12 de Janeiro de 2023

Pois então estaria na altura de bater esta parte do mundo. A Índia não seria uma novidade, mas a viagem incluiria o Paquistão, o Bangladesh, o Nepal e talvez o Butão. Este último país acabou por ser excluído do plano, pois a taxa turística imposta pelo rei é surreal, a rondar os 200 Euros por dia, só por se estar lá. Fora tudo o resto. O que mais me incomoda é que os cidadãos indianos – que são tão poucos, não é – estáo isentos (ou pagam uma taxa simbólica, não me recordo).

A partida do Algarve de autocarro, rumo ao terminal de Sete Rios – Lisboa, logo de manhã cedo, para apanhar um voo da Air France para Paris, Charles de Gaulle. Seria dali que pelas 21:45 descolaria com a Air Vistara, um trajecto mais longo, até Nova Delhi. Tinha comprado só bilhete de ida, por 375 Euros e, já agora, recomendo esta excelente companhia indiana, não só para viagens intercontinentais mas também para voos domésticos e regionais.

Mas esta longa maratona não terminaria na capital indiana. Já a tendo explorado em detalhe em viagem anterior, teria um novo voo para Udaipur, também com a Vistara, até para poder ter melhores condiçoes de negociação caso existisse algum atraso com o Paris – Nova Delhi.

Portanto: sair de casa – autocarro – Uber – voo Lisboa a Paris – voo Paris a Nova Delhi – voo Nova Delhi a Udaipur. Uma estafa.

Desta vez para Udaipur tinha reservado um quarto com vista. E que vista! A outra face da moeda, que descobriria só à noite, é que os cães de rua não me deixaram passar uma noite descansada, das três que tentei dormir na cidade. E se tenho sono pesado!

Em terras já conhecidas não custou caminhar desde o local onde o autocarro do aeroporto nos deixou até ao centro histórico, a margem do lado. Foi um reviver de sensações e emoções, primeiro por ruas talvez desconhecidas, depois, já a chegar, reconhecendo coisas, revivendo memórias. Aquele restaurante, o antigo hostel. Esquinas familiares e enfim o nosso lar para os próximos dias.

O quarto foi uma agradável confirmação de expectactivas, oferecendo vistas fabulosas sobre o lago Pichola e sobre uma boa parte do centro histórico da cidade. Mais tarde viria a revelar um problema, que se manteve durante todas as noites ali passadas: os cães de rua que durante a noite brigavam e ladravam tornando o repouso díficil.

E no que restou desse primeiro dia não se fez muito mais. Apenas o suficiente para se tornarem evidentes as alterações no ritmo da Udaipur histórica: popularizou-se junto do turismo local, algo que se revelou uma tendência global no país. E escrevo isto não só pelo que observei como pelo que me foi dito por todos os anfitriões com que conversei. Este aumento de mercado resultou no abastardamento de ambientes e locais e na subida de preços e teve como elemento detonante a crise do COVID. Por alguma razão os períodos de confinamento e toda aquela provação levaram colectivamente os indianos a um desejo incontrolável de exploraram o seu país.

Portanto, Udaipur não tinha mais turisas, no sentido em que habitual pensamos – estrangeiros, ocidentais – mas sim uma multidão de visitantes indianos. E no plano práctico há consequências. Por exemplo, o idílico local onde íamos ver o pôr-de-sol, ponto de reunião entre turistas e locais, agradável não só pela perspectiva da cidade a alaranjar-se até se acenderem as luzes e cair por completo a noite, mas também pela observação de pessoas, que eram ali tão diversas. Ora bem, agora é preciso pagar para ali aceder. Algo que fizemos uma vez, precisamente neste primeiro dia, apenas para perceber que a triste ideia tinha destruído por completo o ambiente. A evitar.

Jantámos num agradável terraço, servido por pessoal simpático que nos trouxe deliciosa comida. Central e com boa vista, e já agora fica o nome para quem puder aproveitar: Yummy Yoga.

 

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