Dia 13 de Janeiro de 2024

Para hoje tinha ficado o plano adiado da véspera: a visita à Cidadela de Saladino. Dormi mal. Umas criaturas estveram activas a noite toda no hostel. Acho que estavam em regime de jetlag. Foi um entrar e sair do quarto, o barulho da porta que é considerável, o subir e descer das escadas que também faz o seu ruído.

Mais ou menos às 5 da manhã pus auscultadores com música para adormecer e foi assim que me deixei embalar até despertar suavmente pelas dez horas. O pequeno-almoço, de novo igual, mas necessário para me deixar pronto para um dia de exploração e aí vou eu para a Cidadela. 

Não gostei, digo já. Queria chegar ao ponto de vista panorâmico antes das 12:03 porque precisamente a essa hora entoaria a chamada para a oração, que se adivinhava fantástico. Consegui por-me no local cinco minutos antes e gravei em video o momento. 

Visitei o paupérrimo Museu da Polícia e depois o Museu Militar. Está tudo incluido no bilhete de 13 Euros. Tudo não, que os militares são espertalhões. Para usar a câmara seriam mais 50 Libras. Mais 2 Libras para a máscara obrigatória (mas em que ano é que estas alminhas vivem!??). Mais algum para o uso da casa de banho. E mais algum para assistir a um video, opcional. Muitos extrazinhos. 

O museu militar não é tão mau como o da polícia mas anda lá perto. Ocupa um espaço enorme mas muitas salas estão basicamente vazias. A exposição é péssima. Algumas salas estão encerradas, sem razao aparente. As portas são de vidro, pode-se ver que lá dentro está tudo em ordem, as vitrinas iluminadas mas… trancado. 

Percorri uma boa parte do museu com passo acelerado. Não estava mesmo a gostar. A exposição exterior contém alguns aviões dos anos 70 assim como umas quantas viaturas militares. Tudo pintado a uma só cor. Chapa zero, que o rigor histórico daria algum trabalho. 

Visitei depois as duas mesquitas existentes no complexo. Uma mais modesta. E a grande mesquita de Muhamed Ali, onde estava muita gente. Ainda se passou um par de horas nestas andanças, mas para quem tem pouco tempo no Cairo, sinceramente, não gastaria nenhum numa visita à Cidadela. É a minha opinião, apesar de ser consensual nos artigos que fui lendo que este lugar é essencial.

Mais um Uber, mais um bom serviço, de volta ao hostel para recarregar baterias, beber água e vertê-las também. Esticar-me um pouco na cama e preparar-me para a parte segunda do dia. Tem sido assim no Cairo. Dois projectos diários. Um ao fim da manhã e um depois da hora do almoço.

Vamos lá então ver o Cairo Cóptico. Mais uma vez as expectativas eram baixas e a experiência veio confirmá-las. Tudo bem, não me arrependi, afinal precisava de ver com os meus próprios olhos. 

Penetrar na zona é vedado às viaturas comuns. O Uber deixa-me mesmo junto à barragem. Entro sem verificações na zona fortemente guardada. Depois encontro sinalética que indica umas escadas como acesso para visitar alguns dos pontos da rota cóptica. Passo por uma via estreita, ladeada de expositores de livros. Não comprei nada porque não costumo carregar-me com volumes enquanto viajo, mas para quem gosta recomendo muito este ponto para toda a possivel literatura sobre o Egipto. Uma variedade enorme de temas, dá a ideia de que tudo o que existe publicado sobre o Egipto em inglês pode ser encontrado naquela feira do livro permanente. 

Entrei em alguns lugares sagrados para os Coptas, que não me dizem nada. A mística religiosa escapa-me. As igrejas são desinteressantes, quer no exterior quer no interior. Saco uma fotografia ou outra de algumas perspectivas que encontro. 

Quando finalmente encontro a “minha praia”, um cemitério grego deveras interessantes. Tiram-me o doce. Querem fechar aquela área, fico-me a meio da visita. Talvez volte para a acabar, porque de facto estava a gostar bastate de explorar um cemitério diferente. Quem me conhece sabe que sou maluco por cemitérios e nunca tinha visto um assim. Não que fosse fabuloso, mas para mim, era diferente. 

Visito ainda uma outra igreja, vá, mais vistosa por fora, e deixou para o fim a famosa igreja suspensa. Chego à porta às 15:57 mas não me deixam entrar. Encerra às 16:00. Mas o guarda, apiedou-se, tipo simpático, disse ao porteiro para me deixar entrar, fez um sinal que era por ele, cinco minutos, que se responsabilizava. Boa onda. Lá entrei os cinco minutos, mas não teriam sido precisos tantos. Quando saí a generosidade continuava porque iam deixando entrar ainda mais umas pessoas. 

Ali mesmo em frente, a estação de metro Mar Girgis, na mesma linha que serve o meu hostel na estação Sadat. Para o bilhete não há máquinas. É mesmo na bilheteira, dizendo para onde se vai para a pessoa saber quantas estações são. O preço é simbólico. De tal forma que para fazer troco o tipo deu-me dois bilhetes, como dantes se dava rebuçados.

Não gostei da experiência do metro. Demasiado cheio, um cheiro desagradável, carruagem a meia-luz, tudo sombrio, pesado. Vou manter-me nos Uber. 

Descansei no hostel até às 19:00 e por essa altura saí para a rua. Uber para o Café Sufi, em Zamalek. Jantei uma bela salada grega, com um sumo natural de laranja e um café americano para fechar a refeição. Um bocado de serão agradável. 

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