Dia 9 de Janeiro de 2024

Dormi bem no Hotel Roma. Um hotel que me diz muito, um local inalcançável que fez parte do meu imaginário infantil. Muitas vezes passei aqui mas aquela porta era um acesso para um outro mundo, onde existiam estrangeiros, que naquele final da década de 60 e início dos anos 70 eram uma espécie de unicórnios. Em Lisboa, de forma geral, e especialmente nesta zona.

Choveu sem parar. Começou quando na véspera passei a serra do Caldeirão, continuou enquanto atravessava o Alentejo e ainda caía quando cheguei à Gare do Oriente. Chovia quando caminhei dois quilómetros para ir jantar ao Solar Minhoto, um belo bitoque, ali, junto ao BSB da Rio de Janeiro. E ao acabar a refeição, nada desejoso de apanhar outra molha, chamei um Uber para regressar ao hotel. De manhã continuava a chover. Felizmente o metro fica perto. 

O meu quarto no Hostal Portugal, em Barcelona. Recomendado.

A passagem pelo aeroporto de Lisboa foi igual a tantas outras. Desagradável. Na porta de embarque o pessoal de terra da TAP atarefava-se a explicar aos passageiros que o avião ia excepcionalmente cheio e era preciso mandar bagagens para o porão. O avião não ia nada cheio e havia imenso espaço nas bagageiras. 

Calhou-me a fava suprema. Na penúltima fila, rodeado de crianças, como se viajasse num jardim escola voador. Cadeira do meio, claro, e do meu lado esquerdo um africano que tinha um hálito tão nauseabundo que só de respirar era impossível estar ali sem tapar o nariz com uma peça de roupa. 

Felizmente não era um voo longo e entretive-me a ver o (excelente) filme Land. Aproveitem os utilizadores da plataforma enquanto ainda está no Netflix.

O aeroporto principal de Barcelona é o contraste gritante do da Portela (para mim, sempre, Aeroporto da Portela). Limpo, moderno, espaçoso, funcional. Em menos de nada estava na rua, na paragem do autocarro 46, que liga os terminais ao centro da cidade. O bilhete custa 2,40 Euros e pode ser comprado a bordo mas apenas com cartão MB ou de crédito. 

Viagem tranquila até à Praça de Espanha. Ao contrário de recentes previsões meteorológicas não chovia em Barcelona. Pelo contrário, estava uma bonita tarde, com bastante sol. Aproveitei para explorar as imediações e ver onde era a paragem de autocarro para voltar no dia seguinte ao aeroporto. 

Vi o centro de congressos, os edifícios da feira da Catalunha e do belo museu de arte que está ali por detrás. Depois, pensei em caminhar até ao hostal, mas decidi poupar os pés (esta é uma má novidade, o Cruzamundos está a ficar velho: artrose no pé esquerdo, tendinite no pé direito, desde há quase um ano, quando terminei a grande viagem asiática de 2023). Apanhei o metro. 

Chegar ao Hostal Portugal foi simples e fiquei deliciado com o alojamento. Acho que é a opção mais barata no centro de Barcelona, mas garanto que não é a pior: a localização não podia ser melhor, o quarto é deliciosamente decorado e é geralmente sossegado, quer no que toca a ruído interior quer exterior. É relativamente espaçoso, tem ar condicionado e até uma varanda para a bonita rua onde se encontra. E há um Auchan mesmo ao lado. Fiquei muito satisfeito e recomendo a quem vier a Barcelona.

Não demorei muito no quarto. Foi só preparar a sacola de passeio e saí para a rua, decidido a aproveitar o inesperado bom tempo. 

Segui um pouco ao sabor do vento, com um olho no Google Maps e a mente tentando buscar referências isoladas que tinha arquivado para Barcelona. A Catedral do Mar foi a primeira. Oito minutos do hostal. Um passeio agradável, com pequenos pormenores para ver até lá.

Num à parte, vou confessar uma coisa: esta é a primeira vez que estou em Barcelona, porque é uma cidade que nunca me despertou interesse. E nestas 24 horas que aqui passei confirmei. Para mim é apenas mais uma cidade histórica europeia. Este bairro faz-me lembrar Veneza, as partes de Veneza que não são canais. As pracetas de Veneza e de Barcelona podiam confundir-me.

Segui depois para a Catedral de Barcelona e de seguida para as Ramblas e estas foram as únicas grandes referências que visitei. Pelo caminho percorri muitas vielas, reparei em detalhes, como uma loja de artigos de magia datada do século XIX e a fonte de ferro forjado que se encontra no topo das Ramblas. Foi uma tarde agradável e bem passada, apesar do frio.

Regressando a casa parei no Auchan para comprar abastecimentos para o serão e para a manhã de amanhã. E depois passei um agradável serão no quarto a fazer um pouco de tudo. E garanto que não tive tempo para me aborrecer.

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