22 de Junho de 2024
Depois da noite passada num alojamento pouco recomendável, com uma proprietária de má atitude e a distância da aldeia que tornava impossível a ida a pé (até que dava para caminhar, mas o estradão de poeira muito fina garantia um banho de poeira por cada um dos muitos carros que por ali passavam), fomos deixar as mochilas no lar para as próximas noites.
Lá estava um casal a tomar o pequeno-almoço no que seria o nosso terraço. Ficou a bagagem e seguimos para as cachoeiras Morada do Sol, recomendadas pelo anfitrião Emir. Foi um sucesso. Depois de alguns quilómetros a rolar na bem asfaltada e tranquila estrada na direcção de Colinas do Sul, o sinal de saída para Morada do Sol.
No portão fechado um simpático guarda dá-nos um briefing do local e, depois de receber a devida quantia, abre-nos a passagem.
Seguem-se quilómetros de terra batida, sem problemas, até chegar ao estacionamento. Dali será um bom passeio pelo meio de floresta até ao primeiro local. Por fim no paraíso, e que idílico tudo é por aqui. Outros humanos, apenas três ou quatro. A água encontra-se ali, à nossa frente, rodeada de rocha com pontos de fácil acesso. O céu azul e a luz do sol enchem de cor todo o cenário.
Talvez o mais fascinante seja o número de tonalidades da água, verde ou azul bem cerrado nos locais mais profundos, enquanto noutros pontos se adivinha o fundo arenoso ou rochoso consoante a cor dominante é acastanhada ou quase negra.
Uma rapariga nada tranquilamente, de bruços, como uma sereia naquele cenário perfeito. As pessoas estão serenadas, basicamente só se escutam os sons da natureza local.
Exploro um pouco a área, trepo umas rochas, vou aterrar numa pequena praia de areia. Aventuro-me até meio do curso de água saltando de pedra em pedra. É mesmo muito bonito. Mas enfim sinto que está esgotado, é hora de passar para o segundo ponto a ver, um pouco mais abaixo.
Há que seguir o trilho que nos leva de forma paralela ao curso de água. Encontramos outro recanto, também bonito, certamente mais sossegado, até porque não estava lá ninguém mas, para ser sincero, não tão espectacular. Deu para descansar um bocado, simplesmente apreciando o momento. Depois havia ainda um outro ponto recomendado mas não lhe achei grande interesse. Teoricamente era um ponto de observação do canyon, mas a água corria tão mais abaixo que não dava para ver nada.
Foi de facto uma grande recomendação, esta do Emir. Com tantas opções na zona o difícil é escolher onde ir e acho que não poderia ter sido melhor. Era mesmo o que queria: fácil de alcançar, sem muita gente e não muito longe de casa.
A paragem seguinte seria o Vale da Lua. Não era muito longe. Retornámos pelas mesmas estradas, passámos junto à aldeia, prosseguimos durante uns quilómetros mais e encontrámos o desvio. Depois, uns quilómetros sempre a descer, terra batida, curva e contra-curva, até ao estacionamento. Ainda não tinha chegado ninguém. Mais tarde, à saída, o parque de viaturas agora vazio estaria preenchido por dezenas de carros.
Pago o bilhete, vamos ver. Foi algo decepcionante. É interessante, mas talvez influenciado pelas imagens que tinha visto online vinha à espera de mais. Entretanto iam chegando mais visitantes, e cada vez mais. Tirei alguns retratos mas não nos demorámos muito por ali.
Quando saímos havia uma multidão na zona de entrada. Carros a chegar, em busca daquele último espaço no parqueamento, uma pequena fila para comprar o ingresso. Descansámos um pouco com uma bebida adquirida numa das “botecas” existentes e depois foi tempo de regressar.
Entrámos então numa fase de repouso que se estenderia por mais de 24 horas. Era tempo de usufruir do lugar, sem imaginar que no regresso tinha passado com um pouco mais de velocidade por um radar… uma prenda que haveria de receber já depois de regressado a Portugal. Nada de mais, cerca de 30 Euros que poderia nem ter pago. Mas gosto de contas certas.
O resto do dia foi passado no bem bom, bebendo sumos de fruta na aldeia, explorando as ruelas de São Jorge. Uma pizza foi o jantar. E assim se passou o dia.