13 de Maio de 2024

Cedo acordamos para aproveitar o dia ao máximo. Aqui, em África, já se sabe que os melhores momentos do dia ocorrem por volta do nascer do sol e depois, ao final da tarde, quando o astro se deita no horizonte. É por essas alturas que os animais estão mais activos e as temperaturas são mais agradáveis também para nós, humanos.

Fosse possível movimentarmo-nos antes da alvorada e mais cedo ainda acordaria. Mas não, nem nos é permitido conduzir o carro até à hora oficial do nascer do sol nem o Parque Nacional de Etosha nos deixaria sair do campo.

Que seja. Pelo menos quando o portão se abre já está tudo preparado, tenda desmontada e arrumada, sacos cama dobrados, colchões enrolados. Sigamos!

A primeira paragem corre logo bem. Este seria o último dia para ver um grande felino. Jaguares não viria a acontecer. Nem chitas. Mas em Rietfontein, tal como indicado em alguns blogs de viagem, lá estão eles, dois leões, deitados, na preguiça. A noite deve ter sido longa e provavelmente têm barrigas bem cheias. Talvez sejam irmãos? Estão deitados a uns 150 metros um do outro, confundindo-se com a vegetação. Foi o primeiro de três avistamentos de leões neste dia. E se agora só machos, mais tarde seriam as leoas a deliciar-nos.

Vamos para o próximo ponto, em viagem para Okaukuejo, o último campo onde pernoitaremos em Etosha. E logo na paragem seguinte, de que infelizmente não recordo o nome, vimos um grupo de leoas a descansar à sombra de uma rara árvore. E há crias!

Depois, com toda a calma do mundo, a líder do grupo decide que se devem mover. Primeiro ela, depois outra e outra. As crias seguem as tias. Há uma leoa que não está nada entusiasmada com o movimento. Deixa-se ficar por longos momentos, sozinha, na sombra, até que as outras quase se perdem no horizonte. Até que também esta retardatária se ergue e caminha lentamente atrás do grupo.

Enquanto isto um grupo de gnus aproximou-se. Querem chegar à água mas a presença dos predadores é dissuasora. Há um mais atrevido que se encontra claramente dividido entre a sede e o medo. Dá um passo, outro. Pára, imóvel como uma estátua. Há avanços e recuos. As leoas olham-no com um interesse desinteressado. No fim, com a partida do grupo, o gnu terá direito à sua porção de água.

Continuaremos a parar em todos os pontos de água que podemos. Nos que se encontram a uma distância razoável da nossa rota. Mas nada de especialmente emocionante acontecerá, agora que elefantes, girafas, zebras e mesmo leões se tornaram banais.

Num dos pontos, muito bem dissimulado, descobrimos um grupo de leoas debaixo de um conjunto de árvores baixas e arbustos. E só as vimos porque um grande número de viaturas se encontrava já ali, os animais indicados concerteza por guias experientes.

Também estas leoas se mantinham quase imóveis, dominadas pela preguiça do meio do dia, apesar de não estar especialmente calor.

Chegamos a Okaukuejo, o maior e mais centrais dos campos de Etosha. O seu water hole privado é imenso, faz-me lembrar um cartão de Kalkitos (quem não é da geração Kalkitos pode googlar) na vida real. O cenário é perfeito, agora é preenchê-lo com toda a bicharada africana. Há gente abastada que está a ficar em bungalows mesmo em frente, podendo ver do conforto das suas varandas todos estes animais que para muitos nunca passaram dos livros e filmes.

Montamos a tenda e voltamos a sair. Vamos a um ponto panorâmico que apesar de não o ser parece o centro do lado salgado de Etosha. Conduzimos durante quilómetros para lá chegar, por uma estrada que é como uma ponte, também não o sendo. Quando a água chegar deverá ficar submersa. Para já não, a seco e em muito bom estado leva-nos pelo meio sem fim da superfície salgada. Mas tudo nem um fim, e quando este chega, regressamos.

É tempo de repousar um pouco. Como todos os dias da Namíbia, tem sido longo e cansativo.

Voltaremos ao ponto de água do campo ao pôr-do-sol e a cena é magnífica. Há elefantes, girafas e zebras, mas são os grandes paquidermes que me encantam. Terei tido aqui as melhores imagens destes grandes animais, com a luz perfeita como pano de fundo.

Foi assim que fechou o último dia de safari fotográfico em Etosha. Três dias no total. Aliás, três noites. Dois dias e meio. Pessoalmente acredito que é o tempo ideal, e penso também que escolhi o itinerário perfeito. E experiência só teria corrido melhor se tivesse tido a sorte de avistar leopardos ou chitas. Mais do que três dias… talvez tudo se banalize e os avistamentos se tornem repetitivos.

 

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