Dia 8 de Janeiro de 2024

Escrevo num quarto de hotel na Avenida de Roma, em Lisboa. A viagem iniciou-se hoje com uma etapa de autocarro de Faro para a capital. Amanhã a meio da manhã uma segunda estirada. Desta feita de avião, para Barcelona, onde passarei outra noite. E só ao terceiro dia deverei chegar ao primeiro ponto da verdadeira viagem: Cairo, capital do Egipto, sede do imaginário orientalista de britânicos de múltiplas gerações. 

Esta viagem começou a ganhar forma, como tantas outras, numa oportunidade de voos a bom preço. De Faro para o Cairo, com a Vueling, com uma passagem por Barcelona. Depois lembrei-me que poderia aproveitar para colocar mais um país no meu mapa de viagens e comecei a ver voos de regresso desde Israel. E encontrei. Via Paris. Mas a seguir houve um segundo “depois”. Depois o Hamas atacou e Israel perdeu as estribeiras e deixou de ser uma boa ideia – até hoje não sei se seria de todo possível, penso que sim – entrar pela única fronteira aberta entre o Egipto e Israel e visitar também a Palestina (ou os territórios ocupados, ou o west bank ou como lhe queiram chamar).

Depois de um par de meses de hesitação acabei por decidir fazer a meia viagem. Egipto, apenas. Foi preciso comprar outro bilhete de regresso, desta vez do Cairo, com a Vueling, via Barcelona. Esquecer a partida que a companhia me fez ao cancelar todos os voos que tinha para uma ida e volta de Faro até Beirute e esperar que não repitam a graça.

De repente olho em volta e compreendo que algo mudou na aviação civil. Tornou-se assustadoramente frequente ter voos cancelados e alterados às 24 horas. Já receio fazer escalas. 

Portanto estou em Lisboa. Era para ter vindo logo pela manhã para reviver um pouco do meu passado aqui na terra que me viu nascer, mas a meteorologia não concordou e assim sendo mudei o bilhete e vim de forma a chegar ao fim da tarde. Logo após passar a serra do caldeirão começou a chover e quando cruzei a Vasco da Gama Lisboa não existia. Era tudo uma mancha cinzenta de água. Felizmente a boca de acesso do metro fica a 60 metros da porta do hotel. A molha não foi significativa e ainda deverá dar para esticar as pernas na Avenida de Roma.

Para amanhã as perspectivas não são muito melhores. É esperada chuva contínua em Barcelona. E lá é suposto caminhar 2 km até ao alojamento.  

 

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