28 de Janeiro de 2024
E está a chegar ao fim esta viagem de 20 dias pelo Egipto. Parecem agora uma eternidade, estas duas semanas e tal, quase três. Como estão distantes a chegada, já noite, a compra do cartão de dados, a cavalgada louca pelas estradas e ruas até ao hostel do Cairo. Foi noutra vida!
Hoje acordo muito confortável naquele quarto do hotel Windsor Palace. Foi um bom investimento. Adormeci cedo, acordo cedo. Tenho muito tempo para relaxar e tomar o pequeno-almoço.
Subo ao sexto andar e vejo que está uma manhã linda, com muito sol, sem vento. O pequeno-almoço do hotel é muito bom, com grande variedade. E tomado com aquela vista sobre a baía de Alexandria.
Encho o bandulho como se não houvesse amanhã, apreciando o momento. Escolho uma mesa no terraço, de onde despacho seis pães de pita com uma vasta selecção de queijos e uma omelete. Depois, um mini-donut, duas fatias de tarte de natas, vários copos de sumo de laranja e um café para terminar.
Volto para o quarto, tento tomar um duche de que desisto porque a água fica apenas morna. Então deixo-me estar a descansar até à hora do checkout que é o meio-dia. A ideia é deixar a mochila à guarda do pessoal do hotel e ir dar uma volta.
Mas… oh não, chove copiosamente. O checkout faço, mas dali não saio. Fico no salão a ver se aquilo para, até que não tenho outra hipótese: chamo um Uber. Demora bastante a chegar, imagino que com aquela chuva haja mais clientes e mais trânsito. Lá vamos, para a estação de autocarros. Continua a chover e a chover está quando chegamos. A criatura deixa-me do lado de lá da estrada, só que a estrada não é uma estrada, é o rio. É ali que sou cruelmente despejado, sob a chuva que continua a cair.
E agora… impossível atravessar assim. Ainda pensei em me descalçar, mas se calhar não é grande ideia. Pareceu-me que mais abaixo a situação está melhor, e nisto passa um tuktuk, os meus olhos cruzam-se com os do condutor…. eu pensei que estava ali uma forma de me salvar e ele terá pensado que estava aqui uma forma de ganhar o dia. Pois saltei lá para dentro e perguntei-lhe se me podia levar para o interior da estação. Que sim. Mas que não. Percebi que o jovem não percebia nem falava nada de inglês. E eu, OK, então pelo menos atravessa isto de deixa-me do outro lado. E o gajo segue, nem sei bem em direcção a quê. Tive que quase gritar: “back, go back”. Desta vez funcionou. Inversão de marcha súbita, com o tuktuk a deixar um rasto como se fosse uma embarcação. Pára-me a máquina a um metro do portão, no meio do rio. E eu, não não, a apontar para os ténis. E o tipo lá entendeu, deixou-me mais junto ao passeio, a um passo da segurança Dei-lhe 30 Libras e ele ficou a olhar para as notas. Deve ter sido o negócio da semana, para ele, e para mim também.
Portanto consegui aquilo que pensava perdido: chegar seco a casa. Porque dali para a frente não se esperava mais perigo de molha. Esperei um pouco a coberto da pala protectora das plataformas, o autocarro já lá estava e pouco depois chegou o pessoal para proceder com o embarque. Confortável, a bordo, para a viagem de três horas, sem espinhas. Chegado ao Cairo, foi chamar outro Uber. Quase uma hora para chegar ao aeroporto. O serviço custa 205 Libras. 6 Euros. Dou-lhe 225 Libras. Diligentemente devolve-me 25 Libras esclarecendo que o preço é de 205. Digo-lhe que é para ele. E já agora, toma lá mais 50. Ficou satisfeito.
A partir dali foram os procedimentos de aeroporto. Segurança, checkin, cartões de embarque, trocar as últimas Libras pela última nota de 50 Euros que restava na casa de câmbios, passar o controle de passaportes, mais segurança, embarcar. Descolagem à hora. 23:25. Adeus Egipto.
Gostei, foi uma viagem positiva. Não é um país onde deseje regressar, uma vez chega. Mas correu tudo bem, tirando aqueles dias em que estive de estaleiro. Diverti-me, vi coisas, fotografei. O Cairo foi uma agradável surpresa, passei um tempo bom em Luxor, em Assuão descansei e foi um prazer conhecer Alexandria.
Foi uma viagem muito mais simples do que imaginava, considerando as narrativas de outros visitantes. Mesmo simples.
