Não há muita gente que já tenha ouvido falar em Tetebatu. É uma aldeia, na ilha indonésia de Lombok, mesmo ao lado de Bali. Chegar lá não é especialmente fácil, mas não também não é uma missão de outro mundo. No Verão, as coisas até são simples. Há mercado, mais turistas, e as empresas de transfers oferecem transportes para lá a partir dos pontos mais concorridos da ilha. Já na época baixa, só mesmo comprando dois bilhetes, o número mínimo para a empresa enviar uma carrinha até lá, e mesmo assim terá que procurar uma que o faça.

E porque é que este local é especial? Porque é daqueles sítios que concilia turismo com um ambiente genuíno, onde se pode andar sem se ser olhado como um extra-terrestre mas também sem dar com uma loja de recordações a cada esquina, com mais estrangeiros por todo o lado, enfim, com todos aqueles sinais de globalização e turismo de massas. Além disso existem várias negócios de hospedagem locais onde o viajante consegue ter experiências muito interessantes.

Ali na aldeia não há muito a fazer. Só usufruir dos sorrisos abertos das pessoas que sem estranharem já a presença de estrangeiros, ainda os recebem como visitantes desejados. Umas quantas lojas, um par de mesquitas. Uma, talvez duas escolas. E arrozais, campos de arroz sem fim, plataformas afundadas tingidas de um verde imenso, quase todos propriedades familiares, para uma agricultura de subsistências.

Depois, em se querendo, e por um preço justo há os passeios que se fazem. Uma boa caminhada com um total de 13 km leva-nos da aldeia através dos arrozais. O nosso anfitrião e guia explica-nos tudo sobre o processo da cultura do arroz. Mostra-nos, apresenta-nos às pessoas, brinca com os miúdos que correm atrás dos pequenos peixes que descem o riacho. Subimos encostas, seguindo trilhos misteriosos, atravessamos aldeias menores.

Por fim chegamos à floresta onde se encontram macacos, muitos, nas suas aventuras arbóreas, alguns mesmo andando pelo chão, na sua eterna procura de alimentos. É um ambiente mágico. E também o ponto mais afastado onde se chega neste passeio. Dali regressamos, não sem antes pararmos numa queda de água onde só se chega à Indiana Jones, com água pela cintura, ribeira abaixo, por vezes subindo a rochas que bloqueiam a passagem.

Em Tetebatu quando não se anda em aventuras pelo campo ou pela pequena cidade nas imediações, está-se em casa, convivendo com os anfitriões, tomando refeições com eles, no chão, como é costume por ali. Comida de qualidade, biológica, como se diz agora. E ao serão, há sempre mais conversa, uma guitarra, música, um ambiente de “em volta da fogueira”, mas sem fogueira.

As três noites em Tetebatu foram um dos pontos mais altos da viagem de três meses pela Ásia (Janeiro-Março 2017), na companhia de um amigo de circunstância, um egípcio, que conheci em Yoggiakarta e reencontre por mero acaso em Mangsit, e que aceitou o meu desafio de deixar de ir às Gili para se ir meter comigo neste meio de nenhures que é Tetebatu. Acho que gostou tanto como eu. Ficámos no Homestay Green Haven, que se recomenda.

 

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