A noite foi passada de forma confortável. As maravilhas do Couchsurfing. Estávamos a ficar em casa de um casal anfitrião na medina de Tunis. Fruto de um contacto feito há mais de um ano, quando em plena pandemia surgiram uns voos a preços agradáveis. Entretanto o COVID-19 agravou-se, a ideia ficou sem efeito, mas o convite deles tinha ficado.

E foi assim que ao ver outra promoção – não tão agradável mas mesmo assim a preços aceitáveis – comprei. Paguei cerca de 200 Euros, ida e volta, desde Lyon, com a TunisAir. A EasyJet tratou do resto. Partida de Faro, regresso a Lisboa.

Fomos um dia antes. Obrigação de preços e horários. O Ibis do aeroporto Saint-Exupery, Lyon, não foi especialmente barato, mas não me levou à falência. Foi até agradável. Aterrar, sair do terminal, e simplesmente caminhar até ao hotel, com um frio agradável, um frio seco, que me transportou até aos tempos felizes de Praga, onde este sentir térmico é comum.


Depois do check-in fez-se um passeio pelas imediações, para matar tempo, mas foi um esticar de pernas muito agradável, que construiu uma memória doce desta passagem pelo Saint-Exupery.

A TunisAir teve a infeliz ideia de atrasar o voo entre Lyon e Tunis. Entre a opção de esperar longas horas no aeroporto e a de pagar um extra de 20 Euros ao Ibis para adiar o checkout em quatro horas, foi escolhida esta segunda. Foi um bom investimento.

Acho que nunca voei num avião tão mal-tratado, tão usado, tão velho, com tão mau aspecto, como esta coisa da Tunisair. Mas não caiu, é o que importa. E tirando o estado de conservação dos interiores da aeronave e o atraso programado, a Tunisair portou-se bem. Inclusive, serviu uma refeição completa – e nada má – numa pequena viagem de menos de duas horas.

Por causa do atraso já não deu para fazer nada neste primeiro dia, que no plano estava destinado a uma primeira exploração de Tunis. O anfitrião esperava-nos à saída do aeroporto, um acto de generosidade valioso pois não existem transportes públicos viáveis desde o aeroporto.

Chegámos já tarde. A mulher dele esperava-nos. Fomos ainda comprar umas coisas que faltavam para o jantar, seguimos o Wifek pelo emaranhado da medina. Parou num par de locais, fez as suas compras, regressámos a casa. Seguiu-se um jantar régio, com grande abundância de pratos. E o Ramadão ainda nem tinha começado, seria algo para o dia seguinte.

Voltando ao princípio, acordámos. E logo o pequeno-almoço estava pronto, mais um sinal da imensa hospitalidade desta gente. O Wifek iria passear connosco pela medina da Tunis.

Na realidade, sendo um bom dia, não teve grande história. O que se passou foi uma agradável visita guiada. Passámos pelo mercado de rua que todos os dias acontece ali bem próximo da casa do anfitrião. É um mercado longo, enorme, onde se encontram frutas, legumes, especiarias, mercearias. Enfim, o mercado que se esperaria num país de cultura árabe. Os preços são loucamente baixos, acho que nunca estive num sítio onde estas coisas fossem tão baratas, nem mesmo na Índia.

Depois andámos pelas ruelas e vielas da medina. Tentámos visitar algumas casas-museu mas a todas encontrámos encerradas. Inconvenientes de um Domingo de Ramadão. Mas valeu. Vimos detalhes interessantes, entrámos numa mansão abandonada.

Comprar pão num dia como este, como disse, Domingo de Ramadão, é uma odisseia. À porta das padarias que ainda têm algo para vender existem longas filas. Uma vez e outra o Wifek perguntou indicações a pessoas que passavam por nós com as desejadas baguetes. Quando o caso já parecia perdido, lá se conseguiu encontrar uma possibilidade e o pão foi comprado.

Aproveitámos para adquirir uns bolinhos – que se viriam a revelar deliciosos – e já que não estávamos longe fomos à estação de comboios e tratámos logo dos bilhetes para o dia seguinte, para Sousse, com partida às 14:00. Contra o conselho do Wifek, muito céptico sobre o sistema ferroviário tunisino.

Encontrámos um centro cultural aberto, que nos deu a oportunidade de ver por dentro uma antiga casa de Tunis. E essa foi a única coisa que conseguimos bisbilhotar por dentro.

Acabámos o passeio com uma caminhada por fora das muralhas, para tornarmos a entrar por outra antiga porta da cidade, passando junto a uma que ficou no centro de uma rotunda. Parámos ainda numa loja para comprar sumos e regressámos a casa para a monumental quebra do jejum de Ramadão.

Depois foi comer e conversar até não poder mais, pelo serão dentro.

 

 

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