Há sempre malta a preparar uma viagem por um ou mais dos países daquela região a que se pode chamar Sudeste Asiático ou, à moda francesa, Indochina, e que compreende mais ou menos Myanmar, Malásia, Tailândia, Cambodja, Laos e Vietname. Ora uma das questões recorrentes é, onde ficar. Quais as melhores opções de alojamento. Neste pequeno artigo pretendo oferecer os frutos da minha experiência e nada mais. Não será certamente um tratado sobre a procura de alojamento naqueles países e só terá interesse para os que gostam de viajar de mochilinha nas costas dormindo em hósteis e equivalentes. De notar que nesta região um hostel não se limita aos quartos comuns como sucede na Europa e noutras partes do mundo.
Tailândia – Bangkok
Depois de alguma pesquisa decidi-me pelo Baan Nampetch Hostel. Tirando os esquisitinhos do costume, as reviews eram globalmente boas no seu registo no Hostelworld.com. O problema quase unanimemente apontado era a dificuldade em o encontrar. E apesar de estudar com cuidado a imagem de satélite no Google Earth e de levar as coordenadas no GPS, também me vi em problemas para dar com aquilo. Mesmo com a super simpática ajuda de várias pessoas do bairro que acorreram em meu auxílio bem à maneira das gentes de Bangkok.
A comunicação prévia por e-mail foi fluida e eficiente… tinha pedido um quarto com janelas, por um valor extra, uma vez que muitos dos quartos são interiores. Depois do trabalho para encontrar o hostel, correu tudo bem. Tinha-me cortado num prego ferrugento mesmo antes de chegar e logo me deram desinfectante e uma ligadura e a minha mão ficou um brinco. Este hostel tem uma característica: sapatos ficam à porta. Os quartos são draconianos, dorme-se num colchão – que achei confortável – e o imobiliário é quase inexistente. Mas tem ar condicionado! Casas de banho partilhadas, mas nunca tive que esperar por ninguém. Tudo impecavelmente limpo, com muito bom aspecto.
O pequeno-almoço, simples, está incluído. Paguei 17 Eur por noite por duas pessoas. O pessoal não era especialmente simpático mas também não era rude. Até me facilitaram uma cena na última noite, guardaram as mochilas e abriram a porta a uma hora para além do que está previsto para desenrascar.
O que é mesmo bom aqui? Duas coisas: o terraço. Completamente maravilhoso. O ideal para relaxar depois de um dia de canseira pela cidade. Cheio de almofadas, almofadões e outras que tal. Só visto. Para já deixo imagens. A localização: isto é sempre assim, não há duas pessoas iguais, mas para mim esta é a melhor localização possível em Bangkok. Central mas sossegada, num bairro habituado a estrangeiros mas com o seu ritmo muito local e muito castiço. A pé chega-se ao barco que depois sobe o rio deixando-nos perto de todos os locais mais procurados pelos estrangeiros, mas vai-se igualmente a muitos locais de interesse. Nas imediações há centos de restaurantes, supermercados, tudo o que se possa comprar, e o centro da noite e do serão de Bangkok – Khao San – fica a 10 minutos a pé. Adorei sentar-me num banquinho na mercearia local da esquina a beber uma bebidinha gelada, ver o altarzinho budista mesmo ao lado.
Ah!… As reviews no Trip Advisor são também bastante boas, com uma média de 4,5.
Laos – Vientiene
Aqui posso apenas dizer uma coisa: não escolham uma espelunca chamada Haysoke Guesthouse. E acreditem, para eu chamar “espelunca” a um hostel é preciso bastante. O piso térreo tem um aspecto fabuloso, albergando um café agradável. O resto é do pior. O pessoal é arrogante e desonesto e dali para cima só piora. A única vez que deixei uma review negativa depois de pernoitar num estabelecimento.
Hanói – Vietname
Este foi fácil. Encontrei logo o B&B Hanoi Hostel. Foi só ir ao Booking.com e começar a ver por popularidade dentro do preço budget que me interessava. As reviews eram empolgantes e todos falavam deste tal Tony, o gerente, que era uma maravilha. Marquei logo. Paguei 20 Eur por um quarto para dois, desta vez com casa de banho privada, en suite. Com pequeno-almoço simples incluído.
Maravilhoso. Assim que chegámos o tal Tony fez-nos logo sentir em casa. Chá servido, cortesia da casa, uma boa conversa, antes de nos mostrarem o quarto, no último andar, com elevador. Gostei de tudo. Ar condicionado, claro, TV (não é que use, mas há que considerar para o valor do quarto), mini-frigorifico, espaço, casa de banho impecável. E a localização, oh que maravilha… mesmo no centro de Hánoi, não podia ser melhor!
