunísia.

No regresso comprámos tâmaras. Parámos numa frutaria para isso. No tecto estão pendurados cachos e há que escolher uma peça que depois se pesa e paga. Trouxe um cacho com 1,3 kg, paguei menos de 2 Euros. Paraíso para os amantes de tâmaras, como eu.

O drama seguinte foi colocar o meu carro na garagem de um tio do Wifek. Tenho um medo patológico de colocar carros em garagens, sempre com receio de estragar a pintura, e neste caso não conviria mesmo nada. E não é que ia acontecendo mesmo? Desastre evitado por um triz.

O jantar foi em família, um pouco tenso de início, mais descontraído depois, vencida a timidez natural. Simpatia, hospitalidade.

Depois da janta fomos dar uma volta junto ao mar, numa área mais social, onde as pessoas saem para ir beber um copo ou jantar. Mas estávamos cansados e regressámos a casa para a última noite na Tunísia.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui