Desta vez saio do Algarve logo pela TAP, um voo que decorre de forma rápida e sem problemas. Chego à Portela, que agora se chama outra coisa, mas para mim será sempre a Portela e lembro-me rapidamente porque é que é o pior aeroporto que já experimentei. Começamos por dez minutos dentro do avião à espera que alguém opere a manga. Depois, vou saindo, seguindo as indicações que dizem “Saída”, até chegar a um entroncamento: para a frente, “Portas de Embarque”, para trás “Portas de Embarque”. Para a esquerda, a área de “free shopping”. Por exclusão de partes é por aí que meto, para chegar até ao controle de segurança de quem vem a entrar no aeroporto. Pergunta a duas jovens da Prosegur que certamente vão pegar ao trabalho. Ah pois é… voltar pelo mesmo caminho e voltar à direita… a tal opção que só referia “Portas de Embarque”. Bravo ANA!
Vou nisto quando vejo um simpático cantinho com quatro mesas, cadeiras, e uma ficha eléctrica. Não quatro, como quatro eram as mesas, mas vá… pelo menos uma… pensei, “olha, fico já aqui a trabalhar, usando o Wi-Fi gratuito do aeroporto”. Bom de pensar mas tratando-se do aeroporto de Lisboa, não tão simples de executar: liguei-me com sucesso à rede… durante três minutos… depois, acabou.
Saí do aeroporto, foi até à zona da Expo que me toca muito, me traz sempre para os tempos em que tinha mais ou menos uma família, que calhava a estar baseada por estas partes. A minha irmã foi ter comigo, esteve ali um pouco, depois tive que regressar, ia voar para Bissau.
Foi um voo sem grande história. São quatro horas no ar. De noite é ainda menos divertido, e felizmente que a TAP me atribuiu um lugar à janela. Li os jornais que tinha trazido e pouco mais.
Aterrar em Bissau. O calor, claro. E um pensamento para aqueles portugueses de gerações mais velhas mas não muito distantes da minha, que aqui aterraram com certas apreensões na mente e no coração nos últimos tempos da presença de Portugal nesta parte do mundo.
Foi fácil entrar no país. Verificação de passaportes expedita. Como eu tinha um e-visto fui conduzido a uma sala onde um funcionário senior estava a dar um apertão a um branco. Mas comigo foi carimbar e rubricar. Agora era a inspecção de bagagem. Um senhor mais velho espreitou, perguntou o que levava, disse que estava bem e falou duas vezes em ficar para ir tomar um café. Aquilo soou-me estranho. Como um convite para uma daquelas voltas de carro para as quais não há regresso. Disse que tinha um amigo lá fora à espera. Ele voltou a tocar no assunto, mas dispensou-me.
No exterior do terminal um pequeno assédio de taxistas, mas de baixa intensidade, e o Minervino encontrou-me. Apanhámos um táxi até determinado ponto. Ele pagou e seguimos a pé durante mais um quilómetro. De mãos dadas. Sim, eu sei. Não quero ouvir comentários. Aqui é assim e em Roma sê romano, por mais estranho que nos seja dar a mão a um homem.
Ficámos à conversa sentados na rua, até à 1:40. Depois, foi dormir.