[p-entrevista]Houve algum momento de quebra, o momento em que te arrependes de o fazer ou em que te passa pela cabeça desistir?[/p-entrevista][r-entrevista]Houve muuuuuuitos momentos em que quis desistir, claro! Nem sempre gostas de olhar para os teus problemas. Mesmo eu comecei a sentir a falta de companhia e de conversas e eu normalmente sou muito boa a estar sozinha. Além disso houve três instantes principais de “Eu aprendi a lição” e “Mudar agora?” “Novo agora?”. Mas havia aquele objectivo, eu tinha prometido a mim mesma que o atingia, que o seguia enquanto me sentisse incomodada e o meu coração continuasse a bater por Portugal. Essa é uma continuidade que podes só conseguir vivendo os teus sonhos. Literalmente, ah ah.
Mas nunca houve arrependimento. Arrependimento é a ausência de estar presente e consciente. E caminhar não é assim. Eu vivi. Eu não me arrependi.[/r-entrevista]
[p-entrevista]O momento mais difícil e o mais agradável de toda a viagem?[/p-entrevista] [r-entrevista]
Não tenho a certeza se esse tipo de questões se encaixa a este tipo de viagem mais intensa. Tenho pelo menos a certeza de que me diverti muito, caminhando sozinha, a cantar e a brincar comigo mesma, com novos amigos e alguns acontecimentos engraçados. A maior parte das vezes lembro-me de mim a fazer duas coisas: suar e estar contente e rir-me muito. Portanto, a viagem toda foi cheia de momentos agradáveis, um a seguir ao outro! O que pode acontecer bastantes vezes em qualquer tipo de situação. Muitas vezes eu acho: Humor é a dádiva de ouro da vida para além da paciência e da persistência. Ajuda-te a alcançares tudo o que quiseres.
Muitas coisas também foram difíceis. Mas lembro-me dum sentimento de ter dificuldades comigo mesma, quando aconteceu estar no centro duma enorme tempestade que tinha morto 9 pessoas no dia anterior e eu não sabia de nada e estava numa situação e numa localização bastante más.
Ali estava eu, a segurar a minha cadela e as minhas orelhas, sempre a pensar respira e respira e respira…..e deixa passar. Mas disse: Não! Desta vez não.Desta vez não vou deixar passar, VOU CONTINUAR.Vou continuar a fazer isto, vou terminar a minha viagem.Vou pegar nas minhas coisas, encontrar as minhas pessoas, animais e família.Vou viver a minha vida. VOU CONTINUAR. E num primeiro momento foi difícil debater-me com o poder puro da natureza e da vida, uivando e gemendo sobre as nossas cabeças e abanando a lona. Uma tempestade de raios e trovões vinda do sul como eu nunca tinha visto antes sobre alguém.
Mas depois percebi, que a dificuldade veio do profundo, enorme silêncio e força do meu coração, que se tornava cada vez mais calmo. Para sentires a tua intensidade, a força mental pode fazer-te sentir difícil no momento em que te agarras ao medo, porque o medo é certo e normal. Mas depois aprendes a deixar acontecer. E deixas passar. Acontece. E passa. Sabê-lo e fazê-lo em tal situação faz a diferença. Dificuldade é uma percepção, assim como a alegria total o é.[/r-entrevista]
[p-entrevista]Agora, importas-te de nos dar uma palavra com o conhecimento da tua companhia de viagem?…Antes de mais, aqui entre nós, como é que descreves a sua personalidade, o seu carácter?[/p-entrevista] [r-entrevista]
Algumas pessoas só me convidavam porque tenho a minha cadela e por causa do seu aspecto frágil e querido e calmo.Outros fizeram o oposto por causa da minha companhia. A maior parte das pessoas pensou, é bom, que eu tenha um cão, porque pode proteger-me! – Mas, sinceramente, ela não me protegeria de nada. Talvez de alguns pássaros pequenos ou de ratos.
Eu carreguei-a ao longo da maior parte dos prados que tinham vacas, porque elas gostavam de persegui-la e ela não voltava a entrar nesses sítios. Ela foge de cabras e ovelhas, de outros cães e adora o cheiro a homens bêbedos e fumadores. Uma vez tive uma intoxicação alimentar e fiquei a descansar na casa de uma família perto de Berna na Suíça. Eles tinham um gatinho, esse é que corria atrás da minha cadela o dia todo!
Por isso, qualquer pessoa pode dizer que a personalidade dela é introvertida e tímida para com qualquer animal que não comece a correr imediatamente. Mas ela também ganhou confiança e rosnou e ladrou a estranhos no momento em que encontrávamos família ou alojamento para a noite. Ela sabia sempre. E aquele ladrar pequenino, que ninguém conseguia ouvir de início, tornou-se num verdadeiro ladrar depois de vários meses! A cadela tipo gato do género “consigo fazer tudo melhor sozinha”. E ela é completamente abusiva com atenção e alegria. As pessoas nunca acreditavam em mim, quando viam na sua frente uma cadela amorosa e saltitante a abanar a cauda, até eu lhes dizer para se afastarem da comida dois passos e verem a cadela virar-se e ir para longe sem o mínimo de afecto. Honestamente, como ela não é aquilo que se conhece como “cão normal”, juntas desta forma ambas aprendemos muito e tornámos a mudança possível para esta cadela velha com cerca de 10 anos de idade.[/r-entrevista]
viagem incrivel, a pe, tem que se ter muita forca de vontade, parabens.