17 de Janeiro de 2023

Este foi um dia mais itinerante, com mais deslocações e mais distância percorrida. Muito recurso a carros Uber e Tuk-Tuks.

O primeiro objectivo, debatido com a amiga Olga – a russa que partilha conosco a hospedaria – era o antigo cemitério holandês. Não é muito claro como lá chegar mas está próximo do enorme parque popular de Ahmedabad, uma enorme mancha verde com um lago circular no meio. Na fotografia por satélite não é claro se o acesso se faz através do parque. Será algo a investigar no local.

O Parque de Kankaria não é de acesso livre. É necessário pagar um bilhete para aceder ao espaço, um valor simbólico para mim mas nem tanto para a maioria das pessoais locais. Chegámos pelo fim da manhã, à hora de abertura. O tuk-tuk passou bem perto dos túmulos holandeses, que segui com sofreguidão no mapa do telemóvel. Mas não distingui uma abertura viável na vedação que separava o objecto do meu desejo da rua em que circulávamos.

Deixando para trás o alojamento para um dia de exploração

Deixou-nos junto a um dos portões do parque. Bilhetes comprados. O interior é curioso, e à medida que o tempo passa o espaço vai-se enchendo de vida. De início está vazio, uma pessoa ou duas aqui e acolá. Mas pouco depois já se vêem famílias e grupos de amigos. Aproxima-se a hora de almoço e ainda mais gente vai preenchendo os espaços. Mais tarde, muito mais tarde, quando saímos da área, o parque está em pleno, repleto de vida e animação, com grupos que frequentam as atrações (pessoalmente visitei o parque de borboletas, que se encontrava deserto de mariposas, uma decepção).

Entretanto resolvi o mistério do acesso ao cemitério holandês. Não, o acesso não é pelo parque, mas por um pequeno portão próximo do acesso principal do grande parque mas antes das bilheteiras. Infelizmente quando descobri tudo isto o jardim onde queria entrar ainda se encontrava encerrado. Tem um horário diferente. De forma que comprei um segundo bilhete para ir matar tempo ao parque.

O cemitério holandês em Ahmedabad

Por fim a aproximar-me do que queria mesmo ver. Um espaço ajardinado bonito, recomendado, pacato. Uma espécie de jardim botânico modesto, que me serviu uma dose de rara tranquilidade. E lá estavam eles, os túmulos, guardados por uma trupe de macacos.

Não são muitos mas impressionam. Para ali estão desde meados do século XVII, indiferentes à passagem do tempo. Mas agora tinham sido visitados e podia partir para outras paragens.

E o próximo destino é um dos poços de escadas que existem em Ahmedabad. Já tinha visitado um lugar assim, aquando da primeira passagem pela Índia, em Delhi. Estes poços são escavados no solo, estruturados e por vezes decorados de forma monumental. E para descer são criadas escadarias de pedra que levam os utilizadores até às profundezas, mais próximo do caudal de água subterrânea onde se abastecem.

O poço

Chegamos de tuk-tuk e fico confundido. No lugar indicado pelo GPS não encontro nada. Depois vejo um discreto portão. É ali, mas está fechado. Mais uma aventura para detectar a chave. Desta vez com a ajuda de um jovem comerciante local que vai inquirindo. Lá aparece a chave, sem necessidade ou expectativa de uma gratificação. Passam-ma para as mãos com a recomendação de fechar o portão depois de entrar e quando saísse.

O local é espectacular. Tranquilo, claro, tenho-o todo para mim. Desço até onde posso, à boca do poço mais abaixo. E está visto. Depois do desafio inicial, um bocadinho bem passado.

O próximo problema é apanhar um tuk-tuk. Aparentemente estou na zona da cidade onde não são permitidos, mas vejo-os passar, poucos mas existem. Na app da Uber mostram-me um ponto de encontro longínquo. Tento entender mas não consigo. Por fim faço aquilo que costumo nestes cenários: caminho. E em boa hora. Vamos por bairros interessantes, com casas antigas de taipais de madeira nos andares superiores e comércio tradicional no piso térreo. Numa mercearia compro tâmaras e mais alguns abastecimentos.

Damos com uma simpática casa de hóspedes. Já conhecida de nome. Uma rapariga jovem vem a chegar. Convida-nos a entrar. Somos recebidos como verdadeiros hóspedes mas somos apenas uns cuscos. Converso um pouco com o proprietário. Não tem o charme do nosso alojamento mas por outro lado tem um toque mais genuíno, de verdadeiro “homestay”. Interessante. Talvez num futuro que nunca chegará.

Eventualmente chegámos a um sítio onde apanhar um tuk-tuk era possível. Seguiram-se uma série de templos, alguns mais impressionantes que outros, mais populares ou menos populares, mais antigos ou mais modernos. No primeiro onde parámos era cobrada uma quantia para permitir a visita, mas um sinal à porta deixava claro que fotografias não eram permitidas. Isso é uma situação que não tolero. Não porque negue o direito a essa condição mas porque fotografar é a minha natureza.

Portanto dei uma volta por fora. O trabalho na pedra era impressionante. Uma decoração de detalhe, feita em centenas ou milhares de figuras.

A paragem seguinte – e nem sei porque a escolhi – era uma mesquita em cujo interior existia o mausoléu de um homem influente. Chama-se Dariyakhan Ghumat e os restos mortais que lá se encontram são de Dariya Khan, ministro de Mahmut Begada. Trata-se do maior mausoléu do Estado de Gujarat e foi construído em 1453. Para mais informação consulte-se a respectiva página na Wikipedia. Chegar foi… peculiar. O tuk-tuk deixa-nos à entrada de um pequeno bairro de lata que envolve a mesquita. Pobreza. É necessário passar por aquelas casas, lares, centros da vida das famílias que as ocupam. Uma visita interessante.

Não foi difícil sair do local, só tivemos que esperar um bom bocado por um Uber para o próximo destino, o último de um dia que já ia longo. Foi dos mais espectaculares. Falo do templo hindu de Swaminarayan. A sua alvura quase que fere a vista. O mármore branco de que é feito impressiona, e sente-se a sacralidade do local. Encontra-se no interior de um recinto onde se entra através de um portão.

Aqui sucedeu um episódio engraçado. Andava por lá a cirandar quando um senhor de aspecto muito digno, vestido à ocidental mas com um estilo antigo, começou a chamar-me. Dizia-me que os meus amigos estavam ali dentro (um pavilhão tipo tenda) e para me juntar a eles. Mas que amigos? Logo descobri. Era um grupo de italianos e pelo meu aspecto assumiu que eu fazia parte do grupo. Falei com pouco com ele. A tenda simplesmente recebia os visitantes de uma forma ou de outra considerados mais ilustres. E europeus enquadravam-se. Bebi uma bebida fresca e conversei mais um pouco antes de dar a visita por terminada.

Foi um dia bem preenchido em Ahmedabad. Mas sinto a cidade a esgotar-se. Na

 

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