23 de Junho de 2024

Um dia inteiramente dedicado à nobre arte de não fazer nada. O pequeno-almoço na tasquinha de sumos que encontrámos na véspera. Esgotei todas as variedades do menu, e ainda eram umas quantas. Com copos de sumo natural a menos de 1 Euro, fui encomendando um atrás do outro. Mangaba, Caigata, Cajá, Acerola, Graviola, Cupuaçu, para além dos mais familiares Manga e Cajú. Díficil decidir quais os melhores. Eram todos bons e vinham com as explicações da simpática proprietária do estabelecimento.

Tratei de procurar o “arranjador” de pneus da aldeia. Aquele pneu traseiro esquerdo está a perder ar. Encontrei o senhor em casa, e logo se mandou ao trabalho. Confesso que o aspecto das “instalações” não me inspirou grande confiança, mas a verdade é que ao contrário do que aconteceu na Namíbia em situação semelhante, o caso ficou resolvido. Aqui, mais uma vez, senti esta estranha coisa de me ser mais fácil falar com as pessoas na América Latina de língua espanhola do que no Brasil. Voltei a casa com dois pregos no bolso. Tinha não um mas dois furos e mais a informação de que aquele pneu já tinha sofrido um grande dano arranjador previamente.

Fizemos amizade com o Emir, o anfitrião, um tipo impecável que nos convidou para visitar a propriedade onde está a arranjar uma casa para viver. Acabou por não se proporcionar, mas valeu pela intenção.

Aproveitei o dia parado para comprar mais umas Havaianas a preço de saldo, ou seja, a preço do Brasil. Uma paragem no supermercado e mais uma bebida aqui e outra ali, calcorrear de novo a castiça São Jorge. É verdade que a primeira impressão não foi grande coisa, mas a cada dia na aldeia cresceu o gosto pelo local, pelo seu carácter descontraído, pela calma que emanava, pelo ambiente meio hippie.

Jantámos com o Emir na nossa tasquinha preferida. Foram algumas horas de muito boa conversa, troca de experiências, passando por todos os assuntos, de história a política, de prácticas do negócio de alojamento turístico até à própria aldeia de São Jorge. Foi a última vez que o vimos. No dia seguinte deixaríamos apenas a chave na hora da partida.

À noite havia arraial. Já vi festas mais animadas, mas mesmo assim foi divertido. Música ao vivo, umas barraquinhas de comes e bebes, uma pequena multidão que observava mais do que participava. Deixei-me estar a ver também, antes de me retirar para mais uma noite bem dormida, a penúltima no Brasil.

 

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