31 de Janeiro de 2023

Este foi um dia de trânsito. A partida da Índia, o final de uma segunda visita quase tão bem sucedida como a primeira que teve a passagem por Goa como único ponto menos bom. Foram dezoito dias de revisitas e exploração.

Udaipur mudou e a Goa que conhecemos está moribunda. Relembrar a lição: pensar muito bem antes de voltar a sítios onde se foi muito feliz. Ahmedabad, no seu enorme caos (o lugar mais caótico que conheci até hoje na Índia) foi fascinante, divertido e agradável. Diu foi uma espécie de Goa de outros tempos, um pouco como se diz o Principe ser de São Tomé. Calmo, pausado, também muito interessante. E Cochim, a fechar as mais de duas semanas passadas na Índia, acolhedora, fácil, tão relaxante como uma cidade pode ser. E agora estará na altura de visitar um novo país para o qual levo algumas expectativas que serão amplamente superadas nas próximas duas semanas.

A proprietária da Sea Hut arranjou-nos um táxi para o aeroporto, algo que até não correu muito bem, com um grande atraso que me fez muito nervoso. Se há coisa que me põe nervoso são as aproximações ao aeroporto, especialmente para voos internacionais.

Mas lá chegámos ao exótico aeroporto de Cochim. Dali apanhámos um voo doméstico para Deli onde teríamos ligação para Kathmandu. Tudo dentro do esperado, sem stress.

Chegámos a Kathmandu a meio da tarde. Negociámos um táxi para Patan. O mediador tem um irmão a viver em Portugal. Esta será uma constante no Nepal. Parece que toda a gente tem um amigo ou um familiar no nosso país.

O jovem taxista é uma fonte de simpatia e vai conversando em inglês básico até chegarmos a Patan. Contudo deixa-nos no ponto mais fácil para ele, que não é o melhor local para nós. Teremos que atravessar toda a pequena cidade a pé, o nosso alojamento é basicamente do outro lado. Não é grande distância, uns 2 km, mas com carga, num país novo, sem conhecer nada, é um pouco inconveniente.

Lá se vai, e será uma rota fascinante, uma espécie de aperitivo para o que está para vir. A câmara ficou na mochila, outras ocasiões surgirão.

Encontramos a hospedaria com alguma dificuldade. E dá-se então um momento daqueles que parece que nos empurram para baixo. O local é decepcionante. Escuro como breu apesar de estarmos quase no pico do dia. Mas o pior é o frio. No quarto que o proprietário nos indica, com visivel orgulho, está um frio intenso, húmido, penetrante. O que fazer… são quatro dias de estadia, não quero, não quero mesmo, passar quatro dias naquela arca frigorífica. Nem quero imaginar como serão as noites. Há ali um momento de depressão, uma paralisia total, quase catatónica.

Com esforço esta inércia foi vencida e fomos falar com o senhor, um tipo super simpático, muito boa onda. Dissemos que com este frio não dava, que íamos embora procurar outra solução. Ele ficou visivelmente triste, sinto que mais por falhar na sua hospitalidade do que por ver escapar clientes. Tentou convencer-nos a ver outro quarto que talvez não fosse tão frio. Lá fomos, e tocados pela atitude dele aceitámos, na condição de nos ser fornecido um aquecedor decente. E olhem, de facto era frio, mas já diferente, como naqueles dias mais frios em casa, em Portugal. Acabaram por ser quatro dias bons. E o irónico é que percebemos mais tarde que o quarto “horribilis” era um upgrade, o melhor e mais espaçoso da casa de quatro andares.

Nesse dia já não se fez nada. Comemos qualquer coisa por ali, à beira do aquecedor. E pronto. No Nepal.

 

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