26 de Janeiro de 2024

Talvez esteja a ficar velho para estas coisas mas não dormi nada bem no hostel. Barulhos, gente que entra e sai. Apesar de ter os mais respeitosos companheiros de dormitório. Quase todos egípcios com excepção do espanhol que veio no mesmo autocarro que eu desde o Cairo. Com esse tive uma boa conversa ao acordar. Em espanhol, que o inglês dele era algo limitado.

O pequeno-almoço está incluído mas estou com mau-humor e dispenso. Fico-me pelos meus abastecimentos, guardados no frigorífico que alcanço depois de passar pelo pequeno exército de mulheres que preparam a refeição da manhã para os hóspedes.

Baía de Alexandria vista da Cidadela

Encontro a moça que também vinha no autocarro. Sento-me a falar com ela, à beira da piscina. É tailandesa. Conversamos longamente sobre um pouco de tudo e depois retiro-me.

O céu mostra um tempo instável. Caem aguaceiros. Fico por ali, a fazer tempo, a matutar, a tentar perceber o que fazer do meu tempo em Alexandria.

Na Cidadela

Eventualmente as nuvens afastam-se, a coisa fica encorajadora. Decido dirigir-me à cidadela, a fortaleza existente num dos extremos da baía. Chamo um Uber que não me consegue encontrar. Felizmente o dono do hostel vem a chegar e peço-lhe para ele falar com o condutor. Problema resolvido.

Então para a Cidadela. É fim-de-semana e Alexandria vibra com o clima de festa familiar. O trânsito, esse, sofre com a situação. Muito denso. E na aproximação ao meu destino está mesmo tudo parado. Opto por caminhar as últimas centenas de metros.

Divertimento no exterior da Cidadela

Comprar o bilhete de entrada é outro drama. Há uma multidão que quer fazer o mesmo. São quase todos egípcios e todos eles são surpreendidos com o novo método: bilhetes só com cartão bancário. Não são aceites pagamentos em dinheiro. Tal como já tinha visto em Luxor e Assuão. Mas isso atrasa ainda mais cada transação.

Finalmente chega a minha vez. Quem espera sempre alcança. Vamos lá então ver a Cidadela.

De uma janela da Cidadela

É espectacular. Muito maior do que parece observada desde o exterior. E cheia de passagens, túneis, recantos, salas. Diversos pisos, janelas. Vistas fabulosas, ambiente humano fervilhante.

Andei por lá a explorar durante horas. Literalmente. Há imenso para ver e fotografei como um louco. O local é o paraíso do fotógrafo. As perspectivas, os ângulos, os detalhes, os jogos de luz. Ora a cores, ora a preto e branco. Uma maravilha!

Da Cidadela vê-se Alexandria de forma diferente. Do mar, por assim dizer. Toda a linha de costa da bela baía está ali à nossa frente. Milhentos barquinhos, de pesca e recreio, estão fundeados frente à praia. Os longos pontões entram pelo Mediterrâneo adentro.

Por fim terminei a visita. Foi mágico. Adorei o ambiente e o local, mesmo com os problemas de acesso e de bilheteira, com o frio húmido e as correntes de ar.

Saí, a custo, olhando para trás, despedindo-me da bela Cidadela.

Uma tarde na praia

Cá fora a festa continuava. Famílias, sobretudo, mas também grupos de amigos. Sinto um vibe mais conservador, como se o fim-de-semana e o ambiente familiar trouxesse um tom de gravidade às relações entre pessoas. Noto que há grupos de amigos e grupos de amigas. E famílias. Casais, nem por isso. Grupos de jovens de géneros misturados também não.

Mas é uma maravilha de se ver. Caminho devagar e com gosto. Parece-me que simplesmente andarei de volta até ao hotel. E assim faço.

Passo por uma praia onde se encontram mesas e cadeiras de plástico. A tarde já vai longa, sente-se um ambiente de fim de festa. Os pratos estão limpos e os copos vazios. Há preparativos para a partida. Na avenida as paragens de autocarro estão cheias de pessoas que se aprestam a regressar a casa.

Enquanto me afasto o sol vai descendo. E de repente a noite toma o lugar do dia, as cores do crepúsculo pintam o céu de um laranja que se esbate no breu da noite.

Passo por skaters, por artistas de rua e pequenos divertimentos para os mais pequenos. Os jovens apaixonados saem do seu recato incapazes de resistir ao romantismo do momento. É vê-los lado a lado, sentados no muro de quilómetros que segue a marginal.

Entretanto a fome começa a chegar. Consulto o Google Maps em busca de possibilidades. Há algumas. Vou espreitando. Acabo por me decidir por um restaurante neutro com oferta neutra. É em Alexandria, poderia ser em Lisboa. Nesta altura quero é uma refeição descansada para depois me retirar no (des)conforto do lar.

Correu bem. Tirando o frio gelado que entrava pela porta e quase me parava a digestão. Comi, paguei, fui. Agora sim, chamo um Uber, regresso ao hostel. Um dia com apenas um pólo, uma actividade, mas maravilhosamente cheio.

 

 

 

 

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