A cena decorre em Jaipur, na Índia. A regressar de um longo passeio até ao Templo dos Macacos começo a ver alguns destes animais a andar pela rua com jeitosos fardos de verduras. Era assim como se regressassem do supermercado. Uns traziam pachorrentamente o seu molho debaixo do braço, como que entorpecidos pelo intenso calor que se fazia sentir. Outros, organizavam picnics logo ali, demasiado apressados para chegarem mais longe. A verdade é que cerca de uma dezena de macacos pareciam envolvidos no fenómeno.
Continuei a descer, já intrigado com tudo aquilo. Em cima dos telhados, caminhando pela rua, correndo mais longe. Um pouco por todo o lado havia animais e molhos de verduras. E foi então que percebi: um pequeno camião que já devia ter estado carregado com aquela espécie de erva que tanto interessava à macacada estava ali parado. O condutor, ingénuo, tirava uma rica soneca na beira da caixa de carga. E enquanto o fazia, os macacos iam-lhe desbastando a carga.
Enquanto estava ali parado a ver a cena, um homem aproxima-se, brandindo um queijado, afugentando os animais e gritando para o outro. Não sei o que lhe estaria a dizer mas posso imaginar. O desgraçado, apercebendo-se rapidamente que tinha sido vítima de um furto em massa, levantou-se de um pulo, ameaçando os macacos. Mas já nada havia a fazer.