Dia 16 de Junho de 2024
Depois de um pequeno-almoço fabuloso e de usufruir um pouco mais dos espaços exteriores do Hotel Brasilia Palace ficámos na ronha no quarto até à hora de checkout. O timing era perfeito para recolher o carro de aluguer na Movida, junto ao aeroporto.
Mais uma viagem de Uber, desta vez com um conduto algo alucinado, e estávamos a preencher a papelada para receber o carro. Calhou-nos em sorte um pequeno Fiat de um modelo produzido no Brasil e tanto quanto saiba apenas comercializado no país. O modelo é Mobi e apesar de já levar uma quantidade razoável de quilómetros em cima revelou-se um companheiro fiável para enfrentar as terras batidas e os buracos de algumas estradas da nossa viagem. O único senão era aquele sistema manhoso de só arrancar se a embraiagem estivesse metida e que me deu alguns sustos.
Conduzir no Brasil, ou pelo menos nas partes por onde andei foi simples. Mesmo em Brasilia não tive problemas de maior. Foi seguir as indicações do Google Maps e passados alguns minutos estávamos no caminho certo, a caminho de Goiás. Cidade de Goiás ou Goiás Velho, não se devendo confundir com Goiás, Estado, onde fica e do qual foi capital.
O caminho foi longo mas fez-se bem. Paisagens alternadas, estradas de piso aceitável. Um pouco mais de 300 km percorridos em cerca de 5 horas. Chegamos a Goiás já com o cair da noite e não correu bem. Primeiro não encontrava a casa onde tinha alugado um quarto e depois quanto encontrei, enfim, não seria a minha escolha se soubesse, e ainda para mais não foi barata. Um quarto na casa de uma senhora que recebia hóspedes em dois quartos. Carro mal estacionado porque era o que havia. Um barulho imenso a vir da rua. Calor. Mosquitos. Não, não estava a correr bem.
Ainda demos uma pequena volta. Havia um festival em Goiás e isso transfigurava a pequena cidade. E também tornava o alojamento mais complicado. De forma geral há pouca oferta mas deste dia ainda menos.
A natureza histórica da localidade conferiu-lhe a classificação de Word Heritage Site da UNESCO. Mas continua a ser uma povoação pacata. Mas de momento está invadida de visitantes, diferentes, sofisticados.
Andámos pelas ruas, são encantadoras. No centro histórico mais restrito todas as casas são históricas, remontam na sua maioria ao século XVIII. Na principal praça um palco a ser desmontado desvirtua a sua solene antiguidade. No mercado, não muito longe do ribeiro que corre pelo meio do centro, ainda se passa qualquer coisa, há música, pessoas dançam.
Estava um pouco desagradado com a ocasião. Que falta de sorte ter caído em Goiás justamente neste dia. Por outro lado é de facto o derradeiro dia do festival, o encerramento, e já tudo se encontra em fase de desmobilização.
Contudo, mesmo com gente estranha invadido a pequena cidade, encontrámos algumas ruas pacatas, onde ao final da tarde não se vê ninguém. Teremos que regressar, explorar um pouco melhor. Para já estamos a fazer uma observação geral.
Entretanto a noite caiu, chegou a fome, pensámos em jantar. Há algumas opções. Ou havia, neste dia, porque depois estava quase tudo fechado. Entrámos no Jasmim e comemos num agradável pátio. Boa comida, sumos naturais deliciosos. Conhecemos o Rafael, que estava de visita para o festival, com uma amiga norte-americana. Conversámos bastante, foi interessante, aprendemos algumas coisas, recebemos recomendações para a Chapada dos Veadeiros, falámos de assuntos variados.
De volta a casa, que sabemos agora não será para ficar, procuramos alternativas para as duas noites seguintes. A escolha foi a Maeve, uma simpática casinha que já me tinha chamado a atenção mesmo antes de iniciar a viagem.
Depois, foi dormir. Mais fácil do que pensei. O barulho abrandou, os tampões de ouvido fizeram o seu papel. Acabou por se passar a noite menos mal.