Acordei ainda de noite, saí do hostel esperando que a carrinha viesse mesmo. Parecendo que não, a meio da noite faz frio, mesmo em Antigua. Pelo sim pelo não deixei o portão entreaberto, para o caso de ter que voltar para o conforto dos lençóis, e esperei. Noite cerrada. Esperei. Nada de carrinha. Esperei mais. Vi uma carrinha passar, mas não era a minha. Certamente um serviço idêntico. Finalmente, quando já começava a desesperar, chegou o meu transporte.

Foi uma viagem sem história. Sempre a abrir, com três “cromos” lá à frente, companheiros de trabalho, que se revezavam ao volante. Fronteira passada, sem percalços, como foi sempre nesta longa viagem. Já estou nas Honduras, e Cópan Ruinas é logo à frente.

Para o fim da viagem já tinha mais ou menos feito amizade com os “rapazes”. Deixaram-me mesmo à porta do hostel, um luxo, serviço de porta a porta. Em Cópan Ruinas fiquei no hostel mais estranho que já conheci…. até agora. Por fora era até normal, mas por dentro, tinha que como um buraco que entrava chão adentro e o meu dormitório ficava lá em baixo, como se fossem uma catacumbas. Resultado: durante o dia nunca tinha calor, mas à noite, gelava. Ainda por cima, como é costume na região, só havia água fria.

A dona daquilo era uma simpática. Uma gordinha simpática que me tratava como um filho perdido. O hostel fica à entrada da povoação, acho que feitas as contas fiquei satisfeito com a escolha. É um passeio curto até ao centro, e apesar das ruínas serem para o lado oposto, não me custou nada fazer aquelas caminhadas. Para o centro da povoação, para as ruínas, de volta, até ao hostel, para o centro. Etc.

A senhora disse-me que se comprasse um bilhete para as ruínas que seria válido por 24 horas, ou seja, podia começar a visitar agora e acabar no dia seguinte. E lá fui eu. Passei pela localidade. Maravilhosa. Charmosa, genuína, mais uma vez a união entra a realidade e o meu imaginário da América Central. Passei em frente a um senhor, velhote, que vendia bolos. Comprei-lhe dois ou três, suspeitando que o valor que ele me pediu seria, enfim, pouco comum. Atravessei a Praça Central, com a sua igreja, a sua pequena multidão de locais que ali sociabilizavam e vendiam alguns produtos. E a caminho das ruínas fui. Seriam talvez uns 2 km desde a localidade. E afinal o bilhete só era válido para o dia em que era comprado, e assim sendo voltei para trás pelo mesmo caminho.

Voltei ao hostel, sugeri à senhora para não dizer mais aos clientes que o bilhete vale por dois dias e perguntei onde era o parque de borboletas. Mesmo ali, basicamente do outro lado da estrada. Fui lá. Paguei bilhete à moça que lá estava. Avisou-me que tinha havido um problema com as borboletas, uma doença qualquer, e que havia poucas. Tudo bem, nunca tinha estado num lugar destes, era barato, quis visitar na mesma. Só que não era “poucas”. Era basicamente nenhuma. Andei, procurei. Nada. Fui lá falar com ela, que veio para me ajudar. E nada. Ao fim de um bom bocado vi uma borboleta. Vá lá, a rapariga prontificou-se a devolver-me o dinheiro, mas era barato, e já tinha visto uma bonita borboleta, disse a ela para ficar com metade do dinheiro.

Fui dar uma volta pela povoação quando alguém me chama. Era o condutor da carrinha. Resultado: estive o resto da tarde à conversa ali no café, onde trabalhava a noiva dele. Foi muito interessante, mais uma vez a mostrar como a barreira linguística é insignificante nestes países em relação a nós, portugueses.

Comecei a ter fome e tinha reparado que ao lado do hostel havia uma tasca. Fui lá comer qualquer coisa. Estava vazio, apareceu uma senhora com quem me entendi quanto à comida. Era um bocadito má, a comida. Mas lá marchou. E pronto. Primeiro de dois dias completos em Cópan Ruinas. Foi isto.

 

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