Passei uns belos dias na capital vietnamita e sempre gostei de regressar ao hostel, dos dois dedos de conversa com o Tony, da extrema amabilidade de todo o pessoal, de todo mesmo. Aliás, assim que reservei, passado uns segundos, tinha logo um e-mail de boas-vindas oferecendo qualquer conselho que necessitasse.
O Tony comprou-nos, com a devida e justa comissão, os bilhetes de comboio, vários, para atravessarmos o país. E para quem procura tours e coisas assim, este é o vosso homem. Honesto, prestável, esclarecido.
Em Hánoi apanhei uma gripalhada forte – de que vão ouvir falar mais à frente – e no último dia, já muito abatido, o Tony deixou-nos ficar até mais tarde no quarto e mesmo assim, deixou-nos ficar na recepção até ao serão, quando o comboio para o sul partia. Sabendo da minha maleita saiu e voltou com um spray que dizia fazer maravilhas. Não fez, mas ficou a intenção e o gesto.
Pelo Tony, pela relação preço-qualidade, pela localização, só posso recomendar vivamente este local. Se dúvidas ainda existirem deverão ser dissipadas com as reviews no Trip Advisor.
Hue – Vietname
Chegámos a Hue os dois mais mortos que vivos, com uma gripe brutal. Da estação de comboio, táxi para o Tigon Hostel. Foi apenas uma noite. A única coisa a destacar foi a imensa generosidade e simpatia do pessoa. Sabendo que só podíamos fazer check in depois das 14 horas aparecemos lá a meio da manhã. Assim que viram o nosso estado as meninas da recepção atarefaram-se a fazer-nos a vida fácil. Veio logo o chá e pelo walkie-talkie disseram ao pessoal da limpeza para tratar já do nosso quarto. Passada meia-hora estava na caminha. Fabuloso! Só por isto dá-me vontade de recomenda o hostel.
O quarto, como sempre, tinha ar condicionado e casa de banho privada. Impecáveis condições de higiene. Localização aceitável. O pequeno-almoço foi um festim imenso!
Hoi An – Vietname
Foi em Hoi An fiquei mais tempo. Não costumo entrar nestas coisas, mas como estava doente providenciei que do hostel mandassem um carro à estação de Danang a recolher-nos. Correu tudo bem, um preço justo. Ao chegar fiquei em choque. Pelo que estava a ver aquilo parecia uma espécie de Albufeira: ruas e ruas de hoteis e hosteis e turistas estrangeiros por todo o lado, lojas de recordações a cada esquina. Felizmente era algo muito localizado, mas naquele momento ainda não sabia.
O hostel chamava-se Hoa Binh Hotel e paguei 17 Eur por quarto de casal com ar condicionado e casa de banho. Algo de extraordinário, este hostel tem uma piscina interior o que é excelente, não só por poder ser usada mas porque dá um excelente ambiente.
As meninas da recepção estavam super ocupadas mas também super simpáticas. Aliás, estabeleci uma boa ligação com elas. Não é de surpreender. Os meninos backpackers que andam pela região, ou pelo menos a generalidade deles, tratam os empregados locais abaixo de cão. Eu não, e sem fazer por isso, a recompensa vem a cada dia. Lembro-me de ao me despedir elas me chamarem para me oferecerem garrafas de água geladinhas para a viagem.
O quarto, como todos que experimentei, era limpíssimo, um pouco barulhento, mas nada de especial. A localização era banal, a maioria dos estabelecimentos encontra-se aqui muito perto. Pequeno-almoço excelente, sempre tomado à beira da piscina interior. Comida barata e gostosa. Não é um hostel fabuloso mas por tudo o que acabei de dizer recomendo, e certamente voltaria.
Saigão – Vietname
Foi complicado dar com o Khoi Hostel. Apesar das coordenadas e do mapa, foi preciso a ajuda, veja-se, da recepcionista de outro hotel, que fez uns telefonemas, falou com umas pessoas, e acabou por nos fazer um mapazinho que funcionou às mil maravilhas e lá demos com aquilo. Gente muito porreira. Assim que chegámos, enquanto esperavamos pelo quarto, veio logo uma senhora mais velhota trazer um lanchinho. Era o pequeno-almoço normal, mas a que obviamente não teríamos direito.
O quarto era banal, certamente não daria para encantar mas cumpria a sua missão. Espaçoso, com ar condicionado, frigorifico e televisão. Ainda me lembro quando descobri que na TV podia ver o equivalente à nossa Sport Tv e que naquele dia havia grande jogo da liga inglesa… fui lá abaixo, comprei meia dúzia de latas de cerveja geladinhas, pus o frigorifico ao pé da cama, a TV em cima dele e foi uma festa!
