No segundo dia em Queretaro urgia encontrar outro local para dormir e a solução não estava longe. Ao virar da esquina entrámos no hotel El Serafin e perguntámos se tinham quartos para aquele dia e se podíamos ver. O senhor foi de uma simpatia que fez esquecer os problemas com os outros dois estabelecimentos de Queretaro. Mostrou sim senhora e logo ficou combinada a estadia. Agora era ir buscar as mochilas e voltar para ocupar o quarto. Coisa que apesar de ainda ser de manhã não representou problema.
Passámos o resto do dia a conhecer um pouco melhor a cidade. Visitámos o Museo Casa de La Zacateña, um espaço muito interessante, com divisões a recriar o ambiente de finais do século XIX. As visitas são semi guiadas. Apesar dos visitantes serem deixados com espaço para explorar a seu gosto e tirar fotos, há jovens que providenciam uma explicação básica e que estão disponíveis para esclarecer qualquer questão.
Conversei um bom bocado com a menina que nos calhou em sortes, provavelmente uma licenciada em História. Tinha algumas perguntas, não só sobre a exposição mas também sobre a história da região e sobre a cidade. Uma conversa muito fértil. Saímos do museu satisfeitos com a visita e com uma mão cheia de informação preciosa.
Graças às dicas, subimos a rua até ao topo, onde encontrámos uma praça com estatuária, um convento e alguns edifícios históricos. Seria possível visitar o convento. Hesitei mas decidi não o fazer. Já estavam bastantes visitantes para entrar e ia pagar bilhete… olha, não.
Continuámos o passeio, ainda seguindo as indicações da nossa amiga do museu, até chegar ao miradouro de los Arcos, onde segundo ela se reuniam muitos dos jovens de Queretaro (inclusive ela própria e os amigos). Dali tem-se uma excelente vista sobre alguns dos bairros mais modernos e sobre o aqueduto. Toda aquela parte da cidade foi devastada pela guerra civil e num muro próximo vê-se uma abertura que foi feita pelos sitiantes do certo de Queretaro que por ali entraram e com isso se ditou o fim do regime imperial e a execução de Maximiliano I do México.
Ali próximo há uma espécie de panteão ou um jardim de estátuas de grandes personalidades. Não cheguei a perceber bem.
Agora era voltar para trás e, quase defronte do museu que visitámos, almoçar. Um sítio simpático com boa comida e uma menina simpática.
Depois fomos até casa descansar um pouco. O dia estava a render bem e ainda traria muito mais.
A meio da tarde tornámos a sair. O destino era a estação de comboios de Queretaro e para lá chegar chamámos um Uber. O trânsito engrossava, a hora de ponta anunciava-se.
Chegámos. Esta estação tem uma particularidade: foi construída tendo como inspiração a estação de comboios característica em Inglaterra no século XIX. Manteve-se em uso até há relativamente pouco tempo e os carris estão ainda activos, sendo a linha usada para o transporte de mercadorias.
Foi renovada e é actualmente um museu, um espaço de eventos e de manifestações culturais. Como museu não posso recomendar, não tem basicamente nada para ver para além do próprio edifício. Mas a visita vale a pena, pela atmosfera e pela história.
Dali regressámos a pé e foi um rico passeio, por ruas insuspeitamente bonitas, ladeadas de casas antigas, pinturas vivas, igrejas escondidas, piso empedrado.
E como o dia estava destinado a ser verdadeiramente cansativo, fomos até fora do centro histórico, ao moderno centro comercial que ali se encontra. Estava com desejos de grávida para comer um blizzard de banana e morango do Dairy Queen… e lá havia.
Foi também agradável. Blizzard comido sentado na área de restaurantes do shopping enquanto me entretinha a observar pessoas, a ver aquela classe média sólida que frequentava o local.
Por fim, o regresso, já com o cair da noite, e mais surpresas. Novas ruas, a iluminação que se acenda, o ambiente genuíno de uma cidade que se agita nas suas rotações máximas.
Foi um dia agradável. Queretaro não foi o meu lugar favorito no México mas esteve bem acima da média. Foi um prazer regressar ao simpático quarto.