Acordamos bem cedinho para iniciar o caminho de regresso a Muscat. Não há pequeno-almoço no hotel, mas não importa, os mantimentos comprados no primeiro dia ainda resistem e vão mesmo sobrar.

Já com as coisas no carro e a chave devolvida vamos a uma das pontas, onde há um farol. Chega um barco da faina, desembarcam os pescadores. Aquela hora está tudo muito calmo e também muito bonito. É o adeus a Sur, um dos pontos altos da viagem pelo Omã.

Estamos na estrada e está um belo dia. Na rádio fala-se de uma tempestade de chuva e não entendo como… aqui na costa sul o sol enche tudo.

Primeira paragem em Qalhat, pomposamente anunciada com um cartaz que diz Ancient City of Qalhat. Uma das que foi arrasada pelos portugueses durante o processo de conquista destas paragens. Já fora da estrada ocorre-me o que tinha lido sobre este local… que da cidade antiga resta um túmulo. Oops! Mas agora já que estou aqui vou ver. E sabem que mais… o túmulo só o vi à distância mas à actual aldeia de Qalhat é que foi uma bela visita! Encantador local, que percorri lentamente, de carro. Uma sonolenta aldeia, onde uma senhora de idade se estende numa esteira à porta de casa, duas meninas lindas vão a algum lado, cabras são encontradas ao virar da esquina, as casas são dignas de serem observadas com calma.

Mais tarde, ao seguir um trilho que me leva a uma praia mais ou menos secreta percebo: Qalhat é uma aldeia de pescadores, só pode, considerando o número de embarcações que repousa na areia. Dois homens trabalham nas redes junto de uma delas. O mar continua azul, reflectindo o céu limpo lá em cima. E junta-se outro grande momento de viagem. Parecem ter-se aglomerado para os dois últimos dias.

A paragem seguinte seria o aclamado Wadi Shab. Mas não aconteceria. Logo à chegada vejo uma multidão de turistas a afastar-se, wadi acima, e não foi um bom presságio. Depois compreendo uma coisa: para iniciar o passeio pelo wadi acima é preciso atravessar-se o curso de água e para isso é necessário usar os serviços de um barqueiro… que cobra 2 Rials por pessoa. Para uma travessia de uns 200 metros. Não, não vai acontecer.

Vamos então a outro wadi ali perto, o de Tiwi. E que maravilha! Está ainda em estado bruto, sem turistas. Sem complicações. O carro segue durante boa parte do percurso. Paramos aqui e ali para apreciar o local e por fim deixamos a viatura, apenas pelo prazer de caminhar um pouco pelo wadi acima.

Não se vê muita gente. Ouvem-se vozes, sim, perdidas na floresta de palmeiras que ladeia o vale. De tempos a tempos passa uma pickup de gente local. Há aldeias por ali acima, e se calhar podia até ter trazido o carro e ver até onde conseguia chegar. Mas não foi assim. Simplesmente caminhámos, talvez um par de quilómetros. Não há muito mais palavras para aplicar a Wadi Tiwi: é bonito, muito bonito.

Entretanto o céu tem vindo a carregar-se e as palavras na rádio começam a fazer sentido. Pode começar a chover a qualquer momento. Sinal para ir regressando ao carro.

E a partir daqui, por assim dizer, acabou. Acabou a exploração, o sentir a viagem. Foi conduzir directo a casa, em Muscat, e a partir de certo ponto, sob um dilúvio de chuva de proporções épicas. Durante todos estes dias me tinha interrogado sobre como seria possível as cheias que descem pelos wadis, com as águas a arrastarem tudo no seu caminho, como um tsunami vindo das montanhas. Neste dia compreendi. Choveu assim durante horas. Imagino o efeito desta quantidade de água a descer nas regiões altas em busca do oceano.

Chegámos. O Majeed não está em casa. Há aquela sensação de home sweet home. Tempo para descansar. Regressámos mais cedo do que esperava. A meio da tarde. Agora é esperar e repousar, carregar baterias, tomar um duche, comer qualquer coisa. Passa-se assim o resto do dia, sem fazer nada. E depois, com ele, pouco se faz também. Vem cansado e com trabalho e basicamente cada um fica no seu canto até ele partir… porque o Majeed ia apanhar um voo para Abu Dhabi ao serão.

 

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