22 de Maio de 2024

Este era o dia em que no meu plano conduzia mais de 400 km e chegava ao parque de campismo de Hoba, à beira do Fish River Canyon. O segundo maior do mundo, a seguir ao Grande Canyon nos EUA. Uma paisagem impressionante. Mas não. Estou cansado. Vou deixar passar a oportunidade e ficar sem fazer nada em Luderitz. Depois, as estradas para aqueles lados são más. Segundo rezam os blogs de viagem. Não tanto até chegar ao camping,  mas de lá até aos miradouros de onde se observam o canyon. E lidar com furos nesta fase da viagem é algo que prefiro mesmo evitar, ou pelo menos reduzir riscos.

Por outro lado, ficando hoje em Luderitz, terei basicamente só asfalto até entregar o carro, dentro de dois dias. É o melhor, é o que a minha consciência diz para fazer, é o que me dá conforto. E assim será.

E foi assim um dia de preguiça. De manhã, ficar na cama até não poder mais. Um verdadeiro luxo!

Por volta do meio dia pegar no carro e ir até ao centro. Hoje está menos calor, apetece mais andar por ali. Descubro novos edifícios históricos, observo o pequeno complexo da marina. Espaços agradáveis, desenhados para a comunidade, bem mantidos e aproveitados pelos cidadãos.

O mar está azul bem azulão e isso reflecte-se em toda a cidade. Descubro o The Portuguese Fisherman, um restaurante português em Luderitz. Ouço a nossa língua vinda de uma das mesas. Não me apetece. Tenho tempo para restaurantes portugueses, para ouvir e falar português. Ao lado, literalmente, o Museu de Luderitz. Aberto entre as 15 e as 17. Para mais tarde então.

Mais um passeio, mais casas históricas. Decididamente gosto desta localidade. Não gostaria de viver neste país de grandes extensões e pouca gente. Não é a minha natureza. Mas se uma entidade superior me condenasse à vida na Namíbia deixando-me a escolha do lugar, então seria aqui mesmo, não na capital nem na cosmopolita Walvis Bay e Swakopmund. Em pequena escala há aqui tudo o que existe nesses outros lugares com mais vantagens: o oceano, a pureza do ar, a frescura, a segurança, o vibe humano, uns quantos bons restaurantes e outros tantos agradáveis cafés. O único senão não o experimentei: dizem que quando o vento chega é arrasador, deprimente, sopra durante dias, semanas, por vezes, forte, sempre forte.

Almoço no excelente Essenzeit, um restaurante com vista para a enseada de Luderitz. Serviço de elevada qualidade, um belo bife com excelente batata frita, molho de pimenta, um sumo de guava e uma boa taça de gelado para a sobremesa. Cerca de 15 Euros.

Depois, indo com calma, já era tempo de ir ao museu. É uma sala simples, vigiada por uma namibiana alemã, com uma exposição que não seria montada de forma diferente há cinquenta anos… se calhar porque o foi, e assim se mantém até hoje. A entrada custa 30 Dólares namibianos. Vale o dinheiro. Gostei especialmente da colecção de fotografias antigas cobrindo muitos aspectos do passado da cidade.

Terminada a visita, mais um pouco de exploração do centro histórico. Parece haver sempre uma nova casa para ser descoberta. Mas estou cansado. O dia era suposto ser descanso. Quero regressar a casa.

Vou ficar na ronha, sair apenas para ver o por do sol, ao fim da rua. Abasteço o carro com gasolina, olho pela última vez esta cidade que me encantou. Os dias da Namíbia estão a chegar ao fim. Será amanhã e depois o regresso. Uma viagem marcante, positiva, sempre positiva.

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