Esta viagem à Etiópia não nasceu de um grande amor. Foi mais, pode-se assim dizer, filha bastarda de uma noite ocasional, uma noite de Abril em que se me insinuou uma promoção da Ethiopian Airlines. Por 295 Euros, com uma conveniente partida de Madrid não deu para resistir. Avancei. E depois foi esperar sem grande entusiasmo até meados de Novembro.
Porquê a falta do palpitar mágico que as viagens inspiram em todos nós, que gostamos de palmilhar o mundo? Não sei. Este país africano nunca penetrou fundo no meu imaginário. E pela negativa jogavam vários factores: a religiosidade profunda, a atitude perante os estrangeiros que vêm visitar, a enorme distância entre os principais pontos de interesse e, de forma geral, a falta de apelo em mim desses elementos, tão atraentes para muitos.
Mas aqui vou, precisamente um ano depois de partir à descoberta da Guiné-Bissau, Gâmbia e Senegal, essa sim, uma bela viagem que tinha criado expectativas nunca desiludidas. E foi assim, a ver esta memória do dia 14 de Novembro de 2017, que me sentei à espera num banco de Barajas com vista para a placa.
No dia de trânsito correu tudo bem. Uma ligeira viagem de comboio de Faro ao Oriente, um almoço agradável no shopping, pequenas compras feitas, a ida para a Portela (desculpem lá, coisa de velho, para mim será sempre o Aeroporto da Portela) sob um lindíssimo céu azul de Outono.~
Num dia assim, até a Portela tem mais encanto. Será só impressão minha… ? Nas máquinas de compra de bilhetes para o Metro não há a multidão que aguarda numa fila sem vergonha, como me habituei a ver sempre ali. O pessoal da Prosegur até parece que está simpático, não há tempos de espera para nada e tudo corre às mil maravilhas.
O voo da Easy Jet para Madrid descola à hora de tabela e Barajas está como a Portela, melhor que nunca. Sem multidões, com um espaço agradável para ver o tempo correr até à hora de encontrar a porta de embarque que servirá o avião da Ethiopian Airlines. Com internet sem problemas, tomada para manter o equipamento à carga. Uma maravilha.
E o segundo embarque do dia corre como o primeiro. À hora, com muita tranquilidade, depois de passar pelo controle de passaportes mas não por qualquer vistoria de segurança, o que me causa alguma confusão… então ninguém quer inspeccionar a bagagem, e logo em Madrid?
O voo da Ethiopian é excelente. Muito calmo. Uma viagem nocturna, com um bom centro de entertainment, uma refeição que veio mesmo a calhar. Espaço entre cadeiras bem arejado e como o avião vinha pouco cheio quem quis ainda se deitou em linhas de cadeiras vazias.
Dizem que a Ethiopian é uma companhia caótica, mas suspeito que são impressões adquiridas nos voos domésticos, que à data em que escrevo estas linhas não experimentei ainda. Até agora tudo bem. É verdade que o suporte, é esforçado e em tempo real através de chat, mas confuso e pouco esclarecido. Que se dane, está lá, presente. Isso é bom.
Já agora, uma palavra sobre vistos para a Etiópia. São obtidos online, no website oficial para a emissão de e-Vistos. Custam cerca de 50 Euros e são emitidos numa questão de minutos. Mas se as coisas correrem mal podem correr muito mal. E digo isto pela pequena amostra que tive: não recebi o recibo prometido logo após a submissão do pedido. E sabem o que me disseram do suporte dos vistos electrónicos? Que não havia traços no sistema do meu pedido e do meu pagamento, logo, eu não o teria pedido e muito menos pago. Mau. Comecei a ver aquilo mal parado, e estava a pensar na vida quando chega ao e-mail, não o recibo, com algum atraso, mas já com o visto definitivo. Sim senhora.
Obrigada pelas maravilhas que nos conta e pelo mundo que nos deixa ver.
Eu é que agradeço por ter paciência para ir seguindo 🙂