Chegou um dia de potencial stress. Há um avião para apanhar, mais para o fim do dia, em Udon Thani. Ora Udon Thani é uma cidade tailandesa e eu estou no Laos. Existe uma fronteira pelo meio e múltiplos meios de transporte para me transportar da origem ao destino. Cheira a problemas. Mas já lá vamos.
Para já, o último despertar em Vientiane, enfim, no Laos. Mais uma voltinha, de despedida. Ficará a memória de uma pequena cidade com um ambiente familiar onde nada poderá correr mal. Os estrangeiros invadiram Vientiane, e isso vê-se pelo enorme número de cafés, restaurantes e outros estabelecimentos comerciais claramente talhados para os visitantes. Contudo, apenas ligeiramente o ambiente ficou estragado com esta presença fortissima de viajantes. Sente-se harmonia. E, certamente, Vientiane é agora uma cidade mais agradável do que era em meados dos anos 70, quando se tornou uma Babilónia sem lei, um aglomerado de casas frequentado e habitado pelas gentes mais estranhas, desonestas e perigosas desta galáxia. Era então o centro de transação de drogas, sexo e todos os negócios ilícitos que pudessem ocorrer. As coisas mudaram.
A manhã foi um exercício de descontração, uma espécie de aquecimento para os problemas previstos para o resto do dia. Antes do almoço saimos do hostel, já carregados, e almoçámos num restaurante indiano que tinha referenciado durante a passeata do primeiro dia. Foi excelente. A refeição era saborosa, abundante e a conta… cerca de 6 Eur!
Caminhar até à estação de autocarros. Vamos apanhar a carreira para a fronteira. Sem problemas. No ponto onde chegámos há dois dias, lá estão os autocarros com o mesmo número. Entramos, esperamos e apreciamos a animação em redor. Muita gente, alguma, bem interessante. Ali mesmo, debaixo do meu nariz, duas mulheres jovens arranjam as unhas dos pés uma da outra. Há monges por todo o lado. Monges que no Laos são bem descontraidos. Falam ao telemóvel, tiram fotografias, andam de mota e até namoriscam (!?).
O autocarro põe-se em marcha. Adeus Vientiene, adeus Laos. Em breve estamos na fronteira. Passamos pelo controle de saída, esperamos pelo transporte que faz a travessia da ponte sobre o Mekong, e somos aprovados, pela segunda vez, na Tailândia. Agora vem a parte mais díficil, chegar ao aeroporto de Udon Thani.
Durante a guerra do Vietname, era uma importante base aérea americana. Agora, tal como aconteceu na Europa com as bases deixadas pelo fim da Guerra Fria, foi adoptada sobretudo pela Air Asia – uma espécie de Ryanair asiática – para umas quantas ligações “low cost”. Para chegar a este aeroporto tinha a referência de uma empresa que efectuava ligações rápidas por mini-bus directo. Mas havia outras opções… um comboio entre a fronteira e a cidade de Udon Thani seguido de um tuk-tuk para o aeroporto; ou um autocarro partindo de Vientiane (que como se percebe foi descartado) para Udon Thani. E ainda, um autocarro local de Nong Khai para Udon Thani. Caso tudo falhasse, bom, havia sempre a possibilidade de desperdiçar os bilhetes de avião, apanhar um comboio nocturno e sair directamente no aeroporto Duang Mueang, em Bangkok, de onde na manhã seguinte teria um voo para Hanoi.
A coisa correu mal mas endireitou-se. No início não consegui fazer negócio com os condutores de tuk-tuk que não aceitaram o valor que tinha referenciado como sendo o justo. Mas depois organizou-se uma “vaquinha” com outros passageiros e arranjou-se um tuk-tuk para nos distribuir a todos por pontos diversos de Nong Khai. E agora vem o melhor: inicialmente tinha pedido transporte para os escritórios da empresa de mini-bus, que se chama Limousine Express. Depois, como pensei não estar a ser entendido, aceitei ser levado para a estação de autocarros, uma solução menos boa. Só que, para grande surpresa, quando o condutor nos mandou sair, estávamos mesmo em frente à Limousine Express. Maravilha! Dai para a frente correu tudo bem, Comprámos bilhetes, esperámos um pouco numa confortável sala, e em menos de nada estávamos a bordo de uma carrinha moderna e rápida, sempre a abrir, só parando nas partidas do aeroporto. Que alivio. Por fim pude descontrair.
O voo foi curto, menos de uma hora. Em Duang Mueang perguntámos nas informações se não havi problemas de dormir num canto do aeroporto, e até nos disseram quais seriam os melhores locais. A nossa escolha foi no átrio do “Observation Deck”, com casas-de-banho mesmo em frente, penumbra e muito sossego. Uma noite bem passada!