24 de Maio

A história deste dia é a mais fácil de contar de entre todos os que se passaram nesta viagem: foi passado na cama. Lá fora chovia sem parar. E repito: sem parar. Nada a fazer. Não só não tenho especial interesse em apanhar chuva como tenho pavor a ensopar o interior das botas maltratadas pelo uso contínuo. Além disso, que bem que me sabe esta sessão intensiva de relaxamento. Foi ler, esponjado no chão, com o som da chuva lá fora, a trazer-me imagens de um passado distante, tempos de meninice com o entusiasmo pelos livros que então chegava. E em Alvalade, como aqui, instalava-me no chão daquele piso térreo nas tardes chuvosas de Outono e Primavera, chuvosas como agora não o são, e ia passando as folhas, ávido de um conhecimento que por essa altura arquivava facilmente nas gavetas cerebrais.

O Edward esteve ausente a maior parte do dia. Ao acordar tinha um recado dele, escrito em folha de papel, com as chaves da casa. Que regressaria pro volta das 13 h. Mas não sucedeu. Acho que acabou por voltar lá para as 17, e com notícias: a cidade estava inundada.

E assim foi este dia, apenas quebrado com uma incursão ao tal café Buffet para um jantarzinho ligeiro. A verdade é que me soube bem, este interregno na correria constante.

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