Este volume faz parte de uma série de compilações dedicadas a países e cidades tradicionalmente turísticos e o seu formato assenta na selecção de textos mais ou menos relacionados com os locais, extraidos de obras de autores diversos. Conhecem as Selecções do Reader’s Digest? É uma coisa assim, mas em formato de livro e com um fio condutor.
Teoricamente seria a leitura ideal para quem gosta de ler um pouco sobre os destinos que visita, isto é, para além dos emblemáticos guias de viagem. E por mim falo. Tento sempre pegar em livros de autores locais, beber um pouco da cultura através das linhas de umas quantas obras a que consiga deitar a mão. Mas por vezes o tempo aperta, seja pelas exigências das nossas vidas locais, seja pelo apertado intervalo entre viagens. E é nessas alturas que uma colectânea como as que se encontram na série Traveler’s Tales pode ser útil.
O problema é que o que funciona na teoria pode falhar na práctica. Há muitos leitores que se são bem com estas amálgamas de estilos e de orientações literárias, mas pessoalmente tenho dificuldades a lidar com a salada. Vamos lá ver, parece indiscutível que todos nós temos preferências distintas. O livro Y pode agradar aquela pessoa e me matar de ócio. Posso adorar a obra X e o meu vizinho do lado simplesmente detestá-la. Agora, no que me toca, já se está a ver no que resultam estes livros feitos de retalhos. A composição é feita ao gosto do coordenador, e, incluindo dezenas de recortes, é apenas natural que uma boa parte deles não me toquem ou até me aborreçam de morte. Quer pela temática que considero desajustada, quer pelo estilo de escrita do autor. É por isso que esfolheamos um livro antes de comprar, não é? Para ler umas passagens, medir a compatibilidade de quem o escreveu com o gosto de quem considera lê-lo. Pronto, é isto. A coisada das colectâneas comigo não funciona. Dou por mim a passar páginas enquanto me interrogo porque é que estou a gastar tempo a ler algo que naquele momento não me interessa de todo, ansioso por chegar ao capítulo seguinte que, espero, me tocará de forma mais positiva.
Passando dos problemas da generalidade para os mais específicos, achei muito perturbante, para a qualidade da leitura, as constantes citações de autores dentro daquilo que, por assim dizer, já é uma longa citação de um autor. Ou seja, cada capítulo tem, metidos pelo meio do texto, parágrafos de outras obras. Não funciona nada bem. Se não se tratasse de uma colectânea de textos talvez fosse uma ideia louvável. Assim, é um travão para o fio de leitura. Já basta os capítulos serem pequenos – uns mais que outros – e, ainda nos estamos a focar no estilo do novo autor e logo estamos a ser interrompidos com uma frase ou um parágrafo que parecem saltar para ali vindos do nada.
Em suma, uma leitura falhada, marginalmente salva por uns quantos apontamentos interessantes que se revelam pouco sumo para as horas dispendidas com este livro nas mãos. Lição aprendida, no futuro os Traveler’s Tales ficarão fora das escolhas.