17 de Janeiro de 2024

Luxor corre bem, até contra as minhas expectativas. Tanto me falaram das abordagens constantes, da persistência dos vendedores de tudo e mais alguma coisa, da presença do turismo em cada recanto. Não. Nada disso. Tudo normal, nada de especial, nada como em tantos outros locais que visitei nesta vida de cruzamundos.

Mas comecemos pelo início. Acordei de uma noite bem dormida, como um rei, numa cama onde caberiam três de mim. Lá fora estava um dia bom. 

O meu lar em Luxor, o apartamento do meio, primeiro andar.

Saí para a rua, cheguei junto à margem do Nilo. Fui abordado por taxistas e barqueiros. Não, não preciso dos seus serviços. O barco público que atravessa o rio a cada dez minutos é aqui mesmo ao lado e a passagem custa 5 Libras. 0,15 Euros.

Largo a nota à entrada, embarco. A embarcação sai, sulca as águas do Nilo. Demora uns 10 minutos, no máximo. No banco Este o embarcadouro é um pouco mais acima. Quase geometricamente a meio caminho entre os templos de Luxor e de Karnak.

Cruzando o Nilo no barco público

Deste lado o ambiente é diferente. A cidade fervilha, o trânsito é quase tão intenso como no Cairo. São 500 mil pessoas. 

Está acolá a Via das Esfinges, uma coisa triste de se ver, uma via monumental unindo os dois grandes templos, escavada e exposta em 1949. Está ali, inútil e suja, muito suja, com as plataformas de pedra onde as esfinges assentavam vazias. Quase todas vazias. 

Vou caminhando em direcção ao Templo de Karnak. Ainda são uns 2 km. Passo por uns bairros muito locais, um labirinto de ruelas onde o sol não entra nunca. Olhando para cima, o azul do céu é um traço fino. 

Templo de Karnak

E de repente, antes do esperado, estou em frente à entrada do templo. Seguem-se os habituais trâmites de segurança no Egipto. Uma pequena caminhada até ao Centro de Visitantes, onde compro o bilhete, mais uma pequena caminhada até à entrada do templo. 

Surpreende-me. Pensei ser indiferente aos testemunhos do antigo Egipto mas não, fico rendido. Talvez não tanto como os verdadeiros amantes da Egiptologia, mas mesmo assim sinto algo que não pensava possível. 

Karnak

O templo tem menos visitantes do que esperava. Melhor assim. As colunas são impressionantes e espanto-me com a vivacidade cromática de algumas secções decorativas. Perco-me pelo meio de todas aquelas colunas, quase sozinho nesta viagem ao passado. 

Aprecio um par de bonitos obeliscos, chego ao lago sagrado e ao fim da visita. Agora é reverter todas as caminhadas.

E mais Karnak

Chamo um Careem (um sistema como o Uber muito popular nos países de língua árabe) que chega pouco depois. É baratíssimo, tipo 0,20 Euros. Seria de imaginar que existissem alguns truques para subir o valor, mas não, pacífico. Directo para o Templo de Luxor. Aí deixou-me um pouco longe, tive que contornar, lidar com os chatinhos das carruages e de tudo e mais alguma coisa. Tudo bem, é normal, faz parte. 

Este é um templo que considero menos interessante. A entrada é monumental, mas tenho o azar de ter o sol por detrás e não consigo o melhor da fotografia. No interior gostei da parte usada como templo pelos romanos e da cohabitação dos motivos decorativos romanos e egípcios.

Foi uma visita mais curta, resultando de um misto de cansaço e de me parecer um lugar menor depois de Karnak.

Dali caminho até a um supermercado que tinha referenciado. Quero comprar abastecimentos. Afinal tenho um apartamento com cozinha, frigorífico. Quase nada está marcado. Vai ser às cegas. Trago duas garrafas grandes de água, uma de Coca-Cola, dois micro-pacotes de bolachas, dois pudins Danone, quatro yogurtes, dois litros de leite, um pacote de cereais. No fim, custou 7,30 Euros. Gostei da conta. 

Vendo o Nilo correr

Chamei outro Careem mas não correu bem. Mandou-me uma mensagem a dizer que tinha um problema com o carro e a pedir para eu cancelar a viagem. Er… não. Ele que cancele. Não estou com muita paciência, acabo a fazer 1,5 km com todas as compras na mochila. Não é muito bom para os meus pés velhos. 

Apanho o ferry, caminho até casa, estou naturalmente exausto. Mais tarde, depois de um par de horas de descanso, venho até à margem do Nilo. Como uma pizza, o meu anfitrião aparece para trocar dinheiro. Depois passo para outro café, encomendo um chá de menta e depois um arroz doce.

Regresso por fim a casa, saciado. Passo um serão um pouco entediado. Anoitece cedo e isso precipita as coisas. Muitas horas de escuridão para preencher.

O terraço do meu edíficio

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