13 de Junho de 2024
Depois de uma noite passada em Lisboa, foi seguir para o aeroporto. Voo TAP para Brasilia. Directo. Bilhetes comprados pela oportunidade a um preço louco. Aproveitei uma promoção com passagens disponíveis para diversos destinos no Brasil, e logo para Brasília, a cidade que seria sempre a minha escolha número um.
A arquitectura moderna de finais da década de 50 e dos anos 60 do século XX sempre me interessaram. No fundo são como meus irmãos gémeos, nasceram comigo, vimos juntos o mesmo mundo pela primeira vez e sessenta anos depois a memória é incrivelmente vaga mas perdura. Há um elo. Estas coisas representam a minha existência. São o derradeiro testemunho do universo onde cresci, universo que deixou de existir aos poucos.
O aeroporto de Lisboa continua o aeroporto de Lisboa. Muito mau em rigorosamente tudo. Para quem queira ver assemelha-se em muitas coisas a um terminal de embarque de gado. É assim que os passageiros são tratados e conduzidos. E não, não é assim em todos os aeroportos.
O pessoal de terra da TAP está lá para me recordar o que é a TAP. Gente que parece convencida que veste com galões de sargento e acolhe uma nova vaga de recrutas. Gritos, instruções secas e sumárias, só falta mesmo empurrar, fisicamente.
Depois, 50 minutos de atraso, quase todos passados no avião imóvel, adicionando tempo desnecessário às quase nove horas de viagem. É um voo totalmente diurno. Das 9 às 15 locais, mais coisa menos coisa. Mas ao longo desse tempo os passageiros não vêem a luz do sol. Mantidos na obscuridade pela tripulação – certamente segundo o manual – por razão que me ultrapassa mas que me leva a pensar que não será para se manterem tranquilos, a dormir, se possível, de novo como gado no transporte colectivo. Gente que dorme não “chateia”. Perfeito para a tripulação, aberrante para mim.
Foi uma viagem longa e cansativa, desagradável, desconfortável. Ainda em Maio tinha ido e vindo da Namíbia, mais ou menos a mesma duração de voos e foi diferente. Talvez por terem sido voos nocturnos onde queimei algum tempo a dormitar, talvez porque os lugares eram melhores.

A chegada foi pacífica, aeroporto funcional, rápido, descontraído Passagem descomplicada pelos passaportes, um semblante algo hostil do agente de início mas quando lhe dei os detalhes do meu plano de viagem tudo mudou e num instante tinha o carimbo.
O mais chato veio depois. Daquelas coisas que não têm importância nenhuma mas que me chateiam: o e-Sim que comprei, pela primeira vez, para o Brasil, foi do não funcionar, ao funcionar mal, depois bem, e depois mal de novo.
Ora o que se passa é que no Brasil – e é para aí o único país do mundo onde isto acontece (nem na Coreia do Norte!!) – os estrangeiros que visitam não podem comprar um cartão para o telemóvel pois é exigido um número fiscal brasileiro.
Mas lá me orientei num momento mais positivo do tal cartão e chamei um Uber para o apartamento que reservei para os primeiros dois dias em Brasilia. Bom serviço do Vinicius, e barato também: do terminal ao centro do centro da cidade por apenas 6 Euros!
O apartamento foi um achado. Está integrado numa espécie de aparthotel (Hotel Saint Moritz). E por menos de 40 Euros por noite, um estúdio com uma vista fabulosa sobre alguns dos principais pontos icónicos de Brasília, mesmo no centro. Com acesso a ginásio, sauna, terraço panorâmico, mesmo em frente a um completo centro comercial, boa zona, excelente escolha!
Fomos dar uma pequena volta mas o meu humor estava do piorio por causa do cartão do telefone e porque comecei a perceber que em Brasilia é complicado explorar a pé por causa das vias largas de trânsito e ausência de semáforos e passagens para peões.
Passámos pelo centro comercial mas estava tão irritado que não vi nada. Foi só no regresso que comecei a esfriar e o serão já se passou melhor. A internet no apartamento é fabulosa e entretanto penso que ficou solucionado o problema do cartão – e não graças à ajuda do suporte deles: aparentemente bastava accionar um VPN. A velocidade passou de 0,20 mbps para 80 mbps! Mas mesmo isso foi uma solução temporária.
Ainda houve tempo e energia para uma visita ao vigésimo andar, onde se encontram os pequenos luxos do Saint Moritz, incluindo uma bela piscina.
Concordo que foi mal o problema do SIM ou e-SIM.
Na próxima recomendo que venha com um cartão internacional.
Quanto à TAP, foi normal o que aconteceu. 😉
Eu, no aeroporto de Guarulhos em SP, quando acompanhava minha sogra que hoje está com 90 anos, na fila da imigração, fui empurrado pela tripulação e o Comandante do voo teve que chamar-lhes a atenção. Isso em 2009.
Também tenho lembrança da pneumonia que peguei numa aeronave bem velha (A-330), com + de 30 anos, com os carpetes encharcados, e a comida absurdamente ruim, no voo LIS/GIG(Rio de Janeiro), e me custou uma semana de UTI, no final de janeiro de 2016.
Certo. Mas posso garantir, por experiência própria e pelos contactos que tenho na administração da empresa, que a qualidade do serviço está bem melhor agora do que há uns anos. Há um esforço político da empresa para melhorar, de forma muito muito positiva.