Se o dia anterior tinha sido de trânsito, tinha mesmo assim incluído ainda uma manhã na Cidade do Panamá e um serão animado com novos amigos em David. Mas hoje o tempo foi ainda mais passado na estrada.

A Jenny saiu cedo, para o trabalho, e quando acordámos já só vimos o Roberto, atarefado com uma reparação na sua mota. Comemos qualquer coisa, frugal, só para não ir de estômago vazio e iniciámos a caminhada para a estação de autocarros de David. Foram uns 3 km, percorridos sem problemas.

Talvez o local mais interessante da cidade seja precisamente o terminal rodoviário. Muito comércio, em redor e nas próprias instalações. Parámos mesmo antes de lá chegar, numa pastelaria rústica onde uma simpática loura (!!) atendia clientes a grande velocidade, dedicando-nos um pouco mais de paciência graças ao nosso evidente estatuto de estrangeiros. Com preços muito baixos atestámos os depósitos de abastecimentos para a longa viagem que se avizinhava e saímos da loja bem servidos.

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Na estação comprámos os bilhetes para San Jose e esperámos. Como disse, se há coisa que esta estação não é, é aborrecida. Muito para ver, para observar. As pessoas, as lojas, as viaturas que chegam e partem, o caos controlado. Esperamos e olhamos. E por fim descobrimos o nosso autocarro, parado num local que não seria o seu. Que bom é viajar por países onde se pode comunicar a quase 100% com as pessoas… se estivesse, sei lá… na Mongólia… teria provavelmente perdido o autocarro. Ou não. A verdade é que nunca perdi nada em país algum.

Para já o autocarro segue basicamente vazio. Há mais duas pessoas. Parece um táxi enorme. A paisagem vai desfilando lá fora, dominado pelo verde, como esperado neste clima tropical. O casario é também ele fascinante, é o encontro entre a realidade e o imaginário do tropicalismo, as casitas pintadas de cores vivas, simples, campestres, rodeadas de palmeiras e coqueiros.

Chega a fronteira. Vantagens de se ser europeu: no controle de passaportes recebo um carimbo rapidamente, sem complicações previstas, como a apresentação de bilhetes de saída do país ou de prova de posse de dinheiro para a visita. Só uma carimbadela simpática e adeus.

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Mais aborrecido foi logo depois. O pessoal que verifica as bagagens foi almoçar e toda a gente tem que esperar para aí uma hora. Aproveitou-se para comprar um coco a um vendedor que por ali andava e pronto… foi esperar… esperar faz parte da festa, viajar é também esperar.

De novo na estrada. As vistas tornam-se mais interessantes. As casas são mais pitorescas e há mais. A vegetação torna-se mais densa, transforma-se em verdadeira selva tropical, e a tarde vai avançando. Paramos num grande restaurante à beira da estrada. Vou com receio por causa dos preços mas pelo menos aqui as coisas são bem acessíveis. Como uma bela talhada de melancia. A dificuldade foi escolher, tem tudo bom aspecto. É um restaurante de aspecto moderno e imaculado que poderia ser em qualquer país super-desenvolvido. Sinais da Costa Rica. Há bastantes estrangeiros.

Depois da pausa a estrada que seguimos aproxima-se do mar. Uma variação bem vinda ao “filme” que passa na janela. A noite começa a anunciar-se, a luz é mais fraca, o céu ganha tons alaranjados. Vejo no GPS que vamos dar uma grande volta para chegar a San José. Provavelmente relaciona-se com a qualidade das estradas.

O meu amigo Edward, o meu bom amigo costa-riquenho que conheci em Praga em 2007 e que me vai receber de braços abertos no seu país, já me tinha avisado: a estação desta companhia de autocarros fica numa das piores zonas de San José, é melhor não me aventurar sozinho dali para fora. Ele ficou de me ir buscar. Mas quando chegamos, depois de passar por ruas onde de facto não gostaria mesmo nada de me encontrar à noite (e provavelmente nem durante o dia), nem sinais do Edward.

Quase toda a gente sai. A estação está para encerrar, e no portão, fechado, junta-se uma multidão de taxistas. Uma multidão feroz que mete medo. Já passei por situações assim em várias partes do mundo, mas nunca tinha visto nada assim. Felizmente a cara amiga do Edward acaba por surgir entre eles. Salvo ao cair do pano!

Ele está com a namorada, vamos para casa. Temos muito que falar, claro. Apesar de manter o contacto através do Facebook já não o via há anos. Comemos qualquer coisa, traçamos planos para os próximos dias. E depois chega a hora de descansar.

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