25 de Janeiro de 2024

Um dia de trânsito que, como acontece nos dias de trânsito, não trouxe muito para contar. Acordei em Aswan, quase no extremo sul do país, e adormeci em Alexandria, onde não poderia estar mais a norte. 

O despertador tocou, levantei-me, acabei de fechar a mochila, tirei o pequeno-almoço preparado na véspera do frigorífico e fui caminhando. Por esta altura já não me sentia tão perdido no labirinto de ruelas da aldeia, segui sem equívocos, passo certo, até ao barco que partia. Literalmente, de forma que o barqueiro agarrou ainda a amura para me permitir saltar lá para dentro. 

Os tais cinco minutos para atravessaram colocaram-me no local de encontro uns 25 minutos antes de tempo. Usei parte deles para ir espreitar a entrada do Hotel Cataract, aquele local histórico onde tantos notáveis pernoitaram, onde Agatha Christie viveu um ano inteiro e escreveu um dos seus romances mais notáveis, Morte no Nilo. 

Já no Cairo, o autocarro para Alexandria

Voltei, e pouco depois apareceu o meu condutor Yasser. Bem, teria que esperar por outra pessoa, um chinês que seguia para Abu Simbel. O carro não só é caro como é partilhado e tenho que esperar.

A corrida para o aeroporto é breve. É cedo, não há trânsito. Uns 20 minutos e sou largado no simpático aeroporto de Aswan. Muito organizado, agradável, funcional. Processos céleres, indicações claras. 

O voo é com a Air Nile, e precisamente à hora prevista estamos a rolar para a descolagem. A duração do voo seria de uma hora e vinte e cinco minutos mas na realidade pouco passou da hora de voo.

No Cairo somos largados num terminal recôndito com saída directa para uma estrada afastada de tudo. OK, não é a melhor das recepções, diria mesmo que é estranho mas é o que é e não há problema. Lá caminho para o ponto de recolha Uber e entro no carro que me apanha.

Agora vou ao escritório da Go Bus. Tenho bilhete para Alexandria mas quero comprar já o de regresso para não me preocupar mais. 

Tenho que esperar. Sento-me a beber uma Coca-Cola, a fazer tempo. O autocarro é às 14:30. Vou andando para o terreiro de recolha um pouco antes. Lá vem. Uma moça sentada do meu lugar. Um pequeno drama. Não sei o que se passa, claro, fala ao telefone, o condutor vem também falar com ela e revira os olhos para mim em sinal de desespero. Por fim ela levanta-se, diz “Sorry” e desaparece, acho que sai do autocarro. OK.

A viagem dura três horas, a bom ritmo, quase sempre por auto-estrada. Já saímos uns 20 minutos atrasados, ao que se adicionaram mais 20 minutos com uma paragem numa loja de conveniência. 

O meu ninho no hostel de Alexandria

Pelo caminho começa a chover copiosamente. A primeira chuva que vejo no Egipto. Felizmente à chegada, já noite cerrada, a chuva tinha parado temporariamente. Foi fácil apanhar um Uber para o hostel. O alojamento não correu bem. Local barulhento, caótico, com muitas falhas como hostel, operações incrivelmente desadequadas. Bem, fui ao Carrefour, usufruir de um verdadeiro supermercado pela primeira vez nestas semanas e passei pelo Dunkin Donuts. Gosto sempre de encher o bandulho disto em países onde os preços são agradáveis.

As primeiras impressões da Alexandria que vejo é que é uma cidade bem mais liberal. Na loja de donuts, cheia de juventude, rapazes e raparigas convivem como se convive num café próximo de um liceu de Lisboa. Nelas não vi nenhum lenço, roupas banais, ocidentais.

Volto para um manjar de produtos habitais na minha dieta. E durmo cedo. Tampões de ouvido, auscultadores por cima e às dez já me apaguei. 

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