Não gostei especialmente de estar neste hostel, mas suspeito que mais por não me ter dado de forma geral bem com Saigão. Não ligámos. Fora isso o hostel estava localizado de forma aceitável, o pessoal era mesmo muito simpático e correu tudo bem. Paguei 10 Eur por noite pelas duas pessoas.
Phnom Penh – Cambodja
Em Phnom Penh ficámos na Velkommen Guesthouse, um estabelecimento de aspecto obscuro, desde a recepção até aos quartos. Mas obscuro ou não, voltaria a ficar nele. Foi barato – 16 Eur por noite pelo quarto duplo – e a localização não poderia ser melhor. Mesmo no centro da capital cambodjana e contudo sossegado. O quarto não tinha espaço para nada, mas tinha tudo o que era necessário (ar condicionado, casa de banho privativa, mini-frigorifico) e era muito sossegado e fresquinho.
Siem Reap – Cambodja
E para terminar em beleza, Siem Reap. Aqui escolhi um alojamento no AirBnB depois de muito hesitar. A oferta é imensa e há muitas opções interessantes. Mas chega aum momento em que é preciso decidir e foi assim… em boa hora! Confesso que tenho dificuldade em encontrar palavras para descrever isto…
O proprietário da casa chamava-se Tony. Ficou de nos ir esperar ao autocarro que chegaria já bem tarde, perto da meia-noite. Se não estivesse lá, seria uma noite ao relento, provavelmente. Mas estava. Com um cartaz com o meu nome. O Tony é um senhor de postura muito nobre, com uns 60 e tal anos. Tinha um alto jeep estacionado. Foi-nos falando de Siem Reap no caminho para casa. E que casa. Um paraíso! Na realidade estou convencido que o Tony está nisto apenas pelo gosto de conhecer pessoas, de ir falando com gente diferente, de mostrar a sua cultura e a sua terra. Só pode. Comparado com todos os belos hosteis em que tinhamos ficado, isto foi um enorme luxo.
A casa é uma vivenda a sério, com um jardim maravilhoso repleto de árvores de frutos tropicais que o Tony faz todo o gosto em explicar detalhadamente. Todos os dias, ao chegarmos a casa exaustos, a esposa do Tony servia-nos um chá gelado naquele jardim, por vezes com uma papaya já arranjadinha e pronta a comer. Mimos!
Mas a chegada foi monumental. Uma breve explicação das coisas, a promessa que no dia seguinte falaríamos melhor, e ficámos naquela suite de sonho… sobre a cama espalharam pétalas de rosa… a casa de banho era luxuosa, com dois duches paralelos, tudo com grande asseio, bom gosto e qualidade. Até havia lenços khmers para usarmos se o desejássemos (por esta altura já tinha o meu próprio lenço). O mini-frigorifico estava recheado de bebidas frescas – oferta da casa – e a Internet funcionava que nem um brinco.
O Tony confirmou por telefone com o meu condutor de TukTuk que estava tudo OK para amanhã, convidou-nos a usar a sua extensa biblioteca sobre Angkor e até selos e postais para oferecer aos seus convidados ele tinha lá!
A localização poderia ser melhor em termos de Siem Reap. Fica a cerca de 2 ou 3 km do centro, mas como se anda sempre com o pessoal dos TukTuk acaba por não fazer grande diferença… geralmente depois de visitar os templos ficavamos na cidade, e apenas tinhamos que fazer aquele bocadinho a pé, o que não custava nada e era até giro.
As 84 reviews com nota máxima dizem tudo sobre a qualidade deste alojamento. Resta dizer que existem 84 reviews no total. Pode ver aqui a Nida Villa no AirBnB. Paguei… 17 Eur (!!!) por noite por duas pessoas. OK, sem pequeno-almoço.
Por fim, queria pedir-lhe para, caso tenha encontrado aqui informação útil, usar o meu link para o Booking.com na hora de reservar. Para si é igual e sempre ganho uma pequena comissão: entrar no Booking.com por aqui para fazer reservas. Quanto ao AirBnB, Se algum dos meus amigos usar o seguinte link e se inscrever, a primeira vez que usar alguma propriedade do AirBnB nas suas viagens, ganharei um crédito de 19 Eur, se se um dia vier a alugar algo seu, o crédito será de 57 Eur (claro que uma vez inscrito pode fazer a mesma divulgação e beneficiar do crédito que tem um limite de €76.
Link para inscrição no AirBnB segundo o descrito no anterior parágrafo.