De manhã lá estava o carro acertado com os anfitriões para nos distribuir pelos nossos próximos destinos. Depois de partilharmos o hostel em Yoggyakarta, de nos termos encontrado por acaso em Lombok e de termos viajado juntos até Tetebatu, estava na hora de me separar de Baha, o gentil companheiro egípcio. Como se verá, e porque o mundo é mesmo pequeno, não seria a última vez que o veria, mas para já dei-lhe um abraço à entrada do terminal do aeroporto de Lombok e segui para Kuta, não muito longe dali, e onde passaria uma noite até à minha própria hora de partida para Kupang.
À chegada a Kuta, um pequeno drama, com o nosso condutor e pedir-me mais dinheiro do que tinha sido combinado, mas o que me doeu foi que fiquei com a impressão que o valor acertado não incluía os seus serviços e que o senhor fez o trabalho sem receber nenhum para si (ele estava a trabalhar para o proprietário do carro). Sei lá, a sua expressão, misto de angústia e desespero, quando recusei dar-lhe o extra que pedia, e a humildade com que se conformou… tive pena, mas havia uma barreira linguística, não nos pudemos explicar, e ele não insistiu mais. Fiquei a pensar, é daquelas coisas que nos deixa um sabor mau na boca que persiste durante muito tempo.
O meu alojamento tinha sido bem escolhido. Sossegado, bem localizado, barato. Era algo interessante: uma espécie de cabana feita de uma espécie de verga, suspensa do chão, o que fazia alguma confusão porque a cada passo parecia que o chão se ia partir. Casa de banho privada, ventoinhas, alpendre com uma rede de balouço. Enfim, um repouso.
Não tinha muito que fazer por ali. Kuta serviu como uma forma de passar tempo, não tendo nada melhor para fazer. Não tinha referências, nada de especial a cumprir. Fui dar uma volta, cheguei a uma praia, caminhei por ela. Não gostei nada de Kuta, tal como não tinha gostado da cidade com o mesmo nome existente em Bali. Restaurantes para turistas. Uma praia sem qualidade. Nada mais. Dizem que a região é muito bonita mas que é preciso viatura própria para se explorar. Pois, talvez.
Bebi uma cerveja numa pizzeria, pensei em voltar mais tarde para uma refeição mas acabei por comer algo bem ocidental num restaurante de aspecto limpo e… ocidental e tomei nota mental para regressar para jantar. Procurei informação sobre transporte para o aeroporto, mas o que me diziam era contraditório, no preço e nas horas. Acho que existem vários transfers, e cada banca vende bilhetes para o seu. Nem mesmo o simpático jovem do posto de turismo foi elucidativo. Ironicamente acabei por reservar num quiosque mesmo em frente ao meu alojamento. Assim como assim, se algo corresse mal não teria que ir muito longe para pedir explicações.
Estive um bocado no alojamento, sem fazer nada de especial. Sinceramente, não gostei de viajar pela Indonésia. Claro que houve momentos bons, mas o balanço final foi negativo. É um país onde não voltarei. Não gosto da dificuldade de encontrar transporte, do excesso de turismo nos locais por onde andei… detesto a comida… pronto, não gostei de muita coisa.
Escureceu e saí para jantar. Encontrei o “meu” local. Já não havia o yogurte com fruta e cereais com que me tinha deliciado, acabei por encomendar uma salada grega. Regressei, fui dormir.
Pelas duas da manhã acordei com a sensação de que algo estava errado com o meu corpo. E oh se estava. Diarreia e vómitos foram actividades que me mantiveram entretido toda a noite. Dormi a espaços, entre idas à casa de banho, até aquele ponto que se vomita o que não há, que parece que o estômago nos quer deixar pela boca. Coitado do casal mais velho que estava mesmo ao lado… acho que mesmo assim preferiria estar na minha situação do que na deles. Ouvia-se TUDO.
E pronto, segunda intoxicação alimentar da viagem, uma despedida adequada da Indonésia. Ou pelo menos assim pensava, porque como se verá tive que ficar mais tempo do que pensava neste país.