Acordei para o último dia inteiro desta viagem. Os meus anfitriões aprestavam-se para sair para o trabalho. Fiquei um pouco mais, preparando-me nas calmas para o meu plano. Iria até ao centro, desta vez a pé, e se houvesse forças, regressaria do mesmo modo mas por uma rota diferente.

Ali próximo passei pela estação de autocarros que fornece o serviço para Punta Cana para me certificar dos horários. Depois subi até à Praça da Cultura, passando por uma das estações de Metro da rede de Santo Domingo. Explorei o local um pouco. Ali se encontra o teatro nacional e uns quantos museus. Um espaço agradável mas sem nada de especial.

Depois fui andando por Gazcue, um bairro que se encontrava entre mim e a Zona Colonial, e que o Brendon e o Arian me tinham recomendado, falando-me dos traços de arquitectura do início do século XX que ali se encontravam. Consultando-os, recebi o conselho de caminhar pela rua de Santiago, mas foi uma aposta falhado. Sem grande piada, não vi muito daquilo que me tinham falado. Durante mais de um quilómetro avistei duas ou três casas assim, mada mais.

E para piorar a experiência começou a chover. Tive que me abrigar num colmado, aguardando um bom bocado pelo final do aguaceiro. Prossegui o passeio, aproximando-me da zona colonial e por acaso dei com um local sobre o qual já tinha lido, o Cemitério Independencia, o mais antigo do país.

Este sim, foi um belo achado. Pelas fotos que tinha visto não me tinha entusiasmado, mas ao vivo o espaço é bem mais interessante.


Encontrei o portão aberto, entrei. Passado um par de minutos um senhor chama-me, dirige-se a mim e pensei que ia ter problemas. Mas não. Devia ser o administrador do espaço. Perguntou-me ao que vinha, eu respondi com uma pergunta, se se podia visitar. Claro que sim, mas que gostava de saber um pouco mais sobre quem ali ia. De onde era. De Portugal. De Lisboa? Sim, isso mesmo, de Lisboa. Desejou-me uma boa visita. Simpático.

E foi. Recomendo uma vinda a este cemitério, que practicamente confina com a zona colonial.

Agora que estava no centro fui tratar de um assunto vital: o teste COVID para poder voltar a Portugal. Falhei por um par de dias o final desta exigência e lá tive que largar os cerca de 25 Euros, num laboratórios manhoso com gente rude e antipática. Mas saí de lá com o documento.

Um almoço delicioso e barato no Petrus

Fui-me despedir do meu quiosque de sumos com mais um belo copo de suco de cana. Não sei bem porquê mas aquilo abriu-me o apetite. Sem saber bem o quê e onde comer, andei pela calle Conde e uma fileira de caixas de comida alinhadas numa vitrina chamou-me a atenção. Até já tinha reparado naquele restaurante, mas olhando para o menu achei-o caro e não entrei.

Mas agora as coisas eram diferentes, havia muita gente por ali com aspecto de trabalhadores em hora de almoço. Não podia ser caro e pus-me na fila. Pedi uma salada de massa e carne. Paguei. Menos de 4 Euros. Parece-me bem. E o melhor é que estava delicioso. Ainda hoje sinto o sabor daquela refeição bem-sucedida. Petrus é o nome do restaurante.

E pronto. Olhei em redor ciente que pelo menos por enquanto esta seria a última vez que via esta rua onde fui feliz. Passei ainda pelo Supermercado Nacional, comprei abastecimentos para o resto do dia.

Fui-me dirigindo para a marginal, por onde caminharia basicamente até chegar a casa. Foi um passeio agradável que começou mal, quando fui abordado por um tipo chato que me chegou a fazer sentir ameaçado. Dei-lhe uma moeda equivalente a 0,50 Euros e deixou-me em paz.

Dali para a frente foi uma maravilha. Andava pouca gente por ali. Passei por fortes espanhóis e praias. Vi o maravilhoso obelisco mandado construir pelo ditador Trujillo, um dos poucos monumentos em sua homenagem que não foram destruídos ou removidos posteriormente. Este foi decorado com murais magníficos.

Estava calor, o céu tinha aberto e o dia tinha mudado de cara. Uma boa despedida.

Passei junto a um balouço. Parece ser a nova moda por esse mundo fora. Já quase a chegar a casa encontrei uma praia onde um grupo de gaiatos brincava na água. A cena fez-me lembrar São Tomé.

Agora havia que atravessar a marginal, sempre uma odisseia e caminhar mais uns 300 metros para chegar a casa. Mas antes senti um chamamento e visitei o colmado da esquina, onde me venderam uma cerveja magistralmente gelada.

Foi um bom passeio. Passado um bocado chegou o Arian que vinha a casa depois de ir ao médico e antes de regressar ao trabalho.

Fiquei por casa a relaxar. Ao jantar o Brendon preparou uma deliciosa refeição de feijão branco com frango. Estava mesmo bom. Bebemos umas cervejas, ficámos a conversar até relativamente tarde mas dava para perceber que os meus amigos estavam super cansados, e por isso encerrei o momento. No dia seguinte, que era um Sábado, iriam sair da cidade, passar o fim-de-semana com amigos nas montanhas. Felizmente deixaram-me ficar em casa até precisar com instruções precisas de como fechar a porta.

Foi um bom dia, este último na República Dominicana.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui