Passei a manhã no quarto. Nesta fase da viagem sente-se que está tudo visto e o desgaste de duas semanas de tensões, experiências e caminhadas começa a fazer-se sentir. Fiquei portanto a descansar. Além disso, esta noite e a seguinte iria passá-las em Couchsurfing, com um casal gay misto, um dominicano e um americano, que conheceria ao fim do dia.
Ao fim da manhã saí para esticar as pernas. A mochila deixei-a no alojamento. A minha anfitriã teve a gentileza de me fornecer uma chave da casa, assim a qualquer momento poderia regressar apesar de já não ter quarto, e fazer uso das áreas comuns.
Visitei a catedral, notoriamente pobre para o estatuto de primeira catedral das Américas. Pelo menos é fresquinha e o bilhete custa apenas 60 DOP, menos de 1 Euro. Não vale de todo a pena, mesmo que não se tenha mais nada para fazer em Santo Domingo.
Depois ainda por ali sem rumo. A queimar tempo neste dia algo morno. Voltei ao alojamento, joguei umas partidas de xadrez na Internet, com a gatinha ao colo. Comi o que pude dos abastecimentos que sobraram, deixei o restante bem arrumadinho para quem quisesse aproveitar.
Conversei um pouco com a moça alemã-haitiana que conheci ali e que curiosamente tinha ficado no mesmo alojamento que eu em Dajabon e conhecia Olhão e os seus graffities. O mundo é pequeno e cheio de coincidências! Está a trabalhar na sua teste de mestrado de politica económica, precisamente sobre o Haiti da sua família ancestral. Comparamos ideias e experiências sobre o Haiti, um input muito interessante vindo de quem tem informação de qualidade para transmitir.
Estou indeciso. Como chegar a casa do Arian e do Brendon? A pé ou de Uber. Será hora de ponta, talvez não seja fácil arranjar um carro. Mas não me sinto especialmente confortável em caminhar com a mochila, por uma questão de segurança, apesar de ele me ter dito que não seria um problema.
Vou até à marginal, o malecon, como aqui se chama, olho em redor. Não há muita gente por ali. Não, vou chamar o tal Uber. E afinal não foi complicado. Passado pouco tempo sou recolhido e vamos.
Sou recebido com grande hospitalidade. Já me tinha esquecido destas coisas do Couchsurfing. Como tenho andado afastado de tais andanças!
Foi um serão passado com muita conversa, um jantar delicioso, cerveja gelada e mais conversa. Como costuma acontecer, o gelo inicial derreteu-se com o passar das horas e foi um final de dia em grande.
Aqui tenho o meu próprio quarto, um luxo em Couchsurfing, um quarto que eles alugam em AirBnB quando surge a oportunidade e que aliás passará a estar ocupado por alguém que ficará por um mês e chegará um dia depois de eu voar de regresso a Portugal.