Dia 9 de Março de 2023

Acordei calmamente e tomei o pequeno-almoço ao som da passarada, numa mesa no relvado. Pela manhã a temperatura está fresca, mas não demasiado. Ideal. E o céu azul alegra o dia.

Abottabbad está num vale, rodeado de montanhas. Para sudeste, para lá das montanhas, encontra-se Islamabad. Em linha recta é um niquinho, mas por estrada a viagem é bem maior se a prioridade for para um trajecto confortável evitando a sinuosidade da montanha.

É portanto uma cidade que funciona como porta de entrada na montanha mais próxima da grande metrópole da capital. Há diversas aldeias, muito turísticas, quase resorts de montanha, espalhados pelas encostas.

Sem grandes ideias ou opções seria por ali que passaria o próximo dia, que depois se estendeu para uma segunda noite. Escolhi no AirBnB uma possibilidade que me pareceu OK e cujo proprietário respondeu prontamente às questões que coloquei. Teria então que chegar a um local chamado Nathia Gali.

O meu quarto em Nathia Ghali

O primeiro desafio seria encontrar o transporte certo no confuso mundo das carrinhas paquistanesas de pequenas rotas. Mas tinha-me esquecido que era um príncipe. Confrontado com o meu problema logo o gerente da CBA chamou um funcionário e disse-lhe para me levar de mota ao parque rodoviário e garantir que embarcava na carrinha certa pelo preço justo. Adorável!

Lá fiquei bem entregue e passado um pouco íamos a caminho. Uma viagem de apenas uns 25 km, mas montanha acima, pelo meio de uma paisagem deslumbrante, a subir sem parar, largando passageiros pelo caminho. Ia no banco da frente, a conselho do gerente tinha sido combinado pagar o valor extra pelo privilégio, algo perfeitamente normal. Lá atrás iam dois velhotes cheios de alegria e boa disposição que iam conversando com o condutor, também um tipo muito boa onda.

O prédio do alojamento

Por fim éramos só nós. Os velhotes fizeram questão de parar numa mercearia e compraram uma saca de tangerinas que foram distribuindo por todos até ao fim da viagem. E ao virar de uma curva estaria o mesmo destino. Por esta altura já se tinham afeiçoado a mim e estavam pouco dispostos a deixar o estrangeiro no meio da estrada num ponto onde não parecia existir nada. Mas insisti e lá saí.

Estava certo. Um caminho de terra batida colina abaixo e encontrei o meu pouso para a noite. Fui recebido pelo irmão do proprietário. Aliás, fui recebido como um VIP. Visita completa às instalações e um belo chá de boas vindas servido já no quarto.

Fiquei sozinho. Wow. Que quarto! Tudo impecável, cheio de luz, aquecimento para a noite fria, uma varanda com vistas de cortar a respiração. O residente permanente ficou à minha disposição para o que precisasse. Chá? Coca-Cola? Só dizer. Refeições o mesmo. Uma maravilha.

A única inconveniência era o isolamento. Ali não havia mais nada. O lugar mais próximo, com algumas lojas, estava a uns 3 km. Um sítio perfeito para descansar!

Um camião paquistanês

Seja com for, na estrada estão sempre carrinhas a passar. Montanha acima, montanha abaixo. Só bastaria escolher a direcção. Mas para este primeiro dia fui apenas até à tal aldeia. Para esticar um bocado as pernas e arejar. Um passeio sem história. A localidade não tem grande charme. Foi chegar e regressar. Deu para conferir que de facto estão sempre a passar carrinhas de transporte de pessoas. Decidi ficar mais um dia aqui, para fazer uma caminhada mais a sério.

Aqui nesta zona há muitas opções para caminhada, mas estamos na montanha e não sou grande fã de subidas e descidas. Contudo o Percurso do Pipeline parecia ser mais ou menos plano e decidi fazê-lo.

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