2 de Março de 2023

Na despedida o Abdul não me deixou ficar mal. Lá estava para me levar à estação de autocarros. Quis dar-lhe uma gratificação gorda mas à ultima da hora fui acometido por um ataque de forretice. Chateou-me, pronto. O equivalente a 3 Euros é uma quantia boa, podia ter dado essa pequena alegria a este honesto homem, mas fiquei-me por uma terça parte disso. Mesmo assim fez menção de recusar, insisti, disse-lhe que era pela amizade. E assim nos despedimos. Mantemos algum contacto no Facebook.

Uma viagem sem história até Islamabad onde iria reencontrar o Kamran. Conheci-o em Berlim, em 2010, quando ali fiquei uma noite com o meu amigo Clabbe. Íamos a caminho da Geórgia e ficámos com uma moça alemã que também estava a dar couch ao Kamran. Uns bons anos mais tarde, quando visitava o Dubai, reparei que ele também estava por lá. Jantámos juntos – aliás, talvez a melhor refeição da minha vida. E agora, mantendo um contacto com altos e baixos ao longo dos tempos, iria ficar com ele e a sua família.

Na realidade, sem o Kamran teria sido difícil visitar o Paquistão. Foi ele que me deu a carta-convite essencial para a obtenção do visto. E ao longo de toda a viagem foi sempre um braço amigo, pronto a prestar as informações necessárias e a mexer os cordelinhos mesmo que à distância.

Esperei um bom bocado até que ele aparecesse no terreiro que serve de estação de autocarros. Um abraço sentido. Seguimos. Uma paragem para um chá no bairro onde vivia antes de se mudar. Agora está na borda da cidade, onde o espaço rural toca o urbano. Pedi-lhe para me levar a um barbeiro. Não correu muito bem. Talvez tivesse sido o pior barbeiro que alguma vez pôs as mãos na minha cabeça.

Chegamos a casa, fui apresentado à família, a mulher, os três filhos, o mais novo dos quais ficou desterrado com a minha chegada e a ocupação do seu quarto. Jantámos juntos, um jantar de família, servido pelo criado da casa.

 

 

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