As Pequenas Rotas e a PR 6 LLE

A PR 6 LLE (Pequena Rota número 6 do concelho de Loulé) é uma das dezassete criadas e mantidas pela autarquia.

É circular, o que dá sempre bastante jeito, e tem uma extensão de 9,3 km. Note-se que o terreno na área é acidentado e independentemente do sentido em que se caminhar haverá sempre subidas consideráveis.

O mais recomendável para a maioria das pessoas será deixar o carro no ponto mais baixo, junto à entrada do lugar de Pé do Coelho, e fazer a caminhada no sentido dos ponteiros do relógio. Dessa forma a ascensão será mais prolongada mas ao mesmo tempo mais suave. Se optar pelo sentido oposto a subida será dura.

O painel informativo do PR 6 LLE no Pé do Coelho

 

De Pé do Coelho a Corte Bucho

Ao parar o carro à entrada do lugar de Pé do Coelho encontrará um painel informativo dedicado ao PR6 LLE, contendo o que de resto se pode ver no documento em formato PDF disponibilizado pela Câmara Municipal de Loulé.

Ali existe um edifício onde funcionou um café, hoje encerrado e abandonado, onde se pode ainda imaginar a vida de outros tempos, quando clientes entravam e saíam, motorizadas à porta, medronhos e minis a sair, patuscadas e grelhados a fumegar no exterior. Teria um nome, mas já não é visível na placa debotada por anos de sol. Ali viveram sonhos e ali ficou o enterrado o passado para quem lhe deu vida.

Velho aparato de rega

Deixando este traço de outros tempos para trás entramos na pequena aldeia – se tanto se lhe puder chamar – onde há vestígios de vida mas onde a presença humana parece reduzida a fantasmas intuídos por pequenos sinais: uma linha de roupa a secar ao sol, uma voz que chega até nós, uma viatura estacionada.

Para quem vem de fora é uma oportunidade de contactar com uma realidade menos bonita desta (e de tantas outras) região: a desertificação dos espaços rurais, o manto de solidão que se abate sobre os mais velhos, pessoas de mobilidade reduzida, deixadas para trás. É um retrato do Portugal interior onde se pode ainda imaginar a vida fervilhante de outros tempos.

Aqui a acolá uma ruína. Talvez casas de outras épocas, talvez meras estruturas de apoio à actividade agrícola. Para trás fica um poço com uma velha nora enferrujada sobre a sua estrutura. Aos poucos os sinais de presença humana vão escasseando e em breve apenas o estradão nos liga à civilização.

E mais uma travessia…

Vamos atravessar por diversas vezes a ribeira de Paderne, o que poderá forçar a um descalçar e a um arregaçar de calças, pelo menos num dos pontos.

O caminho liga a estrada principal e o Pé do Coelho a uma aldeia de nome Corte do Bucho. É para lá que nos dirigimos e será à sua entrada que se iniciará a subida para o Malhão.

A Subir para o Malhão

De Corte Bucho ficará apenas uma percepção, já que se trata de uma povoação de casario disperso que apenas afloraremos antes de virar a nascente para enfrentar a subida de dois quilómetros e meio até ao topo do Malhão. Será uma ascensão longa mas não especialmente acentuada.

É neste troço que nos apercebemos que fazer este passeio num dia de fraca visibilidade anulará uma parte significativa do seu valor: as vistas para a serra do Caldeirão são magníficas, podendo distinguir-se, relativamente perto, a Rocha da Pena e, mais ao longe, a silhueta da serra de Monchique.

À entrada de Corte Bucho

Este pedaço do percurso faz-se muito bem com temperaturas amenas e num dia de sol de inverno é verdadeiramente magnífico. O verde rodeia-nos e o ar puro da serra tonifica-nos. Podem aqui colher-se algumas azedas, aquelas flores amarelas de folha em forma de trevo e caule suculento e muito alimentício.

Malhão: No Tecto do Algarve

Há no Algarve uma vasta faixa montanhosa bem servida de pontos elevados que oferecem grandes vistas e o Malhão é um destes locais. Quem atravessa a serra, viajando do Algarve para norte, encontra aqui o cume, o ponto a partir do qual se inicia a descida para as planícies do Alentejo, que se revelarão uns 10 km mais à frente.

Para quem se aventura a calcorrear a Pequena Rota do Pé do Coelho é o climax. Chegando aqui o mundo parece caber numa mão e tem-se a noção da magnitute da serra algarvia.

A vista perto do Malhão

Toca-se aqui no alcatrão da estrada principal que, saindo de Loulé, chega a Almodôvar e daí ao coração do Alentejo. Uma estrada que gosto de usar quando viajo para norte, pois está em excelentes condições e tem pouco tráfego.

Ali existe um café onde se pode comer qualquer coisa e beber algo fresco, uma possibilidade especialmente interessante se fizer a caminhada num dia de mais calor. Há um pequeno parque de merendas para repousar as pernas e lavar a alma enquanto se comtempla a vastidão da paisagem.

E se dúvidas existissem sobre o valor espiritual do quadro que nos rodeia, o estabelecimento de uma comunidade budista que se agrupou em redor de um antigo moinho de vento ali existente, confirma-o: este é um lugar que potencia a contemplação.

Inicia-se a descida final até ao Pé do Coelho

 

A Descida Final

Agora é chegar ao carro. Parece perto mas o terreno não é fácil e ao descer podemos imaginar o esforço que espera os que optam por fazer caminhada no sentido oposto.

O piso pode ser traiçoeiro, quer em dias de chuva quer com tempo seco, já que o solo está coberto de pedras soltas que facilmente nos farão cair. Muito cuidado e que se usem os bastões de caminhada para aumentar a aderência.

Por outro lado é agora, com a serra pela frente, que podemos apreciar a vista da melhor forma. E é com esta imagem na memória que terminaremos o passeio.

Quando fazer o passeio?

A melhor altura para fazer esta caminhada será na época de inverno ou no início da Primavera ou até mesmo no final do Outono. O que é preciso é que tenha chovido o suficiente para a natureza se encher de verde e para a água correr abundantemente na ribeira.

Por outro lado é também nestas alturas que as temperaturas são mais adequadas à caminhada, longe do calor do verão.

Seja em que altura do ano vier, é vital que o dia tenha boa visibilidade para usufruir em pleno do maior valor do percurso: as vistas para o infinito da serra algarvia.

Ficheiros para o Passeio

Pode puxar do website da Câmara Municipal de Loulé três ficheiros relevantes para este passeio. Em formato GPX e KMZ para utilização em GPS’s e software como o Google Maps ou Google Earth, e um PDF com informação e ficha de percurso.

Se estas ligações não funcionarem, devo poder arranjar os ficheiros a partir do meu arquivo pessoal. É questão de me enviarem uma mensagem.

 

 

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